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    Locais que guardam a mem�ria dos anos da ditadura militar se perdem em SP

    BERNARDO MELLO FRANCO
    DE S�O PAULO E DE LONDRES

    20/01/2013 20h00

    A torre em que a presidente da Rep�blica ficou presa virou p�. A placa que lembrava a morte do guerrilheiro foi arrancada na calada da noite. O quartel-general da tortura teve as paredes pintadas e reabriu como delegacia.

    Enquanto a Comiss�o da Verdade investiga em Bras�lia os crimes da ditadura militar (1964-85), S�o Paulo v� desaparecer grande parte dos locais que guardam mem�rias da repress�o.

    Um arco de pedra na cal�ada da avenida Tiradentes, perto da entrada do metr�, � o �nico vest�gio do lugar onde ficaram presos cerca de 300 militantes de diversas organiza��es da luta armada.

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    Dilma Rousseff passou quase tr�s anos na ala feminina, conhecida como Torre das Donzelas. Demolida em 73, a pris�o foi tema de livro, mas sua antiga entrada n�o tem sequer uma placa para lembrar o que aconteceu ali.

    Na rua Pio XI, na Lapa, n�o sobrou nem a porta da antiga casa 767, onde tr�s dirigentes do PC do B foram mortos a tiros de metralhadora em 1976. O epis�dio ficou conhecido como Chacina da Lapa.

    A alameda Casa Branca, nos Jardins, chegou a ganhar um monumento no lugar em que a ditadura matou o l�der da ALN (A��o Libertadora Nacional), Carlos Marighella, em 4 de novembro de 1969.

    Ap�s protestos de militares, v�ndalos arrancaram a placa que homenageava o guerrilheiro. Hoje o epis�dio s� � lembrado por estudantes, que volta e meia colam um adesivo com a inscri��o "alameda Marighella" numa das placas da rua.

    Na rua Tut�ia, no Para�so, um antigo QG da tortura segue de p� como delegacia. O pr�dio do 36� DP foi sede da Oban (Opera��o Bandeirante), depois rebatizada de Doi-Codi. L� teriam sido mortos 46 presos pol�ticos, segundo historiadores.

    Ex-presos querem que o edif�cio seja tombado para a constru��o de um memorial, mas o pedido est� parado no Codephaat, o �rg�o estadual de patrim�nio hist�rico.

    "Aquele lugar precisa virar um s�mbolo da luta contra a tortura. Este n�o � um assunto do passado, e sim do presente no Brasil", afirma o pesquisador Ivan Seixas, uma das v�timas da Oban.

    Outros locais associados � repress�o em S�o Paulo ainda permanecem envoltos em mist�rio, como a fazenda 31 de Mar�o, no extremo sul da regi�o metropolitana. Na propriedade, batizada com a data do golpe militar de 1964, funcionou uma base extraoficial da repress�o.

    "At� hoje n�o se sabe quantas pessoas morreram ali", diz a muse�loga Katia Felipini.

    O Memorial da Resist�ncia, que ela coordena, � uma exce��o. Ao ser aberto, em 2002, recuperou a hist�ria da antiga sede do Deops (Departamento Estadual de Ordem Pol�tica e Social), na Luz. No t�rreo, pode-se visitar celas que receberam presos pol�ticos.

    O memorial prepara um mapa da repress�o na capital paulista que j� tem mais de cem locais. A meta � conclui-lo at� o fim de 2014.

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