O governo brasileiro demonstrou "grande abertura em �reas como compartilhamento de informa��es e coopera��o com o governo dos Estados Unidos --a ponto de admitir que pode haver a possibilidade de ataques terroristas" durante a Olimp�ada de 2016, no Rio.

Esse relato consta de um telegrama confidencial de 24 de dezembro do ano passado preparado pela ministra conselheira Lisa Kubiske, da Embaixada dos EUA em Bras�lia.

No despacho, ela relata a seus superiores as oportunidades comerciais e de aproxima��o estrat�gica com o Brasil durante eventos esportivos globais, como a Copa de 2014 e a Olimp�ada.

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Pelo menos uma diplomata brasileira, Vera Alvarez, chefe da Coordena��o-Geral de Interc�mbio e Coopera��o Esportiva do Itamaraty, � citada tamb�m falando sobre o risco de terrorismo no pa�s.

"[Ela] admite que terroristas podem atingir o Brasil por causa da Olimp�ada, uma declara��o pouco usual de um governo que oficialmente acredita que n�o exista terrorismo no Brasil", relata.

Durante a campanha para sediar o evento, o presidente Lula sempre citou como ponto positivo o fato de o Brasil n�o ser alvo de terrorismo.

O documento lido pela Folha com exclusividade faz parte de um lote de centenas de telegramas diplom�ticos norte-americanos que est�o sendo gradualmente divulgados pela organiza��o n�o governamental WikiLeaks. A Folha.com criou uma se��o especial sobre o caso.

O despacho produzido pela Embaixada dos EUA tra�a um hist�rico a respeito da vit�ria do Brasil na disputa para sediar a Olimp�ada.

H� men��o ao uso eleitoral a favor da ent�o pr�-candidata a presidente, Dilma Rousseff. "[O presidente] Lula busca turbinar sua j� alta taxa de aprova��o e ent�o us�-la para ganhar apoio para Dilma Rousseff."

Para a diplomacia dos EUA, apesar de o governo brasileiro admitir reservadamente riscos na seguran�a do pa�s na Olimp�ada, pouco est� sendo feito a respeito. A� abre-se um espa�o para a influ�ncia norte-americana.

"J� h� oportunidades para o governo dos EUA buscar coopera��o a respeito da Olimp�ada, e usar essa coopera��o para ampliar seus objetivos no Brasil, incluindo fornecer mais experi�ncia sobre atividades de contraterrorismo", diz o telegrama.

Mas o tom geral do relato � de desconfian�a. Depois de vencer a disputa para sediar os jogos, diz a diplomata dos EUA, "o risco � que o governo brasileiro escolha relaxar com os louros da vit�ria e n�o comece a planejar".

Quase no final do documento, a norte-americana conclui dizendo que os EUA podem acabar tendo de socorrer o Brasil. "Articular objetivos mais amplos e deixar os detalhes para o �ltimo minuto pode ser o jeito tipicamente brasileiro de fazer as coisas, mas pode resultar em problemas", diz o texto.

"Os atrasos que n�s esperamos do governo do Brasil em planejar e executar trabalhos preparat�rios para que haja sucesso na Copa do Mundo e na Olimp�ada v�o quase com certeza colocar um �nus maior no governo dos EUA para garantir que o padr�o necess�rio seja alcan�ado", continua.

	Editoria de Arte/Folhapress