• Opini�o

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    Jerson Kelman: A Sabesp raciona �gua?

    22/01/2015 02h00

    O consumo de �gua na regi�o metropolitana de S�o Paulo � hoje 25% inferior ao que seria se n�o existisse a crise h�drica. Ou seja, � �bvio que vivemos uma grav�ssima escassez de �gua e a maior parte da popula��o j� reagiu diminuindo o consumo, antes mesmo de ser submetida a alguma restri��o.

    A mudan�a de comportamento quase sempre � motivada pela consci�ncia da necessidade de enfrentar a pior seca da hist�ria, �s vezes refor�ada pelo desejo de aproveitar o b�nus tarif�rio. H� casos em que a mudan�a ocorre compulsoriamente por efeito da diminui��o da press�o nos canos da Sabesp durante algumas horas, o que dificulta que as caixas-d'�gua permane�am sempre cheias.

    Naturalmente, a Sabesp sabe que a redu��o de press�o pode causar transtornos � popula��o. Essa redu��o, por�m, � necess�ria para diminuir o vazamento das tubula��es enterradas no solo. Trata-se de uma medida preventiva para evitar um mal maior, que seria a exaust�o da pouca �gua ainda armazenada nos grandes reservat�rios.

    Para resolver de vez os vazamentos, seria preciso substituir todas as antigas tubula��es. A Sabesp j� est� empenhada na tarefa, que inescapavelmente durar� diversos anos. Para que se tenha ideia da magnitude do desafio, existem cerca de 64 mil quil�metros de tubos enterrados na regi�o metropolitana, o equivalente a uma volta e meia em torno da Terra.

    As redes s�o mantidas por algumas horas em baixa press�o, por�m essa press�o � positiva –isso impede a entrada de �gua do solo nas tubula��es e o consequente risco de contamina��o. Como alternativa, h� quem proponha o racionamento puro e simples, por exemplo por meio de um rod�zio. Nessa hip�tese, a despressuriza��o atingiria toda a rede pelo menos por algumas horas, o que demandaria da Sabesp um monitoramento da qualidade da �gua ainda mais rigoroso.

    Como � senso comum, � medida que a �gua vai se tornando escassa, � preciso utiliz�-la com parcim�nia para que no futuro n�o falte para atendimento �s necessidades mais b�sicas. Por essa raz�o, os intervalos de tempo de press�o reduzida t�m sido estendidos.

    Em breve, a Sabesp disponibilizar� em seu site e nas ag�ncias de atendimento ao consumidor um meio mais r�pido de conhecer o hor�rio de redu��o da press�o para cada local espec�fico.

    Para uma minoria da popula��o (bem menos de 1%), formada em geral pelos que moram em pontos elevados e que n�o possuem caixa-d'�gua, a crise h�drica pode significar longas horas sem �gua nas torneiras. Em casos excepcionais, at� mesmo alguns dias.

    N�o se trata apenas de resid�ncias modestas. Tamb�m h� estabelecimentos de grande porte que n�o t�m caixa-d'�gua, em contradi��o com as normas municipais. A prioridade m�xima da Sabesp � solucionar esses problemas localizados. E assim ser� feito, inclusive por meio da doa��o de caixas-d'�gua para as fam�lias de baixa renda.

    H� tamb�m uma parte significativa da popula��o que ainda n�o est� consciente da gravidade da situa��o e que insiste em n�o mudar de h�bitos. Alguns at� aumentaram o consumo. Esses devem ser convencidos a mudar de comportamento, tanto pela a��o dos familiares como pela dor no bolso causada pela imposi��o da sobretaxa.

    Pode-se descrever essa situa��o como a de um racionamento? Depende. Para quem pertence � minoria que, neste momento, n�o tem �gua em casa, a resposta � certamente positiva.

    Por�m, o termo "racionamento" � usado, em geral, quando se for�a a diminui��o coletiva do consumo por meio da total interrup��o do fornecimento por algumas horas do dia ou quando se imp�em quotas individuais de consumo. N�o � o que a Sabesp tem feito, mas poder� ser for�ada a faz�-lo, se continuar a n�o chover nos lugares certos e nas quantidades necess�rias.

    � evidente que, na crise atual, a Sabesp n�o tem como prestar o servi�o como se a situa��o fosse de normalidade. N�o � sensato brigar com os fatos. Se for necess�rio chamar isso de racionamento, que assim seja. O relevante � impedir que a��es na Justi�a, de prote��o a supostos direitos individuais, atentem contra a seguran�a h�drica de todos.

    JERSON KELMAN, 67, engenheiro civil, � presidente da Sabesp

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