• Mundo

    Thursday, 01-Aug-2024 20:50:23 -03

    Exerc�cio militar russo cria tens�o e deixa pa�ses da Otan em alerta

    IGOR GIELOW
    DE S�O PAULO

    26/08/2017 02h00 - Atualizado �s 17h09

    Em menos de tr�s semanas, a R�ssia de Vladimir Putin come�ar� o mais antecipado exerc�cio militar desde o fim da Guerra Fria. Seu nome em russo d� a senha do burburinho em torno da manobra: Zapad, ou Ocidente.

    Os pa�ses da fronteira oriental da Otan, a alian�a liderada pelos Estados Unidos, est�o em estado de alerta. Pol�nia e Litu�nia dizem temer que as manobras sejam o pren�ncio de a��es contra a Ucr�nia ou os Estados B�lticos, e preveem movimento de at� 100 mil soldados.

    Os russos, por sua vez, descartam a rea��o como histeria e propaganda. Dizem que s� participar�o com 3.000 de 12.700 soldados mobilizados, deixando o grosso das tropas por conta de Belarus, o pa�s onde ocorrer�o as principais simula��es quadrienais.

    O n�mero ro�a os 13 mil previstos para notifica��o e acompanhamento compuls�rio pela Organiza��o para Seguran�a e Coopera��o da Europa, que a R�ssia integra, o que agu�a suspeitas.

    Em 2008, a guerra com a Ge�rgia incluiu tropas usadas num exerc�cio no C�ucaso. Seis anos depois, a Crimeia foi anexada logo ap�s uma mobiliza��o rel�mpago do Distrito Militar Meridional.

    Analistas ouvidos pela Folha veem realidades com matizes distintas. "Os pa�ses do Leste Europeu precisam exagerar o conflito com a R�ssia para conseguir mais ajuda", diz Mikhail Barabanov, editor da publica��o russa "Informe de Defesa de Moscou".

    Desde que o americano Donald Trump cobrou que membros da "obsoleta" Otan atinjam o gasto desej�vel de 2% do PIB em defesa, pa�ses do Leste v�m aumentando o desembolso. E a alian�a ampliou a presen�a nesses locais.

    Desde o ano passado, mais de 4.000 soldados est�o nos b�lticos e na Pol�nia. Bateria antim�ssil que existe na Rom�nia ser� instalada em solo polon�s em 2018. Ca�as aliados patrulham o espa�o a�reo b�ltico, que n�o tem For�as A�reas dignas do nome.

    J� os EUA poder�o deslocar m�sseis Patriot para a Est�nia durante o Zapad-2017.

    "� preciso checar a capacidade operacional das tropas onde h� concentra��o de for�as da Otan. Ela gasta 15 vezes mais que a R�ssia em defesa. � �bvio que o envio dessas tropas amea�a a R�ssia, j� que elas s�o a linha de frente para um deslocamento maior", afirma Barabanov.

    A �rea do B�ltico � nevr�lgica. Em 2016, ca�as ocidentais interceptaram aparelhos russos em 800 ocasi�es, o dobro do que em 2015.

    FANTASMA NUCLEAR

    "Para mim, a R�ssia vem se preparando para guerra com a Otan, incluindo o uso de armas nucleares t�ticas", disse Gary Samore, respons�vel pelo programa de armas de destrui��o em massa da Casa Branca de 2009 a 2013.

    Mas ele cr� que nem Putin nem o Ocidente desejem a guerra. O motivo �bvio: o uso de armas nucleares, no caso de sua frase aquelas de emprego contra tropas ou instala��es de linha de frente.

    Ucr�nia e Ge�rgia eram assediadas pela Otan, mas n�o a integram. J� uma a��o contra pa�ses do Leste pertencentes � alian�a poderia invocar a defesa de um membro.

    "Qualquer guerra escalaria para um conflito nuclear, maci�o, catastr�fico", sustenta Barabanov. Ele diz duvidar, contudo, do relato de que a edi��o 2009 do Zapad acabou com a simula��o da vaporiza��o at�mica de Vars�via.

    "A escalada na Ucr�nia � poss�vel, assim como uma mudan�a de regime e ocupa��o de Belarus", opina o ex-embaixador da Est�nia nos EUA Kalev Stoicescu, do Centro Internacional para Defesa e Seguran�a, de Tallinn.

    Ele insere na equa��o o parceiro da R�ssia no Zapad, que vive um paradoxo. O regime autocr�tico de Alexander Lukashenko � aliado de Putin, mas fez aberturas recentes ao Ocidente que repercutiram mal em Moscou.

    Mesmo que um golpe mais radical n�o ocorra, h� outras hip�teses. A R�ssia j� mant�m ca�as e radares em solo bielorrusso, e h� o temor na Otan de que o Kremlin "deixe para tr�s" equipamento visando a a��es futuras na regi�o.

    Pelo sim, pelo n�o, Lukashenko convidou sete pa�ses da Otan na semana passada como observadores das manobras, restando saber qual acesso eles ter�o realmente.

    Seu pa�s serve de tamp�o entre R�ssia e Otan, e poderia ser ponta de lan�a de uma opera��o para ligar essa �rea ao encrave russo de Kaliningrado, espremido entre Litu�nia, Pol�nia e o mar B�ltico.

    A regi�o possui sistemas de defesa que "fechariam" o espa�o a�reo num raio de 400 km e foguetes Iskander-M, com capacidade nuclear.

    Entre os dias 14 e 20 de setembro ser� conhecida a verdade. A trag�dia temida no Leste parece improv�vel, mas ser� mais um cap�tulo nas tens�es renovadas entre a R�ssia de Putin e o Ocidente.

    Fale com a Reda��o - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024