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    Identidade est� no cerne da crise ucraniana

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A KIEV

    26/01/2014 03h15

    A popula��o ucraniana mant�m, desde a Idade M�dia, o costume de reunir-se em "viche". A palavra eslava, que originalmente se refere a encontros para a tomada de decis�es dif�ceis, tem sido retomada pela oposi��o durante os dias de crise pol�tica.

    O pa�s est� dividido desde que, em novembro, o presidente Viktor Yanukovich reverteu a decis�o de firmar um acordo com a Uni�o Europeia, escolhendo refor�ar os la�os com a vizinha R�ssia.

    Descontentes, manifestantes tomaram a pra�a da Independ�ncia, na capital, e se mant�m ali at� hoje, com um recente aumento da tens�o.

    Na quarta, embates deixaram ao menos cinco mortos, al�m de centenas de feridos. A viol�ncia atraiu mais manifestantes para as barricadas.

    Apesar de as reivindica��es terem sido ampliadas e hoje inclu�rem o pedido de ren�ncia de Yanukovich, est� no centro da inquieta��o ucraniana o debate sobre a identidade do pa�s –historicamente dividido entre a influ�ncia de Europa e R�ssia, em uma delicada linha de cis�o entre ambos os polos.

    "Quero que os meus filhos vivam como europeus", diz � Folha Vladmir Skipo, enquanto incendeia um barril na pra�a da Independ�ncia para se aquecer. "N�o quero a ditadura russa aqui."

    A ideia de que "ser europeu" equivale a mais liberdades individuais � frequentemente repetida por ali, apesar de a sociedade ucraniana ter um perfil conservador, incluindo recentes protestos contr�rios a passeatas gays.

    "A Europa tem liberdade, tem democracia. A R�ssia, n�o. Os russos s�o nossos irm�os, mas n�o na pol�tica", diz Marian Lviv, 27, que veio de Chervonohrad, no oeste do pa�s, para os protestos.

    As manifesta��es foram inicialmente motivadas pela "neurose de ser europeu", segundo Dmitro Ostroushko, do Instituto Gorshenin. "As pessoas querem ser europeias, mesmo sem saber como vivem os europeus."

    Ele nota, por�m, que essa aspira��o n�o � mais a quest�o central em Kiev. Mais do que se opor � ideia de aproximar-se da R�ssia, os manifestantes repudiam a ideia de que o governo possa ter tomado essa decis�o unilateralmente, e n�o em "viche".

    A quest�o da identidade ucraniana, no entanto, � anterior a essa onda de manifesta��es. Para Ostroushko, come�a com o fato de o oeste do pa�s ter adentrado tarde na Uni�o Sovi�tica, ap�s ter estado sob influ�ncia polonesa e h�ngara. "Essa regi�o mant�m o orgulho ucraniano."

    No centro e leste, diz, a popula��o n�o enxerga a R�ssia como "invasora" e n�o faz distin��o entre suas identidades. N�o � toa, os pr�dios p�blicos tomados na Ucr�nia se concentram no oeste.

    Al�m disso, o leste teve um processo mais intenso de industrializa��o, com minas de carv�o. "Ali, os ucranianos t�m uma identidade, de certa maneira, sovi�tica."

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