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    O giro do PSDB no espectro pol�tico e o deslocamento do PT

    CELSO BARROS
    ilustra��o RODRIGO BIVAR

    13/09/2015 02h08

    RESUMO Em r�plica a artigo de Sergio Fausto ("Ilustr�ssima", 2/8 ) autor sustenta que PSDB foi empurrado para longe de sua origem de centro-esquerda. O partido tucano tornou-se o grande civilizador da direita e deu duas vit�rias a uma candidatura liberal, sem candidato maluco, fraude ou golpe, o que era in�dito no pa�s.

    Rodrigo Bivar

    No come�o dos anos 90, discutiam dois c�lebres intelectuais, um tucano, um petista. O tucano perguntou: "Afinal, quando o PT vai admitir que � social-democrata?"; o petista respondeu: "E o PSDB, quando vai admitir que n�o �?". A tens�o entre a social-democracia que n�o ousa dizer seu nome e a social-democracia que s� ousa dizer seu nome � uma das marcas do debate pol�tico brasileiro moderno e voltou ao centro do palco com a crise atual do PT.

    O diretor do Instituto Fernando Henrique Cardoso, Sergio Fausto, publicou em 2 de agosto �ltimo, um importante texto, neste mesmo caderno, propondo que o PSDB volte �s suas origens de centro-esquerda e ocupe o espa�o que o PT est� deixando aberto.

    Ao mesmo tempo, lideran�as mais radicais entre os manifestantes pr�-impeachment declaram que o PSDB n�o � radical o suficiente na oposi��o ao PT (talvez por sua origem na esquerda).

    O pr�prio Sergio Fausto percebe a tens�o: pode haver dificuldades na "sobreposi��o de expectativas" de maior contund�ncia oposicionista e maior coes�o doutrin�ria.

    N�o � muito f�cil para o PSDB executar o movimento proposto por Fausto. Mesmo supondo que o PT perca completa e permanentemente a centro-esquerda, ela n�o se converteria em um espa�o vazio: ainda estariam l� movimentos sociais, intelectuais, al�m de um eleitorado que tem certas convic��es formadas.

    O processo de convers�o desses setores ao PSDB implicaria uma longa reconcilia��o, durante a qual, podemos supor, o PSDB perderia os eleitores que votam nos tucanos por antiesquerdismo. Deve ser dif�cil para um tucano hist�rico ver a centro-esquerda em disputa e n�o poder correr para l�, mas faz�-lo traria riscos consider�veis. N�o sendo tucano e n�o estando disposto a fazer apostas com as fichas dos outros, n�o me cabe dizer se o PSDB deve ou n�o seguir o conselho de Sergio Fausto.

    De qualquer modo, a estrat�gia atual do partido � bem diferente. Parece ser uma reafirma��o de sua lideran�a sobre o conjunto da oposi��o, que se radicalizou desde o ano passado. Cada lado acha que a radicaliza��o come�ou com o outro, e imagino que algu�m tenha raz�o, mas a polariza��o pol�tica aumentou no mundo todo: nos Estados Unidos, na Europa, na Turquia, para n�o falar da Venezuela.

    � razo�vel supor que parte da polariza��o, em todos esses lugares, seja ansiedade pelo fim do ciclo de prosperidade em 2008. As lideran�as pol�ticas precisam lidar com a radicaliza��o da base, pelos desafiantes mais entusiasmados em seu pr�prio campo –e isso nem sempre � f�cil.

    H� nisso tamb�m tens�es entre a elite pol�tica da oposi��o e sua rec�m-descoberta base militante. A falta de traquejo dos tucanos com os manifestantes de mar�o, por vezes sendo arrastados por eles, por vezes tentando ignor�-los, reflete a falta de experi�ncia de rua do partido (que � o outro lado de seu discurso acad�mico afinado). Lembra um pouco a falta de traquejo do PT com seus aliados parlamentares.

    Como tudo na atual crise pol�tica, a nova direita militante pode ser um grande passo no amadurecimento da democracia brasileira, se todos concordarmos em preservar a democracia brasileira. Mas no curto prazo gera ru�do.

    O que n�o se discute � que a crise do PT � mesmo uma boa hora para discutir o PSDB.

    Antes de 1994, a direita brasileira nunca tinha tido um partido vindo da esquerda no seu comando (isso n�o � comum em lugar nenhum). Como isso aconteceu? Ainda faz sentido que seja assim? O que a crise do PT representa para o futuro da direita brasileira?

    ALIADO

    Em sua origem, o PSDB foi um partido social-democrata. Seu aliado mais frequente em elei��es majorit�rias, antes de 1994, era o PDT de Leonel Brizola, e houve quem propusesse a fus�o dos dois partidos (o que, inclusive, facilitaria a entrada dos tucanos na Internacional Socialista).

    Fernando Henrique Cardoso foi o autor do projeto de imposto sobre grandes fortunas. Os tucanos foram fundamentais na confec��o da Constitui��o social-democrata de 1988. O c�lebre discurso de Mario Covas pedindo um "choque de capitalismo" durante a campanha de 1989 foi, em parte, uma tentativa de superar a desconfian�a dos empres�rios de que fosse, no fundo, um esquerdista radical (e o PSDB, afinal, apoiou Lula no segundo turno). Qualquer hist�ria da esquerda brasileira que n�o inclua Covas e FHC, Serra e Bresser, ser� sempre incompleta.

    Mas os pr�prios fundadores do PSDB j� sabiam que a escolha do nome "social-democrata" podia cobrar seu pre�o. O ex-ministro Bresser-Pereira contou, em entrevista de 2011 ao jornal "Valor Econ�mico", que Franco Montoro, democrata-crist�o hist�rico, teve um momento prof�tico durante os debates iniciais dos tucanos: dizia que, se o PT, com sua base sindical, virasse governo e moderasse seu discurso, seria a social-democracia brasileira e empurraria o PSDB para a direita. Em uma palestra de 1991 na Fiesp, Le�ncio Martins Rodrigues dizia que o PSDB e o PDT n�o eram social-democratas, pois lhes faltava a base sindical. E completava dizendo que "s� quem pode ser social-democrata � o PT, que n�o quer ser".

    Como bem notou Sergio Fausto em seu artigo, o PSDB, como partido social-democrata, teve uma vida muito dif�cil. Na palestra na Fiesp citada acima, Le�ncio Martins Rodrigues dizia que o PSDB foi o grande derrotado da elei��o de 1990. Antes de 1994, s� elegeu um governador, Ciro Gomes. At� o Plano Real, era dif�cil apostar em outro futuro para o PSDB que n�o o de aliado do PT ao centro ou candidato � fus�o com o PDT.

    BANCADA

    Entretanto, em 1994, o PFL fez o que os modelos de ci�ncia pol�tica esperavam que fizesse e se deslocou para o centro, abdicando da cabe�a de chapa para o PSDB. S� ent�o os tucanos passaram a ter uma bancada parlamentar expressiva e estabeleceram sua base nos governos estaduais do Sudeste. O PFL foi mais consistentemente pr�-governo nos anos 1990 do que o PSDB. O PSDB � um partido mais importante do que, digamos, o PDT ou o PSB, porque fez a alian�a com o PFL em 1994.

    Rodrigo Bivar

    Desde ent�o, o PSDB chefia o bloco anti-PT. Dado que o PT tamb�m fez o que a ci�ncia pol�tica esperava e se moveu para o centro, a profecia de Montoro se cumpriu, e o PSDB foi empurrado para a direita.

    O PSDB � um experimento interessante de ci�ncia pol�tica: sua posi��o dentro do sistema prevaleceu sobre a identidade de seus fundadores. O PSDB vota mais � direita no Congresso Nacional hoje em dia do que votava antes de 1994, suas alian�as frequentes s�o bem mais conservadoras.

    N�o conhe�o estudos sobre recrutamento partid�rio tucano, mas os quadros jovens de destaque do PSDB (como os "cabe�as pretas") n�o parecem estar lendo nada muito � esquerda. � prov�vel que a maioria dos filiados ao PSDB nos �ltimos dez anos tenha sido atra�da pelo antipetismo dos tucanos. � dif�cil citar um membro de destaque do PSDB com menos de 50 anos que tenha um perfil ideol�gico semelhante, digamos, ao de Mario Covas.

    O deslocamento do PSDB � direita pareceu menos brusco pela compara��o com o que estava acontecendo na social-democracia dos pa�ses desenvolvidos nos anos 1990. Foram os anos da Terceira Via de Tony Blair, que deu aos trabalhistas sua maior sequ�ncia de vit�rias na hist�ria; da forte virada para o centro do antigo Partido Comunista Italiano; e de Bill Clinton na Casa Branca.

    Essa leva de partidos de esquerda foi marcada pela ades�o a parte do programa liberal, bem como pelo distanciamento cauteloso de suas bases sindicais. A participa��o de FHC na Confer�ncia de Floren�a sobre Governan�a Progressista, ao lado de Blair, Clinton, Schroeder e D'Alema, refor�ou a ideia de que o PSDB n�o tinha deixado de ser de esquerda, a esquerda � que tinha mudado.

    Isso sempre foi uma miragem. Antes de Blair veio Thatcher, que j� partia de um ponto completamente diferente daquele em que se encontrava o Brasil em 1994.

    Uma coisa � se distanciar do estatismo dos "30 gloriosos" europeus com seu Estado de bem-estar social; outra coisa � se distanciar do estatismo conservador brasileiro, que, em que pesem suas realiza��es modernizadoras, entregou um pa�s ainda mais desigual do que o que recebeu em 1964.

    A liberaliza��o no Brasil foi feita sem o ciclo igualit�rio que a precedeu na Europa. O PSDB foi, ent�o, Thatcher e Blair ao mesmo tempo. N�o � f�cil dizer que a m�dia entre Blair e Thatcher resulte em algo muito � esquerda.

    Al�m disso, o movimento da social-democracia nos anos 1990 provavelmente foi excepcional, como foi excepcional a aproxima��o da direita europeia com bandeiras esquerdistas no p�s-Guerra. Durante o Novo Trabalhismo brit�nico, houve um descolamento entre a renda dos muito, muito ricos e a renda do resto da popula��o.

    Ap�s a crise de 2008, cresceram as d�vidas sobre o quanto desses ganhos realmente era recompensa por inova��o e empreendedorismo. Se a virada do PSDB nos anos 1990 foi, no essencial, uma viagem na companhia da social-democracia europeia, vale testar se algum movimento semelhante ocorreu em sentido inverso nos �ltimos anos. O PSDB leu seu Giddens, mas est� lendo seu Piketty?

    � prov�vel que o fator que faz a social-democracia voltar � centro-esquerda sempre que vai muito para a direita seja a base sindical. Faz diferen�a.

    O paralelismo com a Terceira Via foi, portanto, s� um anest�sico para a virada do PSDB � direita. O que � preciso dizer, por outro lado, � que foi muito bom para o Brasil que o PSDB virasse � direita.

    O PSDB foi o grande civilizador da direita brasileira. Em primeiro lugar, foi o lar ideal para os economistas liberais, pois no Brasil o estatismo foi de direita. A ditadura, como se sabe, come�ou economicamente liberal, mas, ap�s adquirir controle completo do Estado, fez o que a ci�ncia pol�tica esperava que fizesse e tratou de colocar uma parte maior da riqueza nacional sob controle estatal (isto �, sob o pr�prio controle).

    Os pol�ticos da direita tradicional brasileira que apoiaram a privatiza��o nos anos 90 provavelmente pediam cargos para apadrinhados em estatais nos anos 70. Sob esse ponto de vista, parecem-se mais com os ex-comunistas russos do que com os liberais anglo-sax�es.

    O PSDB deu aos economistas liberais dos anos 1990 a chance de se apoiarem em algo um pouco mais parecido com Walesa ou Havel, um pouco menos parecido com I�ltsin. Uma privatiza��o feita s� com "insiders" do antigo regime provavelmente teria tido resultados piores.

    � preciso uma grande boa vontade para n�o ver que h� corrup��o no PSDB, mas tentem imaginar o que seria a luta contra a corrup��o dos governos de esquerda se ela tivesse que ser levada adiante s� pela direita tradicional brasileira. Setores conservadores da imprensa tentaram lan�ar um pefelista, Dem�stenes Torres, como campe�o da luta pela �tica. N�o chegou a ser um sucesso. Os mesmos setores agora se aproximam de Eduardo Cunha.

    E, finalmente, o PSDB deu � direita brasileira a �nica vit�ria eleitoral esmagadora, programaticamente clara e baseada em resultados de sua hist�ria. Os eleitos � direita anteriores, J�nio Quadros e Fernando Collor de Mello, n�o conseguiram terminar um mandato; FHC emendou dois. Houve duas vit�rias em primeiro turno por uma candidatura liberal, sem candidato maluco, sem fraude e sem golpe, o que era in�dito na hist�ria brasileira. O PSDB foi o Juscelino que a UDN nunca teve.

    Essa vit�ria foi poss�vel gra�as a um soci�logo meio comuna aposentado pelo regime de 64, cuja grande ideia na vida foi implementar um plano econ�mico que jamais teria sido concebido se a Opera��o Bandeirantes tivesse, no linguajar de alguns manifestantes atuais, "terminado o servi�o" e executado P�rsio Arida, preso, torturado e quase morto aos 16 anos por pendurar uma faixa sobre um t�nel. N�o a fazem como querem, j� dizia um autor que FHC costumava discutir com os amigos.

    REGIME

    � preciso perguntar: por que a direita brasileira precisou terceirizar a Presid�ncia para um partido da esquerda? A explica��o mais comum � o regime militar.

    O regime militar foi muito popular por v�rios anos, mas entregou o pa�s quebrado. Os pol�ticos envolvidos com o regime militar n�o teriam legitimidade para disputar a Presid�ncia. De fato, em 1989 a direita precisou lan�ar um candidato muito jovem, com pouco envolvimento com os governos militares e que, ali�s, na campanha se dizia social-democrata.

    H� outras formas pelas quais o regime militar pode ter prejudicado a direita brasileira no longo prazo: por exemplo, qualquer que seja sua opini�o sobre os militares, n�o � prov�vel que eles tenham se empenhado muito em promover civis com potencial de lhes tirar a Presid�ncia. Vinte anos de promo��o pol�tica pelo crit�rio "aceitar ter pouca import�ncia e concordar com o Poder Executivo" n�o devem ter selecionado pol�ticos de direita nascidos para liderar –e devem ter atrofiado o talento dos que o tinham.

    Outra interpreta��o invoca o grau extremo da desigualdade brasileira, que torna dif�cil a aplica��o de um programa puramente liberal. Jorge Bornhausen j� descreveu o PFL como centrista justamente porque o Brasil seria pobre demais para aderir ao liberalismo econ�mico radical.

    De fato, boa parte do "conservadorismo popular" brasileiro � comportamental, n�o econ�mico.

    O "modelo do eleitor mediano" tamb�m sugere (entre outras coisas) que, em pa�ses muito desiguais, partidos que defendam maior redistribui��o de renda ter�o chances maiores de vencer elei��es. E os economistas Daron Acemoglu, Georgy Egorov e Konstantin Sonin j� sugeriram que, em pa�ses em que a popula��o suspeita que os pol�ticos v�o "se vender" para a elite, candidatos t�m incentivos para se apresentarem como esquerdistas.

    O Brasil � muito pobre, muito desigual e a popula��o tem bons motivos para suspeitar que os pol�ticos v�o se vender para o poder econ�mico.

    Mas talvez essas condi��es tenham come�ado a mudar. O governo do PT come�ou a reduzir a desigualdade, e � dif�cil que os governos futuros possam ignorar essa tarefa completamente. A atua��o do Judici�rio e da Pol�cia Federal no combate � corrup��o pode enfraquecer a suspeita de que os pol�ticos v�o sempre se vender �s elites (no m�dio prazo; no curto prazo deve at� fortalec�-la).

    Tudo isso est� no come�o, mas talvez as condi��es que dificultaram � direita "ousar dizer seu nome" estejam perdendo for�a. Se a tend�ncia continuar, os social- democratas do PSDB podem se tornar desnecess�rios � direita brasileira, mesmo supondo que o partido retenha sua hegemonia na oposi��o (e seu nome). Algo como o PFL renasceria, talvez dentro do PSDB. Isso n�o � uma den�ncia (� incr�vel que seja necess�rio diz�-lo): o Brasil, como toda democracia moderna, precisa de uma direita vi�vel.

    � mais dif�cil montar uma direita democr�tica do que uma esquerda democr�tica em um pa�s desigual como o Brasil (direita n�o democr�tica � at� f�cil demais).N�o ser� poss�vel vender ao eleitorado um programa liberal para o crescimento se os frutos do crescimento forem divididos como a riqueza atual � dividida.

    Cedo ou tarde, a direita brasileira ter� de entregar seu pr�prio programa de redu��o da desigualdade e precisar� impor sacrif�cios � sua base (como o PT imp�e � dele o tempo todo).

    O eleitorado brasileiro fez bem em for�ar a direita brasileira a se aliar aos social-democratas.

    PODER

    � claro, todo o racioc�nio exposto acima sup�e que o plano do PSDB seja voltar ao poder ganhando elei��es, e que seus movimentos recentes sejam s� tentativas de enfraquecer o governo para 2018. Nesse caso cabe discutir, como fizemos acima, a desigualdade brasileira, Tony Blair e a Confer�ncia de Floren�a, Fernando Henrique Cardoso e Arm�nio Fraga.

    Se, contudo, o plano for chegar ao poder por articula��o pelo alto, por impeachment ou coisa parecida (nos moldes das vota��es "at� virar" de Eduardo Cunha), a conversa � outra.

    Trata-se, ent�o, de discutir os termos de uma alian�a com os pol�ticos que se venderam ao PT nos �ltimos 12 anos. Nesse caso, a liberaliza��o econ�mica seria feita n�o pela conquista do apoio consciente dos mais pobres (como em 1994), mas por sua desmobiliza��o ap�s a crise da esquerda. N�o sei dizer se a reconstru��o do velho "centr�o" custaria mais ou menos ao er�rio do que um programa de redistribui��o de renda.

    Nesse �ltimo cen�rio, ap�s o fracasso em ser uma vers�o mais sofisticada do PT, e um extraordin�rio sucesso em ser uma vers�o mais sofisticada do PFL, o PSDB voltaria �s origens e lideraria o que, em 1988, chamou de "PMDB Arenizado". Em algum lugar, Orestes Qu�rcia sorri.

    CELSO ROCHA DE BARROS, 42, � doutor em sociologia pela Universidade de Oxford.

    RODRIGO BIVAR, 33, � artista pl�stico.

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