A galeria Raquel Arnaud (r. Fidalga, 125; tel. 0/xx/11/3083-6322; gr�tis) abre a temporada 2012 com duas exposi��es at� 10 de mar�o.
O argentino Luis Tomasello, 97, mostra um mural e sete obras bidimensionais que inspiraram dois poemas de Julio Cort�zar: "Um Elogio ao Tr�s" e "Negro, o Dez".
J� o portugu�s Jorge Molder manipula fotogramas de filmes como "O Ano Passado em Marienbad", de Alain Resnais, para fazer um "chamado � introspec��o, � conversa muda", nas palavras de Fernando Paix�o. O poeta escreveu um texto para a exposi��o. Leia abaixo.
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Perguntas aos rostos
por Fernando Paix�o
As fotografias por si mesmas nada narram, t�o somente preservam apar�ncias instant�neas. Ainda assim, transmitem elo com determinada situa��o, oferecem o click de uma aura recortada. Imagem entendida como fenda, intervalo diante do qual nos perguntamos sobre o antes e o depois.E a resposta em suspenso...
| Divulga��o |
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| Trabalho sem t�tulo do portugu�s Jorge Molder em fotograma |
Jorge Molder � um fot�grafo que pensa a sua arte como forma de pergunta. Artista perguntador. Nesse sentido, pouco lhe interessa a realidade da qual partem os flagrantes, pois a exig�ncia � de que se transformem em "imagos", recortes provocadores de interesse e d�vida. Atra�do o observador para o que n�o se mostra, fica mantido o suspense.
Chama aten��o a atmosfera homog�nea que permeia esta s�rie, emoldurada propositadamente em "noir". Do espa�o escuro emergem as pessoas e as formas, com ares de autonomia, mas tramadas num enredo que deixa marcas e sentimentos. Quase sempre percebidos em quietude, em estado de solid�o, mesmo quando os personagens se encontram em movimento.
Talvez por isso seja t�o recorrente nestas fotografias a visita��o ao rosto. Para al�m de ser uma fixa��o manifesta do artista, � um tradicional sin�nimo de janela para o que se sente. Cabe ao fot�grafo ficar � espreita. Sobressai ainda o contraponto das m�os (por vezes manchadas de �leo) ao conjunto das faces, como se as primeiras cumprissem um papel perguntador frente �s segundas. Contraste inquietante.
Paira nesta exposi��o uma forte cren�a no sil�ncio interior como forma de conhecimento das gentes e das coisas. Torna-se mesmo condi��o essencial para desfrutar desse chamado � introspec��o, � conversa muda. Que, inclusive, pede a ren�ncia ao mundo das palavras para entender o que se v�. Qualquer que seja a narrativa atada �s imagens, Molder avisa desde o t�tulo: "N�o Tem que Me Contar / Seja o que For".
Eis um artista das perguntas, sem esperar pelas respostas.