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    Por tr�s do primata l�der de 'Planeta dos Macacos', Andy Serkis quer Oscar

    CHICO FELITTI
    COLABORA��O PARA A FOLHA

    03/08/2017 01h00 - Atualizado �s 00h20
    Erramos: esse conte�do foi alterado

    Divulga��o
    As express�es do ator Andy Serkis e de seu personagem, C�sar, em 'Planeta dos Macacos: A Guerra
    As express�es do ator Andy Serkis e de seu personagem, C�sar, em 'Planeta dos Macacos: A Guerra'

    "The girl from Ipanema goeesss walkiiiing", uma voz fina e ardida, que pronuncia �sses como se fossem xis, declama "Garota de Ipanema" em ingl�s. O p�blico reunido no audit�rio em S�o Paulo vai � loucura. O orador � Gollum, a criatura pat�tica que se arrasta por cavernas de "O Senhor dos An�is".

    Ou quase: � o ator ingl�s Andy Serkis, 53, que ficou famoso por encarnar Gollum e veio ao pa�s divulgar "Planeta dos Macacos: A Guerra", que estreia nesta quinta (3) em grande circuito.

    Ele vive C�sar, que entrou na saga dois filmes atr�s como um chimpanz� espertalh�o e que, no novo longa –que retrata mais um arranca-rabo entre humanos e seus ancestrais–, j� � praticamente um humano hirsuto liderando um ex�rcito s�mio.

    Por tr�s do focinho computadorizado, est� a interpreta��o de Serkis, uma esp�cie de Meryl Streep dos personagens animados. Ele � o maior expoente da "motion captured acting".

    A t�cnica consiste em atuar com sensores colados em seu rosto e num macac�o de lycra, que captam cada movimento e express�o. O registro da atua��o � jogado em um computador e a partir dele vertido na figura que aparece na tela. Foi assim tamb�m que ele deu vida a personagens de "Tintin" e "Star Wars".

    O ator ganhou tanto poder na sua fun��o que tem at� carta branca para mudar o roteiro. Ele conta que, no texto de "Planeta", as falas eram escritas no roteiro como se fossem ser ditas por um humano. Mas nem sempre "cabiam na boca".

    "A gente tinha que encurtar as frases, para se aproximar mais da linguagem do macaco", diz ele, que tomou a voz de Gollum emprestada ao barulho que seu gato fazia ao cuspir bolas de pelo.

    Depois de "interpretar" King Kong no filme de 2005, talvez j� estivesse acostumado a macaquices. Mas n�o.

    "O Kong � um macaco. O C�sar � um macaco com intelig�ncia aumentada, com afli��es mais humanas."

    Para dar vida a C�sar, ele se aprofundou na trajet�ria de Oliver, um chimpanz� que viveu no d�cada de 1970 e foi apontado por alguns como o ele perdido entre humanidade e natureza selvagem.

    Serkis tamb�m usou anilhas presas nas m�os e nos p�s, para dotar seu andar de um suingue bestial.

    RECONHECIMENTO

    Na realidade, o ator � baixinho e caminha ereto. � duro reconhec�-lo sem um verniz de computa��o gr�fica cobrindo seu rosto e corpo. Camisa azul engomada, cabelo, j� meio branco, penteado para tr�s com pomada, unhas feitas e cara de estrela de Hollywood que se sustenta no cach�, j� milion�rio.

    S� falta o Oscar reconhecer seu trabalho. Mais de uma vez, Serkis disse ser hora de um ator de seu ramo da arte receber a indica��o.

    "� preciso que compreendam o que � computa��o gr�fica. N�o � s� uma refer�ncia para artistas desenharem com o computador por cima. O ator e o diretor t�m tanta import�ncia quanto num filme de 'live action' [em que os personagens s�o de carne e osso]."

    Mas a Academia de Artes e Ci�ncias Cinematogr�ficas ainda n�o entendeu nada do seu of�cio, defende. "Eles s�o cegos, n�o sabem o que � a tecnologia. Acham que � uma coisa m�gica."

    Enquanto n�o � reconhecido pela maior l�urea da ind�stria cinematogr�fica, continua trabalhando.

    Serkis diz que toparia, inclusive, fazer outro filme da saga dos primatas falantes.

    "Eu amo a met�fora de macacos representando quest�es humanas. � raro ter filmes comerciais com essa profundidade", conta.

    E n�o s� por gostar da ideia por tr�s da saga, mas porque, diz, o trabalho com o diretor Matt Reeves foi um dos melhores da vida.

    "Normalmente, nos blockbusters n�o temos tempo para ensaios. � pegar a c�mera e sair filmando", explica.

    "Mas, nesta saga, a gente ensaia cada cena at� estar em cima, a c�mera s� entra depois que est� tudo pronto."

    Ele admite que muitos dos "sins" que diz a filmes comerciais s�o para ter dinheiro para tocar seus pr�prios projetos como diretor.

    Ele dirige "Jungle Book", releitura da hist�ria do menino-lobo Mogli, do livro de Rudyard Kipling, em fase de p�s-produ��o e prevista para o ano que vem.

    "Meu filme � muito mais sombrio do que a vers�o da Disney. � para crian�as de 10 anos, n�o de 5", ri. Serkis, que no filme tamb�m faz o urso Baloo, escalou nom�es como Christian Bale, Benedict Cumberbatch e Cate Blanchett para interpretar outros animais de computa��o gr�fica no longa.

    Questionado se deu a esse peda�o do pante�o hollywoodiano algum conselho sobre como atuar para depois ser coberto por anima��o, ele responde: "Vou te contar um segredo. O maior segredo �: n�o tem segredo. � dar vida a um personagem, s� isso."

    Dois segundos de sil�ncio depois, ele termina: "Tem uma coisa, sim. O maior exerc�cio � se livrar da vaidade, porque voc� n�o v� seu rosto na tela." Algo que, para ele, diz, n�o foi dif�cil. "Prefiro me esconder dentro de um personagem mesmo."

    Veja salas e hor�rios de exibi��o.

    Assista ao trailer de 'Planeta dos Macacos: A Guerra'

    Assista ao trailer de 'Planeta dos Macacos: A Guerra'

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