Maur�cio Fidalgo/Divulga��o | ||
Gustavo (interpretado por Gabriel Leone) picha muro em cena de "Os Dias Eram Assim", s�rie da Globo |
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Ilustrada
Wednesday, 03-Jul-2024 23:48:58 -03Cr�tica
'Os Dias Eram Assim' n�o traduz a complexidade do que retrata
TONY GOES
COLUNISTA DO "F5"24/04/2017 02h00
Arnaldo (Antonio Calloni) � um vil�o consumado. Um empres�rio arrogante, que maltrata a mulher Kiki (Nat�lia do Vale) e tenta controlar a filha Alice (Sophie Charlotte). Mas vai al�m: n�o s� apoia financeiramente o aparato repressor do regime militar, como sente um prazer s�dico em acompanhar sess�es de tortura. Calcado em figuras reais como Henning Boilesen, n�o tem l� muitas nuances.
Do outro lado do espectro pol�tico est� o idealista T�lio (Caio Blat), que adere � luta armada. Logo no primeiro cap�tulo, ele comete um atentado "light": solta uma bomba na entrada da fict�cia Construtora Amianto, que pertence a Arnaldo. Sem v�timas, s� uns poucos danos materiais, que � para manter a simpatia do p�blico. Imediatamente capturado pela pol�cia, morre ao som de Walter Franco –um requinte a mais de crueldade.
Entre os dois extremos, h� uma dezena de personagens que n�o est� nem a� para a pol�tica. Como Renato (Renato G�es), que se apaixona por Alice � primeir�ssima vista numa passeata onde ambos estavam por acaso. Renato � irm�o de Gustavo (Gabriel Leone), que � amigo de T�lio. S� por causa disso, o pai da mocinha ir� infernizar sua vida, acusando-o de envolvimento com a subvers�o. O jovem m�dico ser� obrigado a se exilar do pa�s.
Esta �, em linha gerais, a trama central de "Os Dias Eram Assim", supers�rie (novo nome que a Globo d� �s suas novelas mais curtas) que estreou na segunda (17). Um romance proibido que come�a em 1970 e vai at� 1984.
As autoras Angela Chaves e Alessandra Poggi, pela primeira vez como titulares de uma obra, j� colaboraram em in�meras novelas e s�ries alheias. Aprenderam todos os clich�s, embora ainda n�o tenham conseguido traduzir a complexidade do per�odo que escolheram retratar aqui.
Nem todos os apoiadores dos governos militares eram brucutus sanguin�rios, assim como nem todos os "subversivos" eram anjinhos ca�dos do c�u. O manique�smo, se ajuda na compreens�o do conflito, tamb�m o infantiliza. N�o fosse pelas poucas cenas de viol�ncia, a s�rie poderia ser uma novela das seis.
Pelo menos em sua primeira semana, a supers�rie carregou nas tintas do romance e n�o se preocupou em examinar as contradi��es de um tempo ainda pouco explorado pela nossa teledramaturgia.
Some-se a isto uma reconstitui��o de �poca menos que perfeita e uma trilha sonora que inclui uma vers�o de "Tempo Perdido", que o Legi�o Urbana s� lan�aria em 1986, e o trocadilho se faz inevit�vel: n�o, os dias n�o eram assim.
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