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Ilustrada
Saturday, 03-Aug-2024 09:30:48 -03Violoncelista brit�nica Jacqueline du Pr� inspira 'pe�a-concerto'
MARIA LU�SA BARSANELLI
DE S�O PAULO02/12/2016 02h15
� como se os atores fossem instrumentos, e seus di�logos, a partitura de um concerto. "Jacqueline", espet�culo escrito e dirigido por Rafael Gomes que estreia nesta sexta (2) em S�o Paulo, � todo regido pelos movimentos e temas de uma composi��o.
"Queria que fosse um exerc�cio de forma, de linguagem, e que a pe�a pudesse ser como um concerto", explica o encenador, cuja trajet�ria no teatro � contaminada por uma forte presen�a da m�sica –ele dirigiu, entre outros, o musical "Gota d'�gua [A Seco]: (2015) e "M�sica para Cortar os Pulsos" (2010).
Agora, Gomes se debru�a sobre a vida da violoncelista inglesa Jacqueline du Pr� (1945-1987), mas sem fazer da montagem uma biografia dela. "N�o h� um compromisso com a hist�ria ou uma fidelidade psicol�gica. N�o queria que o p�blico projetasse a imagem dela na pe�a."
Os quatro personagens retratados s�o inspirados em figuras reais: Jacqueline (Nat�lia Lage), sua irm� Hilary (Arieta Corr�a), o marido desta (Fabricio Licursi) e o maestro Daniel Barenboim (Daniel Costa), companheiro da violoncelista. Mas em cena ningu�m tem nome. Tampouco t�m di�logos estritamente coloquiais –tangem, em sua maioria, o filos�fico.
Suas falas seguem a l�gica de uma composi��o orquestral. No caso, "Concerto Para Violoncelo e Orquestra", do ingl�s Edward Elgar (1857-1934), que ficou marcada pela interpreta��o de Du Pr� e que aqui � tocada por inteiro, durante toda a apresenta��o.
As cenas s�o divididas em seus movimentos. Os atores funcionam como os instrumentos, multiplicando-se ou rareando de acordo com a m�sica, que por vezes tamb�m orienta suas inten��es.
As falas se repetem ao longo da pe�a e, quando retornam, est�o na boca de outro personagem, como os temas musicais, tocados ora por um instrumento, ora por outro.
"� um espet�culo todo desenhadinho", comenta Lage, que come�ou a trabalhar com Gomes no projeto quando fizeram juntos a pe�a "Edukators" (2013). "Tem uma precis�o no estudo da palavra. Em alguns momentos, voc� tem que jogar com a trilha, noutros, tem que ignor�-la"
NATUREZA
Gomes viu na vida de Du Pr� um ciclo de for�as da natureza. Da garota prod�gio que j� na adolesc�ncia encantava plateias londrinas com seu talento –e viu-se mergulhada numa sequ�ncia fatigante de apresenta��es pelo mundo– � jovem acometida ainda aos 28 pela esclerose m�ltipla, doen�a degenerativa que a faria definhar pelos 14 anos seguintes.
Como diz em cena um dos personagens: "Ela era uma fortaleza prestes a ser destru�da pela for�a da natureza".
Os fen�menos naturais e suas met�foras surgem aqui e ali, numa ventania sobre o palco, na men��o das sinapses da personagem (seja de sua doen�a, seja de sua habilidade para a m�sica), nos v�rios significados de "alma": a ess�ncia, a paix�o ou o nome da pe�a que, nos instrumentos de corda, transmite as vibra��es sonoras.
Toda essa orquestra��o acontece sobre o cen�rio criado por Andr� Cortez, um ch�o de madeira de superf�cie negra e reluzente que lembra um piano. A estrutura rasa cobre todo o palco e vai sendo aberta pelos atores, criando novas formas e fazendo surgir novos objetos, "como numa caixinha de Pandora", afirma o diretor.
JACQUELINE
QUANDO sex. e s�b., �s 21h; dom., �s 18h; at� 18/12 e de 6 a 29/1
ONDE Sesc Consola��o, r. Doutor Vila Nova, 245, tel. (11) 3234-3000
QUANTO R$ 12 a R$ 40
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