Antes de Dorothy ser surrupiada por um tornado, Oz era um mundo menos hostil.

Ao menos � o que imaginou o americano Gregory Maguire ao escrever "Wicked", romance publicado em 1995 que narra uma trama paralela � de "O M�gico de Oz", de L. Frank Baum, em especial como uma menina incompreendida de pele esverdeada tornou-se a Bruxa M� do Oeste.

Transformado em musical oito anos depois, virou um dos maiores sucessos na Broadway, levando tr�s pr�mios Tony.

Foram quase US$ 4 bilh�es de faturamento desde a estreia, com produ��es em Nova York e outras cidades de 13 pa�ses. Segundo a "Forbes", no �ltimo dezembro foi o musical de maior lucro da Broadway (US$ 2,94 milh�es), superando o gigante "O Rei Le�o" (US$ 2,87 milh�es).

Teaser de "Wicked"

A hist�ria agora ganha o terreno brasileiro com ares de superprodu��o. A franquia de "Wicked" chega na sexta (4) a S�o Paulo com um or�amento de pr�-produ��o –isto �, at� a data de estreia– de R$ 16 milh�es (R$ 8,9 milh�es via Lei Rouanet). A produtora Time For Fun n�o divulga a verba total, mas, durante a temporada, estima-se que o valor possa dobrar, chegando � casa dos R$ 30 milh�es.

Pelo tamanho do palco daqui, o cen�rio � tamb�m o maior que "Wicked" j� teve, diz a diretora americana Lisa Leguillou, que est� na produ��o desde a primeira montagem e, pelas suas contas, j� a encenou em dez pa�ses.

ESMERALDA

A tal bruxinha incompreendida do t�tulo –Wicked Witch of the West, no original– � Elphaba Thropp (papel de Myra Ruiz), renegada pela fam�lia desde o nascimento pela cor estranha de sua pele.

Na faculdade, os colegas tiram sarro de sua apar�ncia esmeralda. Na defensiva, passa a ideia de agressiva.

� o completo oposto da colega de classe Galinda, ou Glinda (Fabi Bang), de tino c�mico e adorada por todos.

Em uma Oz que passa por estranhas mudan�as, num governo autorit�rio que bane quem tem ideias contr�rias �s do regime, surge entre as duas uma improv�vel amizade.

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No ambiente acad�mico, percebe-se que os poderes m�gicos de Elphaba s�o mais poderosos do que os de qualquer aluno. Mas s�o mal interpretados pelos demais

"Ela tem uma for�a, mas tamb�m � muito menina", explica Myra. "Com o tempo, ganha maturidade." Mas sua "maldade" pode ser s� um mal-entendido. "Ela sempre tenta fazer a coisa certa."

Para o papel do gal� Fiyero, dois atores, Jonatas Faro e Andr� Loddi, se revezam nas sess�es. "O que posso dizer? Gostei deles. N�o conseguimos decidir, ent�o ficamos com os dois", conta Leguillou.

CRIA��O

Trata-se de uma franquia, modelo no qual as produ��es costumam chegar bem definidas da matriz: parte do cen�rio e do figurino vem de fora e muitas vezes h� indica��es de como int�rpretes devem atuar.

Com esta vers�o de "Wicked", por�m, o elenco diz que teve bastante liberdade para cria��o. "Isso me surpreendeu, achei que seria bem mais engessado", relata Jonatas.

Rachel Ripani, diretora residente da montagem, nunca tinha assistido ao musical antes de integrar o projeto. "Acho que foi uma das raz�es por que me escolheram. Eu n�o tinha uma vis�o pr�-concebida", comenta ela.

"A gente p�de imprimir nossa assinatura", diz Fabi. "O p�blico �s vezes espera assistir ao que viu na Broadway, na internet, e nosso desafio � superar essa expectativa."

WICKED
QUANDO qui. e sex., �s 21h, s�b., �s 16h e �s 21h, dom., �s 15h e �s 20h; at� 31/7
ONDE Teatro Renault, av. Brigadeiro Lu�s Ant�nio, 411, tel. (11) 4003-5588
QUANTO R$ 50 a R$ 280
CLASSIFICA��O 12 anos

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ELPHABA, A M�

Myra Ruiz aparece no camarim com um umidificador sobre o nariz e a boca. "� para as cordas vocais", explica. "As m�sicas de 'Wicked' s�o dific�limas. � uma partitura que vai ao extremo da voz."

Mas Elphaba � um papel que a atriz de 23 anos sonha em fazer desde os 15, quando viu a montagem pela primeira vez na Broadway.

� �poca passava uma temporada de um ano em Nova York estudando. No col�gio, tinha aulas de teatro no per�odo da tarde.

	Pedro Dimitrow/Divulga��o
	Myra Ruiz faz a bruxa Elphaba em "Wicked"

De volta ao Brasil, participou de produ��es musicais (como "Mamma Mia", de 2010), mas decidiu retornar � cidade americana aos 19 para aperfei�oar a t�cnica. Estudou por oito meses no prestigiado Lee Strasberg Theatre & Film Institute, que, em suas escolas, j� teve alunos como Alec Baldwin e Angelina Jolie.

Em 2014, ganhou sua primeira protagonista na adapta��o brasileira do musical "Nas Alturas". E no ano passado chamou a aten��o como a prostituta Saraghina de "Nine", vers�o de Charles M�eller e Claudio Botelho.

Agora assume o papel que foi, na primeira montagem de "Wicked", da atriz Idina Menzel –a voz da personagem Elsa, de "Frozen", e do hit "Let It Go".

"Acho que estou num momento da minha vida semelhante ao da Elphaba: ganhando maturidade, mas ainda com um olhar de menina."

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GLINDA, A BOA

Fabi Bang, 31, demorou para resgatar a heran�a musical de fam�lia. Bisneta do compositor Alberto Nepomuceno (1864-1929), cresceu com um piano de cauda em casa. Mas foi pela dan�a que iniciou sua carreira art�stica.

Formou-se em bal� cl�ssico aos 18 e, desde ent�o, trabalha em musicais. No in�cio, por�m, apenas dan�ava, e s� tr�s anos depois decidiu aprender a cantar.

"Como tinha um piano em casa, eu tentava, instintivamente, alcan�ar as notas com a minha voz", lembra. "Acho que isso me fez ter uma afina��o desde cedo, mas s� fui aprender a cantar de verdade h� dez anos."

	Lenise Pinheiro/Folhapress
	Glinda (Fabi Bang, � esq.) e Elphaba (Myra Ruiz) em "Wicked"

Saiu do seu Rio natal em 2005 para atuar em S�o Paulo. Fez de tudo um pouco em musicais: integrou elencos de bailarinos, participou de coros e foi atriz substituta.

De l� pra c�, angariou pap�is em "Priscilla, a Rainha do Deserto" (2012), "A Fam�lia Addams" (2012), "O Homem de La Mancha" (2014).

Em "Kiss me Kate: o Beijo da Megera" (2015), teve destaque como a c�mica Lu�sa, mas � s� agora com Glinda que interpreta uma protagonista. "� a personagem de musicais que considero a mais carism�tica."

O peso do papel ela carrega pro palco. Mi�da –mede 1,59 m e pesa 49 kg–, precisa encarar em parte das cenas um vestido azul de dez quilos (foto acima), com o qual tem de cantar, correr e sobrevoar o palco em uma bolha met�lica.