O grande tema de Eug�ne Green, diretor americano naturalizado franc�s, � a transmiss�o de conhecimento e o encantamento pelas mais nobres formas art�sticas.
Isso se torna mais evidente em seu terceiro longa, "A Ponte das Artes", no qual um jovem prestes a se matar desiste da ideia ao ouvir a voz celestial de uma cantora em "Lamento della Ninfa", de Claudio Monteverdi, precursor do barroco musical italiano.
Em seu quinto longa, "La Sapienza", Green mostra novamente o encanto pela arte e a transmiss�o de conhecimento de um homem para um jovem estudante.
Urs Flueeler/Efe | ||
Eug�ne Green posa durante o 67� Festival de Locarno |
Alexandre Schmidt (Fabrizio Rongione), arquiteto franc�s renomado, viaja pela It�lia com sua mulher, Ali�nor (Christelle Prot, atriz constante nos filmes do diretor). Num passeio, eles encontram os irm�os adolescentes Goffredo (Ludovico Succio) e Lavinia (Arianna Nastro).
Alexandre e Ali�nor vivem no t�dio, tamb�m porque n�o se encaixam em um mundo em que o dinheiro sempre fala mais alto. O filme mostra, ent�o, a revitaliza��o da rela��o do casal por meio do encontro com Goffredo e Lavinia: a juventude e sua sede de aprendizado.
Prop�e tamb�m uma interessante discuss�o sobre a arquitetura barroca italiana: Gian Lorenzo Bernini era o arquiteto racional, que se submetia �s regras e hierarquias do poder, enquanto Francesco Borromini era livre, m�stico, aberto �s experi�ncias humanas.
O estilo de Green � simples, baseia-se sobretudo na recusa ao naturalismo. Os atores falam com imposta��o, muitas vezes olhando diretamente para a c�mera e com o corpo quase im�vel. N�o s�o rob�s, pois a emo��o est� sempre presente em seus olhares, mesmo quando o t�dio predomina em cena.
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Da es. para a dir.: Christelle Prot, Arianna Nastro, Ludovico Succio e Fabrizio Rongione em cena do filme "La Sapienza" |
Esse tipo de encena��o destaca o valor do texto, da palavra, e prop�e uma forma diferente de apreens�o por parte do espectador, que jamais � ludibriado pela engrenagem narrativa. Pelo contr�rio: est� o tempo todo consciente de presenciar uma aut�ntica obra de arte.
Essa rela��o entre criador e espectador � fundamental para entendermos o cinema �nico e sublime de Eug�ne Green, cineasta muito distante da habitual pobreza do cinema contempor�neo.