Eles mal se olham, se tocam ou se falam. "Mas existe algo tenso entre os dois, uma tens�o er�tica", explica a atriz Alessandra Negrini, 38, sobre a rela��o da sua personagem com a de Selton Mello, os �nicos em cena no filme "A Erva do Rato".
Eduardo Knapp/Folha Imagem |
A atriz Alessandra Negrini, protagonista do filme "A Erva do Rato", posa na rua Augusta |
Para construir esta "rela��o do avesso", foram dois meses visitando a casa do diretor, J�lio Bressane, no Leblon, quase diariamente, entre discuss�es e observa��es de pinturas cl�ssicas e fotografias antigas. "Tudo para sacar o filme que ele estava imaginando, para penetrar esse universo J�lio Bressane."
"Achava um filme muito dif�cil, misterioso, por mais que a gente conversasse. Esse mist�rio se manteve at� o final, mesmo nas filmagens. Depois que vi o filme, comecei a usufruir mais esse mist�rio, gostei."
No longa, os dois personagens dividem a mesma casa e cama, mas a rotina � atrapalhada pela chegada de um rato, que come�a a roer as fotografias �ntimas que o homem tira com esmero da companheira.
Sobre as fotos que surgem na tela, com closes bastante reveladores, Negrini logo esclarece que s�o de uma dubl�, cujo nome surge na metade final dos cr�ditos. "Ali�s, isso devia ficar mais expl�cito [que uma dubl� fez]", diz Negrini, embora n�o se importe com a nudez, contanto que seja "necess�ria".
"Eu n�o ficaria nua para qualquer filme, assim comercialz�o, n�o fico mesmo, n�o sou a fim. Mas, agora, um filme que tem uma linguagem que te cubra, voc� pode ficar nua, � a pel�cula, � a luz, � a beleza dali."
A atriz conta que foi consultada por Bressane antes de rodar certas cenas, como uma em que aparece sem roupa sob a luz vermelha de um laborat�rio caseiro de revela��o de fotos.
"Ele perguntou se eu queria fazer, e eu disse: "Vou pensar". Pensei e falei: "Claro que eu vou fazer". � uma cena fundamental, a tens�o fica num n�vel m�ximo. Ent�o foi uma escolha minha, foi meu culh�o de atriz. N�o me sinto exposta. � uma nudez muito cl�ssica, est�tica."
Este � seu segundo trabalho com Bressane --o primeiro foi "Cle�patra". Ambos foram exibidos no Festival de Veneza. O diretor j� a escalou para o pr�ximo, "Bedu�no", um "filme meio surrealista", segundo ela.
Paulistana que mora no Rio h� 12 anos, Negrini deve voltar a fazer TV no final do ano, numa novela da Globo, onde est� desde os anos 90. Sua vontade, no entanto, � se dedicar mais ao teatro, da mesma forma que fez com o cinema autoral. Ela, que j� encenou "A Gaivota", de Tchecov, quer produzir sua pr�pria pe�a em 2010, embora ainda n�o saiba qual texto.
"Amo fazer TV, mas eu tamb�m gosto dos cl�ssicos", diz. "P�, eu era estudante de ci�ncias sociais [na USP] e ca� na Globo. Amo estar l�, mas tem um outro lado meu que precisava ser satisfeito."