• Equil�brio e Sa�de

    Saturday, 06-Jul-2024 12:46:46 -03

    Casais doam embri�es congelados a outras fam�lias

    TAMAR LEWIN
    DO "NEW YORK TIMES"

    11/07/2015 02h00

    Ap�s anos de infertilidade, Angel e Jeff Watts encontraram uma doadora de �vulos para ajud�-los a ter um beb�. Eles fertilizaram os �vulos com o s�men de Watts e conseguiram dez embri�es bons.

    Quatro foram transferidos para o �tero de Angel, resultando em dois casais de g�meos –Alexander e Shelby, hoje com quatro anos, e Angelina e Charles, com menos de dois.

    Por�m, restaram seis embri�es congelados. Aconselhada por m�dicos, Angel Watts, 45, decidiu n�o ter mais filhos. Ent�o, em dezembro, ela entrou no Facebook para tentar encontrar uma fam�lia pr�xima, no Tennessee (sudeste dos EUA), que os quisesse.

    "Temos seis embri�es congelados de boa qualidade com seis dias para doar a casais que queiram uma grande fam�lia", publicou. "Preferimos pessoas casadas h� v�rios anos em um relacionamento est�vel e amoroso, com tradi��o crist�, e que ainda n�o tenham filhos, mas queiram um barco cheio."

    Em centros de armazenamento em todos os EUA, existem cerca de um milh�o de embri�es preservados em tanques de nitrog�nio l�quido. Alguns est�o armazenados para pacientes com c�ncer que tentam manter a possibilidade de ter uma fam�lia depois que a quimioterapia destruir sua fertilidade. No entanto, a maioria deles � a sobra da florescente ind�stria da reprodu��o assistida.

    Por isso, cada vez mais fam�lias, cl�nicas e tribunais enfrentam op��es dif�ceis sobre o que fazer com eles –decis�es que envolvem profundas quest�es sobre o in�cio da vida, a defini��o de fam�lia e os avan�os tecnol�gicos que abriram novas possibilidades reprodutivas.

    Desde o nascimento do primeiro beb� "de proveta" americano, em 1981, a fertiliza��o in vitro, ao custo de US$ 12 mil ou mais por ciclo, cresceu at� representar mais de 1,5% dos nascimentos americanos.

    Os casais geralmente ficam felizes em ter embri�es a mais, que servem de garantia caso n�o engravidem depois das primeiras tentativas.

    "Mas se eu perguntar o que eles far�o com eles, muitos d�o uma resposta de Scarlett O'Hara: 'Vou pensar nisso amanh�'", disse Mark Sauer, do Centro para Tratamento Reprodutivo de Mulheres na Universidade Columbia, em Nova York.

    "Os casais nem sempre concordam sobre a situa��o legal e moral do embri�o, sobre onde come�a a vida e como a religi�o interfere. Muitos deles acabam chutando o balde no caminho."

    Muitos embri�es ficam armazenados indefinidamente, a um custo de US$ 300 a US$ 1.200 por ano. Alguns clientes param de pagar as taxas e deixam que a cl�nica decida o que fazer.

    No entanto, a maioria das pessoas lida com as seguintes op��es: usar os embri�es para ter mais filhos; descongelar e jog�-los fora; doar para pesquisa; ou, como os Watts, do�-los a outra fam�lia.

    "No in�cio, as pessoas podem pensar que os doar�o para pesquisa ou para algu�m que precise", disse Sauer. "Por�m, depois que t�m o beb�, elas mudam de ideia, achando estranho ter outro filho por a�, igual ao seu."

    Alguns casos acabaram no tribunal. No entanto, at� agora, houve pouca consist�ncia nas decis�es judiciais sobre o destino de embri�es.

    Em Illinois, os tribunais disseram que solu��es para diverg�ncias devem ser previstas em contrato. No entanto, ju�zes de Massachusetts disseram que tais contratos n�o s�o aplic�veis. Ainda assim, a maioria dos tribunais apoiou as partes que n�o querem que os embri�es sejam usados.

    Tamb�m h� a dimens�o religiosa. A fertiliza��o in vitro e o congelamento de embri�es s�o malvistos pela Igreja Cat�lica. A maioria dos evang�licos aceita esse procedimento, mas acredita que os embri�es congelados t�m direito a vidas plenas.

    O GOVERNO � DE POUCA AJUDA

    Enquanto alguns pa�ses t�m regras r�gidas sobre a reprodu��o assistida, limitando quantos embri�es podem ser congelados ou quantos podem ser transferidos de cada vez, o campo permanece de modo geral desregulamentado nos EUA.

    Apesar disso, a demanda continua crescendo.

    Para atend�-la, a cl�nica de fertiliza��o in vitro de Ernest Zeringue em Davis, na Calif�rnia, tem um programa, chamado California Conceptions, que vai al�m da doa��o de embri�es. O local cria embri�es para a venda.

    A cl�nica compra �vulos e s�men de doadores cujos perfis t�m ampla aceita��o –altos, magros, instru�dos– e os combina para fazer embri�es que s�o vendidos para tr�s ou quatro fam�lias.

    Os doadores e os potenciais pais sabem que os embri�es ser�o usados por v�rias fam�lias.

    Alguns m�dicos e advogados questionam se � �tico uma empresa criar embri�es que ser�o sua propriedade at� que sejam implantados em uma paciente.

    Outros ficaram perturbados pelo toque de eugenia no fato de a companhia procurar os �vulos e o s�men que sejam mais comercializ�veis.

    Apesar disso, cresce o n�mero de casais que deseja simplesmente doar seus embri�es excedentes a outra fam�lia.

    Embri�es doados foram usados em 1.084 transfer�ncias em 2013, contra 596 em 2009.

    "Est� ficando mais comum as pessoas buscarem cl�nicas de fertilidade para ver se h� embri�es dispon�veis para doa��o", disse Elizabeth Falker, advogada de Nova York. "Eu gosto disso. D� a oportunidade de algu�m ter uma fam�lia e usa embri�es que de outro modo ficariam congelados para sempre."

    Duas semanas depois de Watts postar o aviso no Facebook, ela encontrou Rayn e Richard Galloway. "N�s conversamos pelo Skype e trocamos centenas de mensagens. Quando eles ligaram para dizer que queriam ir em frente, fiquei t�o aliviada que chorei", disse Watts.

    Como os Watts, os Galloway tinham feito anos de tratamento contra infertilidade. Em 12 de maio, foram a Knoxville para ter tr�s embri�es transferidos para o �tero de Rayn Galloway.

    S� dois tiveram sucesso no descongelamento, mas, finalmente, os Galloway teriam uma fam�lia.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Reda��o - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024