• Equil�brio e Sa�de

    Wednesday, 03-Jul-2024 23:37:16 -03

    H� 50 anos, pioneiro da vacina inventava a vacina contra caxumba

    RICHARD CONNIFF
    DO "NEW YORK TIMES"

    20/05/2013 02h00

    Doen�as que foram riscos rotineiros na inf�ncia de muitos americanos ainda vivos parecem hoje coisas da hist�ria antiga. Em grande medida, devemos o nosso bem estar e, em muitos casos, as nossas vidas a um homem e a fatos que aconteceram h� 50 anos.

    � 1h de 21 de mar�o de 1963, um modesto cientista da Merck chamado Maurice Hilleman -um homem intenso e irasc�vel- dormia na sua casa, num sub�rbio da Filad�lfia, quando sua filha de cinco anos, Jeryl Lynn, o despertou com dor de garganta. Hilleman apalpou a lateral do seu rosto e ent�o notou um incha�o sob a mand�bula, indicador da caxumba.

    Para a maioria das crian�as, a caxumba n�o passava de um doloroso incha�o das gl�ndulas salivares. Mas Hilleman sabia que ela �s vezes causava surdez e outras sequelas.

    Rapidamente, ele raspou o fundo da garganta de Jeryl Lynn e levou a amostra para o seu laborat�rio.

    Hoje, 95% das crian�as recebem a vacina tr�plice viral (contra sarampo, caxumba e rub�ola) inventada por Hilleman, a come�ar pela cepa de caxumba que ele colheu naquela noite. A vacina tamb�m � muito usada em outros pa�ses.

    Quando Hilleman morreu, em 2005, outros pesquisadores lhe deram cr�dito por ele ter salvado mais vidas do que qualquer outro cientista do s�culo 20. Ele concebeu ou melhorou significativamente mais de 25 vacinas, incluindo 9 das 14 atualmente recomendadas rotineiramente para as crian�as.

    "Uma pessoa fez isso!", disse o m�dico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doen�as Infecciosas, que foi amigo de Hilleman por muitos anos. "Realmente incr�vel."

    Ap�s se doutorar em microbiologia pela Universidade de Chicago, Hilleman passou a maior parte da sua carreira na Merck, um dos maiores laborat�rios farmac�uticos do mundo. Todos reconheciam o talento dele para descobrir e aperfei�oar vacinas, conciliando, segundo Fauci, "excelente conhecimento cient�fico" e "uma personalidade incrivelmente pr�tica para fazer as coisas".

    As vacinas induzem o sistema imunol�gico a resistir a uma doen�a sem produzir seus sintomas. Produzi-las tinha tanto de arte quanto de ci�ncia.

    "N�o � que houvesse uma f�rmula para isso", disse o pediatra Paul Offit, da Filad�lfia, que desenvolve vacinas e em 2007 lan�ou "Vaccinated" (Vacinado), uma biografia de Hilleman.

    Em 1963, autoridades dos EUA concederam a primeira licen�a para uma vacina contra o sarampo. O trabalho inicial havia sido feito em grande parte no Hospital Infantil de Boston, mas, quando Hilleman come�ou a trabalhar com ela, a vacina ainda costumava causar febres e urtic�rias.

    Hilleman e o pediatra Joseph Stokes conceberam uma forma de minimizar os efeitos colaterais. Era o come�o do fim da doen�a nos EUA. Nos quatro anos seguintes, Hilleman se p�s a refinar a vacina e acabou por produzir a cepa ainda em uso.

    Outro fato crucial aconteceu em 1963: uma epidemia de rub�ola come�ou na Europa e rapidamente varreu o mundo. Nos EUA, o v�rus causou a morte de cerca de 11 mil rec�m-nascidos. Outros 20 mil sofreram defeitos cong�nitos.

    Hilleman j� estava testando sua pr�pria vacina quando a epidemia terminou, em 1965. Mas ele concordou em trabalhar com uma vacina que estava sendo desenvolvida por autoridades reguladoras federais. Em 1969, ele j� a havia refinado a ponto de obter aprova��o governamental e evitar outra epidemia de rub�ola. Finalmente, em 1971, ele juntou as suas vacinas contra sarampo, caxumba e rub�ola, substituindo seis inje��es por apenas duas.

    Em 1998, a respeitada revista m�dica brit�nica "The Lancet" publicou um artigo alegando que a vacina tr�plice viral havia causado uma epidemia de autismo.

    M�ltiplos estudos independentes acabariam demonstrando que n�o h� vincula��o entre a vacina tr�plice e o autismo, e o artigo original foi anulado.

    Jeryl Lynn Hilleman, hoje consultora financeira de start-ups de biotecnologia no Vale do Sil�cio, disse que seu pai se guiou "pela necessidade de ser �til -�til �s pessoas e �til � humanidade". "Tudo o que eu fiz", acrescentou ela, "foi ficar doente na hora certa, com o v�rus certo e com o pai certo".

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Reda��o - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024