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    �nibus vira consult�rio oftalmol�gico e leva atendimento gratuito � periferia

    PATRICIA PAMPLONA
    DE S�O PAULO

    14/03/2016 15h17

    Os moradores de Cidade Tiradentes, na zona leste de S�o Paulo (SP), que aguardam na fila do SUS por um atendimento oftalmol�gico ter�o um novo servi�o para ajudar a reduzir o tempo de espera por uma consulta na rede p�blica.

    Desde quarta-feira (9), o �nibus consult�rio "Vis�o de Futuro" realiza diagn�sticos r�pidos no estacionamento do Hospital Municipal Cidade Tiradentes.

    No local, s�o realizados exames oftalmol�gicos e vasculares e cirurgias das mesmas �reas em pacientes encaminhados pelo SUS, em parceria com a Prefeitura de S�o Paulo.

    Al�m do �nibus, a Cidades Tirantes conta com dois consult�rios montados dentro de cont�ineres para atendimento especializado em doen�as vasculares e uma carreta para pequenas cirurgias, como catarata.

    A arena, como � chamado o conjunto dessas estruturas, � uma iniciativa do Cies (Centro de Integra��o Educa��o e Sa�de), projeto que leva atendimento m�dico a comunidades carentes por meio de um centro m�vel criado pelo m�dico Roberto Kikawa, vencedor do Pr�mio Empreendedor Social em 2010.

    "Espero que um dia esse trabalho vira pol�tica p�blica, assim como aconteceu com as cirurgias de catarata e vascular", diz Kikawa. "E, que assim, possamos ter um impacto maior na sociedade e as pessoas enxergando melhor."

    A Folha acompanhou o primeiro dia de consultas e das 50 pessoas que estavam agendadas, 38 compareceram.

    No total, 26 pacientes receberam indica��o para o uso de �culos e 12 sa�ram com uma arma��o gratuita. J� os demais fizeram o pedido para receber o par de lentos em at� 20 dias, tamb�m sem custo. Os casos cir�rgicos receberam o encaminhamento adequado.

    Todos os pacientes do SUS encaminhados para o �nibus t�m direito aos �culos, caso seja necess�rio.

    A expectativa � que sejam realizadas de 50 a 100 consultas por dia.

    A unidade m�vel de atendimentos oftalmol�gicos � a primeira montada pelo Cies. O �nibus surgiu de uma parceria com a gigante da fabrica��o de lentes Essilor, respons�vel por marcas como Varilux e Crizal.

    Solange Ancelmo, 48, desempregada, foi uma das primeiras atendidas pela iniciativa. Ela esperou quatro meses pela consulta ap�s ir ao posto de sa�de com a vista emba�ada e dificuldade para enxergar de perto.

    "Como preciso de uma lente multifocal, e eles n�o t�m, vou sair com dois �culos daqui", diz Solange, que reclama da demora para agendar procedimentos no SUS. "Foi pouco [aguardar quatro meses]. J� esperei seis meses ou mais [por uma consulta]", relata.

    O aut�nomo Cl�udio de Melo, 44, saiu do local com uma arma��o pronta e tamb�m enfrenta problemas com o SUS. "Normalmente, demora muito tempo. Esperei dois anos e meio para fazer um teste ergom�trico", conta.

    Para ser atendido na unidade m�vel do Cies, no entanto, Cl�udio esperou menos de um m�s.

    "N�s temos rede pr�pria e temos tamb�m essa parceria para agilizar os atendimentos mais priorit�rios que percebemos na fila de espera", afirma Marta Pozzani, supervisora de sa�de da Cidade Tiradentes.

    Segundo Marta, a parceria com o Cies foi importante para aliviar a fila de espera das consultas com especialistas na �rea vascular e oftalmol�gica. "Algumas pessoas [aguardam] de tr�s a quatro meses e agora vamos reduzir para menos de um m�s a espera."

    GR�O DE AREIA

    De acordo com Kikawa, a nova unidade m�vel � inovadora aos modelos anteriores de consult�rio m�vel.

    "O consult�rio � bem compacto. A base � um �nibus escolar justamente para chegar perto da comunidade, que muitas vezes tem dificuldade no acesso por causa de pavimenta��o ruim", afirma o m�dico.

    A parceria com a Essilor foi de US$ 93 mil, cerca de R$ 366 mil, de acordo com a cota��o da moeda em dezembro de 2015, quando foi fechado o investimento.

    O �nibus custou R$ 100 mil e a adapta��o mais R$ 86 mil. Os equipamentos para realiza��o de exames ultrapassam outros R$ 100 mil.

    A iniciativa faz parte do fundo Vision for Life da Essilor, que atua em diferentes pa�ses para levar qualidade de vida �s pessoas por meio da vis�o. A estimativa da empresa � que, no Brasil, 40 milh�es de pessoas precisem usar �culos.

    "Estamos falando aqui de 50 consultas por dia. Isso deve dar por volta de 13 mil pacientes por ano, se operar todo dia. A gente espera que, desses 13 mil, 8.000 saiam daqui necessitando de um �culos e a gente vai suprir essa demanda", afirma Tadeu Alves, presidente da Essilor para a Am�rica Latina.

    No entanto, Alves reconhece que, perto do total, o impacto � pequeno. "� o nosso gr�ozinho de areia para ajudar. Espero que outras empresas e outros segmentos possam se associar a essa iniciativa do doutor Roberto e ajudar a popula��o que necessita."

    O Cies j� atua levantado atendimento m�dico para pacientes no SUS em unidades m�veis h� 12 anos.

    No local, � poss�vel fazer exames como eletroneuromiografia, ultrassom, ecocardiograma, coleta de sangue e eletrocardiograma. Tamb�m s�o feitas cirurgias de prostectomia, h�rnia, ortop�dicas e outras de pequeno porte, como de unha encravada, lipoma, cisto, catarata e de retirada de verrugas. Nos pr�ximos meses, a carreta passar� a realizar cirurgias vasculares, como a de varizes. Esta � a primeira carreta m�vel do pa�s com licen�a da Anvisa para realizar pequenas cirurgias.

    O projeto oferece exames e cirurgias em diferentes especialidades como dermatologia, cardiologia e ortopedia. Recentemente expandiu sua atua��o para Estados Unidos e Col�mbia.

    A unidade ficar� na regi�o at� o fim de mar�o, quando ir� atender em Perus, zona norte da capital.

    O funcionamento � de segunda a sexta, das 8h �s 18h, e s�bado, das 8h ao meio-dia.

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