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Política, Sudam

Memória – Autoridade e autoritarismo

(Texto de janeiro de 2001)

A expressão “dourar a pílula” quer dizer que nem tudo que reluz é ouro, como nem tudo que balança cai. Por fora é uma coisa. Por dentro, outra. Para consumo externo, o governador Almir Gabriel está dizendo que sua completa ausência das reuniões do Conselho Deliberativo da Sudam, em seis anos, é um protesto contra os erros e vícios na condução da superintendência por homens indicados pelo senador Jader Barbalho e, por isso mesmo, do seu esquema político e negocial.

Menas verdade. Sua excelência passou a ignorar a Sudam quando sua indicação para a chefia do órgão, o empresário Fernando Flexa Ribeiro (presidente regional do PSDB e candidato derrotado ao senado), foi vetado por Brasília, depois de ter sua confirmação anunciada, o que o levara até a dar entrevista à imprensa como se já fosse o chefão da Sudam. Quem colocou o dedo no suspiro, como diz o povo, foi lui-même, a besta-fera do PMDB [Flexa integra hoje o governo Helder Barbalho].

Desde então pela Sudam já passaram Frederico Andrade, Alcyr Meira, Arthur Tourinho, Maurício Vasconcelos e Hugo de Almeida. O único elo entre eles é o mesmo Jader. Mas se com Tourinho e, em menor escala, com Vasconcelos, a costura do senador era forte e estreita, com os outros, nem tanto, ou muito menos. Frederico, por exemplo, paraense que havia se transferido para a Zona Franca de Manaus, deve sua nomeação mais à sustentação política amazonense (Mestrinho e Amazonino à frente) do que ao apadrinhamento de Jader. Seu desempenho à frente da Sudam foi muito mais técnico do que político.

Todos, sem exceção, foram ao gabinete do governador convidá-lo a ir ao Condel. O governador, invariavelmente cortês e desenvolto nessas ocasiões, sempre prometia aparecer, um dia. Jamais apresentou críticas ou fez restrições, nem nesses encontros reservados, nem numa aparição – ainda que única – no Condel, para tocar a fera pessoalmente. Muito menos de público, como agora faz, quando o caldo já está entornado e há cachorros doidos atrás de – muitas e sortidas – latas de lixo nas esquinas de incentivos fiscais permissivos e lenientes.

As razões que o governador apresenta, a posteriori, perderam aquele fio condutor a que se costuma dar o nome de autoridade moral. Que, como se sabe, mas nem sempre se lembra, não é sinônimo de autoritarismo.

Discussão

2 comentários sobre “Memória – Autoridade e autoritarismo

  1. saudades de ir a banca de jornal( depois de juntar cada centavo) para comprar o Jornal Pessoal na minha adolescência.

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    Publicado por Thiago | 3 de julho de 2024, 17:57

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