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Internacional

Não é guerra a da Ucrânia

Catorze meses depois de invadir a Ucrânia, a Rússia continua chamando a guerra que provocou de “operação militar especial”. Terá sido muito bom se o chanceler Lavrov, no encontro de hoje com o presidente Lula, em Brasília, lhe haja esclarecido a diferença entre operação especial e guerra. Não será por sua menor importância ou menor agressividade.

Hoje mesmo, a agência russa Sputinik informou que “o regime de Kiev” perdeu mais de 270 militares e mercenários, um tanque e outros equipamentos militares.

Seria bom que o dinâmico ministro das Relações Exteriores da Rússia explicasse como é feita a identificação dos mercenários mortos e por que a contabilidade sangrenta não os distingue dos militares ucranianos.

De acordo com os dados do Ministério da Defesa da Rússia, desde o início da “operação militar especial”, em 24 de fevereiro do ano passado, para a “desmilitarização e desnazificação da Ucrânia”, foram destruídos 407 aviões, 228 helicópteros, 3.764 drones, 415 sistemas de defesa antiaérea, 8.699 tanques e outros veículos blindados de combate, 1.086 lançadores múltiplos de foguetes, 4.606 peças de artilharia de campanha e morteiros e 9.552 veículos militares especiais do adversário.

Discussão

4 comentários sobre “Não é guerra a da Ucrânia

  1. Lula sendo Lula: ou por ignorância ou por simples má fé

    As recentes declarações do presidente da República sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, responsabilizando também o país agredido – e não apenas o país agressor – pela guerra que já dura um ano, reinseriram o Brasil na rota mundial dos vexames institucionais (essa é a quadratura do círculo ou círculo quadrado diplomático o qual já havia dito aqui neste blog: primeiro, devido ao papel ridículo que a Dilma desempenhou na questão israelo-palestina, viramos anões diplomáticos, depois, sob Bolsonaro e seu golpismo, viramos párias, e, agora, sob Lula III, voltamos a ser anões, dessa vez em relação a questão ucraniana. E como não esquecer o papel igualmente vergonhoso que o líder petista, no seu segundo mandato, junto com o negacionista do Holocausto Ahmadinejad, então presidente iraniano, desempenhou no tocante ao Oriente Médio, bem como o fato de Biggs, Battisti e Mengele terem transformado o nosso país em rota turística da impunidade).

    Desde a viagem à Argentina e ao Uruguai, a primeira do novo mandato, quando elogiou a inflação portenha de 94% ao ano e defendeu mais uma vez as protoditaduras sul-americanas, Lula não nos causava tanta vergonha diplomática (só não causou mais que o Coiso anterior). Não sei se por ignorância pantagruélica (pesquisem quem foi Pantagruel) ou costumeira má fé (que o faz aliar-se a ditadores e terroristas mundo afora), mas o Sapo Barbudo teima em não apenas escolher o lado errado, como a hora errada, o contexto errado e as palavras erradas. Responsabilizar a Ucrânia pela guerra vale dizer aos ucranianos que se rendam, que entreguem sua pátria, suas propriedades, suas riquezas, suas crenças, seus valores, suas famílias, seu futuro, enfim, a um tirano autocrata expansionista, que é Vladimir Putin. É a mesma coisa que dizer que uma vítima de feminicídio ou estupro é culpada pelo crime que sofreu, bem como é dizer que os judeus foram culpados pelo extermínio que sofreram nas mãos dos nazistas. Ao mesmo tempo, afirmar que os Estados Unidos e a União Européia incentivam o conflito é pretender abandonar à própria sorte a Ucrânia, deixando o país e sua população sem armas e suprimentos militares, de joelhos diante do gigantesco exército russo.

    Os petistas e bolsonaristas adoram criticar, cada um a seu modo, aquilo a que chamam “falsa simetria” entre o pai do Ronaldinho dos negócios e o ex-verdugo do Planalto (o qual, ano passado, chegou a prestar solidariedade ao Putin e negou que crianças ucranianas estavam sendo mortas pelo exército russo, bem como, esquecendo que isso aconteceu, talvez por ter um cérebro microscópico, tão logo seu rival fez a besteira, meteu a colher. É o sujo falando do mal lavado, o roto falando do esfarrapado) destacando ser impossível comparar os erros de cada um. Pessoalmente, eu não concordo. Até porque, quando comparo os dois, não faço simetria alguma, apenas exponho quem e o que são. Mas dando de boa que estejam com a razão, pergunto: equiparar Ucrânia e Rússia não seria, aí sim, uma falsa simetria? Culpar por um conflito trágico, com perdas humanas e econômicas gigantescas, igualmente quem agrediu e quem se defendeu, não é errado? Pena que não houve alguém pra dizer ao Lula: porque no te callas?

    Pessoalmente, não dá pra esperar coerência e bons propósitos intelectuais do presidente Lula. Mas às vezes, sinceramente, ele se supera e consegue surpreender na tibieza de seus pensamentos. E pensar que ainda temos longos 1360 dias, no mínimo, pela frente. Afinal, o que Sua Excelência, o presidente da República, ganha se metendo onde não foi chamado? Se fosse numa guerra de verdade envolvendo nós, já que nosso Exército só quer saber de engordar seus integrantes, fazer serviços tipo pintar meio fio, sustentar astronomicamente seus integrantes e dependentes deles, e seus tanques só sabem soltar fumaça (lembra-se disso?), Lula ia atacar de quê? De Nossa Senhora da Aparecida? Só se for aquela do Auto da Compadecida!.

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    Publicado por igor | 17 de abril de 2023, 19:19
  2. Raptaram crianças, estupraram mulheres, torturaram e etc. Hipocrisia a defesa dos yanomanis e a indiferença com os ucranianos. Se uma dessas crianças fosse um neto do Lula, mudaria sua postura covarde. Esta guerra é um „divisor de águas „.

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    Publicado por Paulo | 17 de abril de 2023, 23:38
  3. Para debate, eis outro texto de Mario Sabino, do Metrópoles, sobre Lula, Rússia e Ucrânia:

    “Lula suja as mãos de sangue” (18/04/2023)

    [Ao igualar Zelensky a Putin e receber o pária internacional Sergei Lavrov, um oligarca cínico, o presidente também mancha a imagem do Brasil]

    [Sergei Lavrov, o chanceler russo que é cúmplice do criminoso de guerra Vladimir Putin na sua agressão à Ucrânia, disse em Brasília, depois do seu encontro com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que “as visões do Brasil e da Rússia são similares em relação aos acontecimentos que ocorrem no mundo, e estamos atingindo uma ordem mundial mais justa, correta, baseando-se no direito, e isso nos dá uma visão de mundo multipolar”.

    É uma vergonha para nós, brasileiros, que um cúmplice do criminoso de guerra Vladimir Putin — o agressor brutal do povo ucraniano, o condenado no Tribunal de Haia pelo sequestro de 6 mil crianças do país vizinho, o tirano que afronta cada palavra e vírgula do direito internacional — possa dizer que o Brasil tenha “visões similares” às da Rússia sobre qualquer assunto relativo à ordem mundial.

    Na sua obsessão de reviver o império soviético, Vladimir Putin procura desestabilizar as democracias americana e europeias e combate com ferocidade os valores ocidentais de liberdade, tolerância e diversidade. No seu descolamento da realidade, o que não o torna um louco, mas um genocida, Vladimir Putin transformou o outrora glorioso Exército Vermelho numa chusma de assassinos estupradores, secundados pelos mercenários da Wagner (https://oantagonista.uol.com.br/mundo/neonazista-chefia-mercenarios-de-putin/) — a milícia que, patrocinada pelo Kremlin, comete ainda mais livremente atrocidades na Ucrânia e faz toda sorte de porcarias na África.

    A vinda de Sergei Lavrov ao Brasil, para “discutir a paz na Ucrânia” com o chefe do Itamaraty e com o próprio Lula (https://www.metropoles.com/colunas/mario-sabino/a-adesao-de-lula-ao-eixo-pequim-moscou-e-ideologica-nao-pragmatica), é uma infâmia. Fomos a etapa inicial do roteiro de pária internacional que inclui Venezuela, Nicarágua e Cuba. Antes de ir embora, para completar o teatro indecoroso, ele ainda deu uma “aula” no Instituto Rio Branco a futuros diplomatas brasileiros. Disse que os países da Europa Ocidental usavam táticas do ministro nazista Joseph Goebbels, para fazer “propaganda” anti-russa em relação à Guerra da Ucrânia. O cinismo do sujeito não tem limites.

    Sergei Lavrov é mais um oligarca russo que se beneficia diretamente do regime opressor de Vladimir Putin. Ele teve os seus bens pessoais congelados no Ocidente, em retaliação à invasão de território ucraniano. De acordo com um levantamento feito pela organização anticorrupção de Alexei Navalny, a fortuna imobiliária visível de Sergei Lavrov é de 8.2 milhões de dólares, totalmente incompatível com os seus rendimentos. Já a amante do chanceler russo, Svetlana Polyakova, tem um patrimônio em imóveis inexplicável, que foi avaliado em 12 milhões de dólares. Informações como essas na Rússia têm preço contabilizado em vidas. Alexei Navalny, que hoje padece na prisão, quase morreu envenenado em 2020, vítima do método preferido de Vladimir Putin para eliminar adversários políticos.

    Ninguém duvida de que a riqueza invisível de Sergei Lavrov, de 73 anos, é bem maior, graças à sua fidelidade murina a Vladimir Putin e à sua adesão desavergonhada aos métodos de enriquecimento ilícito do criminoso de guerra. Até a invasão da Ucrânia, o chanceler russo levava uma vida de bilionário e gozava boa parte do seu tempo entre temporadas numa mansão em Kensington, um dos bairros mais caros de Londres, e viagens em iates de cair o queixo, como o que está no nome do oligarca assumido Oleg Deripaska.

    A sua companheira de fausto é Svetlana Polyakova. A amante tem uma filha, Polina Kovaleva, que mora na capital do Reino Unido em um apartamento avaliado em 5,5 milhões de dólares. Quem é o verdadeiro pai de Polina? A mulher oficial de Sergei Lavrov não deve ter dúvida.

    Nesta semana, o jornal francês Le Monde publicou uma excelente reportagem sobre a tragédia ucraniana. Intitula-se Mariupol, crônica de um martírio, na qual o repórter conta como os russos vêm apagando as marcas dos seus crimes na cidade que foi ocupada ao custo da morte de dezenas de milhares de civis, muitos deles simplesmente executados. Recomendo a sua leitura no Instituto Rio Branco, como antídoto à “aula” do chanceler russo.

    Outro relato sobre a perversidade em curso na Ucrânia foi veiculado pela organização russa Gulagu.net (https://gulagu.net/), que agora tenta defender os direitos humanos a partir de Paris. Dois integrantes do grupo Wagner, recrutados na prisão entre a escória russa, uma das fontes que alimentam a milícia, contaram como executaram crianças nas cidades ucranianas de Bakhmut e Soledar. Um deles, Azamat Uldarov, disse que matou com um tiro na testa uma menina de 5 anos. “Executei a ordem com esta mão”, disse ele, em vídeo. “Matei crianças, inclusive as de cinco anos”.

    Azamat Uldarov e Alexei Savichev detalharam à Gulagu.net a execução de mais de 20 crianças e adolescentes ucranianos, além da explosão de uma fossa com mais de 50 prisioneiros feridos e a “limpeza” de prédios residenciais, com o trucidamento dos seus moradores. Alexei Savichev afirmou que a ordem era para fuzilar todos os ucranianos que tivessem a partir de 15 anos e que os ucranianos com essa idade “dificilmente podem ser considerados civis”.

    O Brasil tem mesmo “visões similares” às da Rússia, como disse Sergei Lavrov?

    Lula suja as suas mãos de sangue, ao comparar Volodymyr Zelensky a Vladimir Putin, ao igualar vítima e agressor, ao receber um oligarca cínico no Palácio do Planalto e ao pregar uma nova ordem mundial sob os tacões russo e chinês, como se os brasileiros pudessem extrair vantagem disso. Pior que manchar a si próprio, Lula mancha o país.]

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    Publicado por igor | 18 de abril de 2023, 14:12
  4. Como senão tivessemos problemas suficientes, por aqui,Lula,na sua vocação “megalonanica””, ainda quer nos arruma outros desnecessários.Só pra ilustrar: o tal”arcabouço fiscal” que em tese, vai conseguir zerar o déficit de170 bi, teve sua entrega adiada,pela enésima vez.

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    Publicado por Jose Otavio Figueiredo | 18 de abril de 2023, 15:28

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