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'Emily em Paris', série da Netflix, não tem graça

Patrícia Kogut

Cena de 'Emily em Paris', da Netflix (Foto: Divulgação/Netflix)Cena de 'Emily em Paris', da Netflix (Foto: Divulgação/Netflix)

 

O filósofo francês Henri Bergson, autor de “O riso”, apontou alguns fatores que podem motivar uma gargalhada. Aquilo que foge ao padrão e provoca surpresa é um deles. Comportamentos desajeitados também. Quando alguém escorrega e isso diverte os que assistem a essa cena, a insensibilidade humana fica em evidência, concluiu ele. “Emily em Paris”, série que estreou na Netflix e virou assunto nas redes sociais, faz pensar no que Bergson escreveu.

A personagem-título é interpretada por Lily Collins (a Fantine de “Les misérables” da BBC). Americana, a moça se muda para Paris, levada por uma oportunidade de emprego. Chegando lá, porém, sofre um choque cultural tão grande que sequer consegue dimensionar: ela tem a inocência dos caipiras. Já seus colegas de trabalho franceses são elegantes e arrogantes. Emily é tratada com desprezo e sofre bullying. A série tenta misturar comédia a romance leve e paisagens de Paris.

 

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Nada contra os contrastes de comportamento gerando situações cômicas. O problema é a falta de graça. O abuso de clichês também não seria necessariamente uma complicação. Mas aqui, mal postos, eles tornam a trama ainda mais inconvincente. Emily veio de Chicago, uma cidade cosmopolita, mas se porta como uma jeca tatu do Kentucky. Deixou para trás um namorado. Ele também lembra o Chico Bento dos quadrinhos de Mauricio de Sousa. Os franceses, por sua vez, são de uma antipatia caricata. Para piorar, o roteiro brinca com o politicamente correto e o sexismo. Mas os estereótipos deixam o debate ridículo.

“Emily em Paris” é tão ruim que não vale nem pelos lindos cenários. Para ver Paris, é melhor procurar as três primeiras temporadas de “Dix pour cent” (também na Netflix) enquanto aguardamos a quarta (já no ar na França).

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