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Luta de classes e a invenção do futebol na série 'The english game'

Patrícia Kogut

'The english game' (Foto: Divulgação)'The english game' (Foto: Divulgação)

Ironia das ironias, “The english game” chegou à Netflix em plena pandemia, quando os estádios de futebol estão fechados. A série em seis episódios narra os primórdios do esporte. É uma criação de Julian Fellowes e, em alguns aspectos, lembra “Downton Abbey”, sua obra mais aclamada. De novo há um contexto histórico e muito apuro estético, além de uma certa doçura que amacia trechos mais áridos da trama.

A narrativa começa em 1879 e trança as trajetórias de duas figuras de classes sociais bem diversas, mas que se encontram nos campos para jogar. Fergus Suter (Kevin Guthrie, ator que emociona) é um operário nascido na Escócia, que se muda para Darwen, cidadezinha da região de Lancashire, no Norte da Inglaterra. Ele vai a convite de James Walsh (Craig Parkinson), dono de uma tecelagem. A ideia é trabalhar na fábrica e, nas horas vagas, impulsionar o time de futebol dos operários. O outro protagonista, Arthur Kinnaird (Edward Holcroft), é o capitão dos Old Etonians. Seu time é composto de playboys arrogantes egressos de Eton, a universidade da aristocracia. O abismo social entre eles se reflete até fisicamente: enquanto os abastados são atléticos, seus oponentes tendem ao franzino.

 

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O futebol ainda não era um esporte profissional: suas regras estão em construção. Os times se enfrentam em sucessivas partidas. Paralelamente, transcorrem os choques sociais. Os operários batalham por direitos trabalhistas. A associação de donos de fábricas quer achatar salários. Há ameaças de greves.

Existe um duplo sentido no título de “The english game”. A série trata de jogos em geral. Fala tanto das regras do esporte quanto daquelas que servem a ordenar uma sociedade. A produção tem ainda romance e lindos cenários. Merece a sua atenção.

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