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Isabel Teixeira fala da repercussão de 'Pantanal'

Gabriela Antunes

Isabel Teixeira como Maria Bruaca no remake de 'Pantanal' (Foto: Reprodução)Isabel Teixeira como Maria Bruaca no remake de 'Pantanal' (Foto: Reprodução)

 

Se existem unanimidades no remake de "Pantanal", uma delas é a Maria Bruaca de Isabel Teixeira. A personagem tem sido uma das principais nos capítulos mais recentes e rouba a cena toda vez que aparece na tela. Queridinha do público, ela está no centro das conversas dos espectadores e também ganha elogios da crítica especializada. A atriz analisa tamanha repercussão:

- Tudo é uma conjunção de fatores. Primeiro, a novela está muito forte como um todo. Se eu paro para pensar, é um trabalho que tem milhões de camadas: o elenco, a direção, o figurino, a maquiagem... Acho que nunca fiz um trabalho tão coletivo quanto esse. O teatro, de onde eu venho, é muito coletivo também, mas aqui estamos vivendo algo épico. E depois, sim, tem o fato de ela ter uma força muito grande. É uma personagem clássica, no sentido de que ela é meio atemporal. Tem uma força no texto e na criação original da Ângela Leal, que também considero autora da Maria. Quando li o texto desta versão, vi muito da Ângela ali. 

Isabel confessa que o sucesso da personagem foi tão grande que surpreendeu. 

- Foi um pouco mais do que eu esperava e tenho me perguntando o porquê. E não são só as mulheres que gostam dela. Então, acho que tem uma coisa nessa personagem que é o dispositivo da mudança. E a mudança requer movimento Isso conversa com a vontade de movimento que as pessoas estão sentindo no Brasil hoje. É uma conjuntura de fatores. 

A atriz ressalta ainda que a situação de Maria em sua vida e em seu casamento com Tenório (Murilo Benício) é parecida com a de muitas pessoas na vida real:

- Ela estava cristalizada naquele cotidiano e viveria ali naquela casa para sempre. De repente, a Guta (Julia Dalavia) chega numa 4x4. A cena é até emblemática, ela rompendo ali aquele terreno numa linha reta para mudar tudo. Quando a Bruaca descobre a outra família do Tenório, é como se o chão concreto dela entrasse em um abalo sísmico. Ela tenta se segurar, literalmente. Se apoia nos móveis, na sexualidade. Quem não conhece em algum grau alguém que esteja estagnado? Que para e pensa: "Isso é bom para mim? Por que ainda estou aqui se isso nem é tão bom?". As pessoas se identificam com ela por isso. A Guta tem um olhar da força da juventude, da vontade de mudar. A gente olha e acha lindo, deslumbrante, mas não é bem assim. Eu e Murilo conversamos muito sobre a construção desse casal. Uma coisa sobre a qual falamos foi o ritual dos dois de "abrir a cama" para deitar. Eles fazem isso há 30 anos. É quase uma coreografia que você faz sem pensar. Se desvencilhar daquilo deve dar um medo aterrador, é um passo para o abismo. Meu desejo é que todo mundo consiga dar esse passo a partir do coração. O caminho vai se fazer. Mas é confuso, dolorido e triste.

 

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O sucesso de Maria Bruca se reflete nas redes sociais. Ela é tema de grande parte dos memes e comentários dos espectadores na internet, como aconteceu com o diálogo sobre a fivela do cinto de Alcides (Juliano Cazarré). A atriz, que não costuma usar as redes, aprendeu a encontrar as publicações sobre a personagem e se diverte lendo tudo enquanto assiste à novela:

- Eu não sou uma usuária de Twitter, nunca mexi, não sei mexer. Mas agora sei procurar os termos da novela, organizar pelas postagens mais recentes e ir lendo os comentários enquanto assisto. É um bom humor impressionante. Acho maravilhoso ler esses memes. E este momento coletivo lembra muito a minha juventude, quando minha família de Ubatuba se arrumava e se reunia para ver a novela e comentar. 

Além dos memes com as cenas engraçadas de Maria e suas respostas malcriadas para o marido, também se destaca a torcida pelo casal 'Brucildes', formado por Bruaca e Alcides:

- É maravilhoso isso, uma delícia. E o legal é que cada um deles tem a história própria. Não é o Alcides que salva a Bruaca, ela que se salva. E isso conversa muito com o mundo de hoje. Eu tenho uma filha, Flora, de 11 anos, e a realidade dela não é mais a da Bela Adormecida, que fica ali paralisada esperando o príncipe. Não. A salvação é um processo de dentro para fora. Então, a trajetória de casal é também uma trajetória de autoconhecimento de cada um deles.

E quem vê Isabel dominando um papel tão emblemático em "Pantanal" até esquece que a novela é apenas a segunda de sua trajetória na TV - a estreia foi em "Amor de mãe":

- Sempre trabalhei querendo alcançar o coração do outro. Meu oficio é o teatro, podia ser outro, mas sou uma atriz de teatro. Então, estou aprendendo uma nova faceta do meu oficio, uma técnica totalmente diferente. Ao mesmo tempo, aqui é uma natureza que eu não conhecia também. Estou descobrindo essa força. Numa folga recente, saímos de canoa e fomos para uma praia. Os jacarés e os bichos estavam lá. É muito impressionante. Estou desbravando duas naturezas, a natureza real daqui e a desse audiovisual particular que é a novela.

 

Compare o elenco atual com o da versão original:

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