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Morte em 'Quanto mais vida, melhor!', A Maia fala da carreira

Gabriela Antunes

A Maia poda com look Balenciaga Haute Couture para o fotógrafo Italiano Fabio Nosotti (Foto: Fabio Nosotti)A Maia (Foto: Fabio Nosotti)

Nas próximas semanas, "Quanto mais vida, melhor!" vai passar por uma grande virada. A Morte, cansada de ver os quatro protagonistas cometerem erros, fará com que eles "troquem de corpos". Intérprete da personagem, a atriz, modelo e cantora transexual Marcella Maia, conhecida como A Maia, conta que os atores pediram opinião sobre o melhor tom para a mudança:

- Cheguei a conversar com todos eles. Vladimir Brichta e Mateus Solano, principalmente, fizeram questão de me incluir no processo, como mulher camaleoa que sou, que passou por várias transições. Disse para eles não caírem no lugar do caricato e do trans fake. O que a gente pensa como essência do feminino e masculino foi construído socialmente. A gente sabe que a dramaturgia teve sua parcela de culpa em reforçar estereótipos e, de certa forma, incentivar a onda de preconceito e marginalização que existe ao redor da transição. Cabe muito a nós, enquanto atores, desmistificar isso e não reforçar lugares-comuns. Foi uma experiência muito rica poder ser ouvida por atores tão renomados. Fico feliz por eles perguntarem. Estou sempre na espera de mais espaço para falar sobre minhas ideias e preparadíssima. Foi uma troca muito boa.

Estreando em novelas, A Maia comemora a repercussão do seu papel na trama:

- É um sonho poder viver uma personagem tão importante e tão necessária para a história. O carinho do público é surreal e maravilhoso. Pouco depois da estreia, fui ao Brás (bairro de São Paulo) gravar um trabalho e as pessoas começaram a me reconhecer. Muita gente apontava: "Olha, é a Morte". Outras brincavam e se escondiam de mim. Foi muito legal. Fora a repercussão no nas redes, que é enorme também. 

 

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Antes de alcançar seus objetivos, A Maia teve uma infância atribulada e começou a trabalhar com 12 anos para ajudar a família. Ela conta que seu exemplo de superação inspira muitas pessoas.

- Principalmente pessoas das periferias, de onde eu vim. Hoje, tenho a vida que sonhei. Vivo bem, gosto de luxo e tenho uma vida cara. Mas quem vê close não vê o corre. Sempre tento falar a verdade: estudar e correr atrás me trouxeram até aqui. Sempre tento frisar isso: de onde a gente vem, a gente tem que estudar para ser o melhor naquilo que queremos.

A atriz também é referência para as pessoas trans. Hoje com 30 anos, ela passou por sua transição de gênero no começo da vida adulta e fez a cirugia de redesignação sexual aos 21.

- Anos atrás, quando eu comecei a trabalhar, eu não tinha referências. Hoje, me emociono com várias meninas trans me escrevendo. É maravilhoso saber que elas têm pessoas em quem se inspirar, mesmo lá de Santa Cruz, Barbosa Lage, nos becos e vielas onde cresci. Adolescentes me veem e falam: "Quero ser que nem ela". Claro, para a gente é muito mais difícil, não vou romantizar. Muitas vezes, nosso pior inimigo é a gente mesmo. A opinião do outro não importa droga nenhuma. O importante é focar em si mesmo, no que você quer fazer. Minha transição foi um tiro no escuro. Nasci essa mulher e, quando eu decidi fazer mesmo a transição, foi tudo muito rápido. Fui para a Tailândia e, de repente, estava operada. Sempre fui tímida e sofria muito bullying, mas costumo dizer que ali eu renasci. E aí esse abuso veio naturalmente - diverte-se ela.

Com o fim das gravações da novela, A Maia voltou para Portugal, onde mora, e aguarda o resultado de alguns testes para saber seu próximo trabalho como atriz:

- Fiz testes para Netflix tanto da Espanha quanto da Itália, porque falo as duas línguas mais o português e o inglês. Também estou realizando o sonho de comprar a minha primeira casa. E, em breve, vou lançar música e clipe do meu primeiro feat. Acho que vai ser o meu maior hit.

A Maia como a Morte em 'Quanto mais vida, melhor!' (Foto: Globo / João Miguel Jr.)A Maia como a Morte em 'Quanto mais vida, melhor!' (Foto: Globo / João Miguel Jr.)

 

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