Fernanda Nobre (Foto: Reprodução)
Vinte anos depois de contracenarem em "Malhação", Fernanda Nobre e Cauã Reymond estão se reencontrando na TV. A atriz entrou em "Um lugar ao Sol" como Maria Fernanda para sacudir a vida de Christian, personagem do ator. Ela apareceu na história dizendo que teve um filho com Renato, o gêmeo dele.
- Eu estou viciada na novela. Parece até que não li os capítulos. Fico acompanhando pelo Twitter e percebo que as pessoas sentem pena porque ele não tem um dia de paz. Ao mesmo tempo, dizem: "Olha lá, ela está chegando para acabar com a vida dele" - diverte-se a atriz.
Nos próximos capítulos, Elenice (Ana Beatriz Nogueira) fará um teste de DNA escondido e conseguirá provar que a criança tem outro pai:
- Lícia (Manzo, autora) é uma gênia. Fez essa personagem como uma mulher nada moralista. Ela é jovem, livre. Encontrou o Renato num momento em Paris e eles viveram uma história de amor. Mas ela estava solteira, vivendo relações com outros homens também. Ela achava mesmo que o filho era dele, mas descobre que não, que é de outro cara daquele momento. Ela queria que fosse dele. Vai se sentir frustrada.
Em breve, Fernanda estreará em outra produção, "Não foi minha culpa". Na série do Star+ sobre feminicídio, ela viverá uma vítima de relação abusiva:
- Durante as gravações, as cenas foram me dando gatilhos de coisas que vivi na minha vida desde que tenho 15 anos e que nem sabia que eram abusos. Não lembrava. Naturalizei por conta do machismo. A arte está tendo uma função política muito forte, falando sobre assuntos que precisam ser desmistificados, desconstruídos. Este não é só um trabalho, é uma forma política de posicionamento.
Relacionamento, aliás, é um assunto que Fernanda vem buscando abordar nas suas redes e em entrevistas justamente pelo viés da desconstrução. Ela quer mostrar que vários arranjos são possíveis e que a mulher deve ter sua liberdade de escolha. A atriz está com o diretor José Roberto Jardim há nove anos e, há três, eles decidiram abrir o casamento.
- As pessoas têm ido a mim como uma referência. Fico feliz com isso. Mais do que tratar de relacionamento aberto, minha proposta é falar do lugar da mulher na sociedade sem escolher. A mulher fica repetindo padrões, que nesse caso é a monogamia, sem saber se é o que quer, porque desconhece que existem outras maneiras. A monogamia é hipócrita, principalmente nos relacionamentos heterossexuais. As pessoas passam pelo sofrimento da traição, da deslealdade. Isso é cultural. Existe um interesse do masculino para que se continue aceitando esse sistema. A gente pode mudar isso e criar novas formas de se relacionar.
Fernanda conta que muitas mulheres mandam mensagens falando sobre o sentimento de posse e a dificuldade de lidar com ele no relacionamento aberto:
- Fácil é viver a abertura. Difícil é permitir a abertura para o outro. Me perguntam como eu lido com isso. Muitas mulheres têm vontade e interesse (em abrir relacionamento), mas sentem ciúmes, porque isso foi criado como controle social. É passo de formiguinha mesmo. Tem que haver um interesse de desconstruir isso. Eu achei difícil no começo e ainda acho. A cada experiência, um novo aprendizado. Eu e o José estamos em busca de um lugar de diálogo, de troca, de parceria, de generosidade com o outro.
Ela diz que, por ora, não pensa num relacionamento a três, por exemplo:
- Nosso encontro é nosso encontro. A gente quer ter uma relação mais saudável, menos moralista e hipócrita. Estamos em busca disso. Nós somos a prioridade. Temos uma relação de romance e de muita paixão ainda por causa disso. A gente está sempre se escolhendo, se questionando e exercitando esse romance. A gente conversa sobre as milhões de possibilidades de se relacionar, mas não temos vontade de mudar. Gostamos de morar juntos, somos bem parceiros em casa. Então, a três, não tenho vontade.
Fernanda Nobre e José Roberto Jardim (Foto: Reprodução)
SIGA A COLUNA NAS REDES
No Twitter: @PatriciaKogut
No Instagram: @colunapatriciakogut
No Facebook: PatriciaKogutOGlobo
