Ir para o conteúdo


Publicidade

Antigas novelas têm força e conquistam novos públicos

Patrícia Kogut

Cristiana Oliveira, a Juma Marruá da versão original de 'Pantanal' (Foto: Reprodução)Cristiana Oliveira, a Juma Marruá da versão original de 'Pantanal' (Foto: Reprodução)

 

A nostalgia é um poderoso motor da teledramaturgia. O sucesso dos remakes prova essa tese. Recentemente, com o anúncio de que a Globo vai produzir uma versão de “Pantanal”, a internet ferveu. A onda dos fãs foi tão poderosa que, na época, um estudo do Google feito para a coluna revelou que, durante semanas, o volume de buscas pelo termo “Pantanal” (a novela) era maior do que por “Pantanal” (a região, que estava em chamas e no centro do noticiário). Os internautas citavam os personagens de Benedito Ruy Barbosa nominalmente e se lembravam de cenas em detalhes etc. Com tudo isso, Cristiana Oliveira, que foi a Juma Marruá, voltou a dar entrevistas falando da novela que protagonizou na extinta TV Manchete.

As reexibições na TV linear (Vale a Pena Ver de Novo e canal Viva) e as plataformas que se multiplicam pela internet também ajudam velhas histórias a voltarem à vida. Nessa nova existência, esses enredos ganham uma camada narrativa inesperada: são vistos com os olhos de hoje. E a crítica também se aprofunda. “Laços de família”, no ar na Globo, é um exemplo disso. A novela de Manoel Carlos é de 2000. À primeira vista, parece uma trama contemporânea, mas, de lá para cá, muita coisa mudou. É impossível assistir a ela sem pensar, por exemplo, que Zilda, a empregada da casa de Helena (Vera Fischer), é vítima de exploração. A personagem de Thalma de Freitas (hoje vivendo nos EUA) não tem hora para encerrar o expediente. A legislação trabalhista hoje coíbe tal abuso. São questionamentos que se apresentam para o espectador de 2021, como se fossem uma trama suplementar, que corre na paralela. As histórias de Maneco, realistas, se prestam muito a comparações entre o passado e o presente, já que elas falam de comportamento.

Quem mudou? Quem está igual? Quem segue na carreira artística e quem mudou de rota? Listar onde está cada figura dos elencos dessas produções é outro vício do público dessas histórias. Por exemplo, Juliana Paes, hoje protagonista do horário nobre, faz um papel muito pequeno em “Laços de família”. Outra atriz vista em “Por amor” recentemente numa ponta foi Mônica Martelli. Também roteirista, ela se tornou uma estrela do teatro e da televisão depois de “Os homens são de Marte”.

Finalmente, rever antigas tramas também ajuda a aliviar as saudades de atores queridos. É o que vai acontecer com “A vida da gente”, que a Globo reprisará na faixa das 18h a partir de 1º de março. Uma das importantes personagens da história de Lícia Manzo, Iná, era interpretada por Nicette Bruno, vítima recente da Covid-19.

Tudo isso é memória da televisão, a indústria cultural mais forte do Brasil há tantas décadas.

 

SIGA A COLUNA NAS REDES

No Twitter: @PatriciaKogut

No Instagram: @colunapatriciakogut

No Facebook: PatriciaKogutOGlobo

Mais em Kogut

Publicidade