Mosaicos Culturais #55: Jorge Ben Jor e o manifesto de seu irmão de cor Charles Jr.

Em 1970, Jorge Ben lançou o seu sétimo álbum, Força Bruta. Observação: na época, Jorge Ben ainda não havia mudado o nome. Foi em 1989 que passou de Jorge Ben para Jorge Benjor, em seguida alterado para Jorge Ben Jor. O disco obteve sucesso comercial e crítico, consolidando o artista como um dos expoentes do movimento tropicalista. As composições foram reverenciadas pelos críticos devido aos seus contrastes entre melancolia e ritmos mais agitados (com informações da Wikipedia). Uma delas é Charles Jr. da trilogia dos Charles de Take easy my brother Charles e Charles Anjo 45.

Charles Jr. é um personagem baseado em um amigo de infância da Tijuca (bairro do Rio de Janeiro), conforme relato do cantor em entrevista à revista Veja em 1970. “Eu chamo Charles de anjo 45 porque ele era um cara bom, muito sentimento.” Ele explicita que “Eu acho que ele é um anjo porque ele tem aquele pulso, um pulso forte, ele tem um coração bom, o coração bom pros caras que são bons e o pulso forte pros inimigos. Então eu acho que ele é um anjo, ele é um justiceiro.”

Jorge Duílio Lima Meneses, conhecido por Jorge Ben Jor, é um músico e compositor multifacetado, atuando como violonista, pandeirista, guitarrista, percussionista e cantor. Seu estilo inconfundível, que mistura samba, bossa nova, rock, funk, jazz, maracatu, ska e outros ritmos, fez dele um dos pioneiros do samba-rock e do samba-soul. A revista Rolling Stones considerou Jorge Ben Jor o 5º maior artista da história da música brasileira (com informações da Wikipedia). Saiba e ouça mais Mosaicos Culturais de Ben Jor aqui.

 

Eu tenho fé, amor e a fé no século 21
Onde as conquistas científicas, espaciais, medicinais
E a confraternização dos homens, e a humildade de um rei
Serão as armas da vitória para a paz universal

Trecho de Charles Jr., de Jorge Ben

Este trecho foi citado nas faixas Abenção Mamãe, Abenção Papai (1984), do próprio Jorge Ben, e Vivão e Vivendo (2002), do Racionais MC’s. O grupo convidou Jorge para cantar a versão de 1984 na abertura do show 1000 Trutas 1000 Tretas (2006), lançado em DVD (culturablack.com.br).

Ao som de Charles Jr., Júlia Custódio, estudante de Jornalismo na Escola de Comunicação e Artes da USP, participou da enquete do programa Mosaicos Culturais, da Rádio USP. Júlia comenta sobre a célebre mescla musical entre rock e samba que o artista apadrinhou, variando entre os elementos clássicos e populares. Ela destaca sobre a letra inesquecível que aborda a identidade pessoal diante de um mundo conformista.

“Charles Jr. é um passo civilizatório adiante, um passo utópico, na direção de um mundo em que o lado escuro de Take it easy não seja necessário, em que a vida do Anjo 45 não seja em vão” (Túlio Ceci Villaça).

Ouça o podcast no link acima.

O programa celebra a diversidade cultural, a riqueza da música brasileira e cria um senso de comunidade. O objetivo é dar voz aos estudantes da USP por meio de entrevistas sobre gostos e percepções musicais. Este podcast reproduz a experiência de escuta no programa Mosaicos Culturais – Ouça o Que os Estudantes Ouvem, transmitido nos dias 27 e 28 de junho de 2024.

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Por Regina Lemmi
Estagiária sob supervisão de Magaly Prado