Musical Operilda Cai no Choro apresenta a história do chorinho para crianças e adultos

Espetáculo gratuito está em cartaz durante o mês de julho e aposta em linguagem adaptada para encantar os pequenos com peças consagradas do gênero que é patrimônio cultural do Brasil.

Durante o mês de julho, o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo apresenta o musical Operilda Cai no Choro. A produção, voltada para o público infantil, assume uma missão que é pouco comum no entretenimento destinado a esta faixa etária: fazer a ponte entre os pequenos e um estilo de música que é tradicional e tem reputação de difícil.

No centro da história está Operilda, uma jovem feiticeira de 225 anos, interpretada pela multi-artista Andréa Bassitt. Apaixonada por música brasileira, Operilda precisa deixar o celular de lado e usar somente sua memória e imaginação para falar sobre o surgimento do choro. Com muito humor e criatividade, Operilda, sua amiga Vassorilda e o grupo musical Chorildos passeiam pela história do Brasil, desde o período colonial até os dias atuais, traçando um paralelo entre o desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro e a invenção do chorinho.

O choro nasceu no Rio de Janeiro, no final do século 19, a partir da mistura de ritmos europeus e africanos. Sua popularização ocorreu graças ao trabalho de diversos músicos que compõem, ao lado de Operilda, os personagens da história. São nomes como Joaquim Callado, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros, Abel Ferreira, Pixinguinha, Zequinha de Abreu, Jacob do Bandolim e tantos chorões que levaram o estilo a um patamar de qualidade que lhe asseguraram o status, já no século 21, de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Ao longo do espetáculo, Operilda apresenta aos pequenos várias peculiaridades, particularidades e curiosidades relacionadas ao gênero. Entre elas estão o bandolim, instrumento trazido ao Brasil pelos portugueses, os salões de baile do século 19 em que ecoavam as polcas, os quintais das moradias populares onde músicos se divertiam tocando lundu e percussões africanas, e o ritmo acelerado do maxixe. Tudo desemboca no chorinho e seus chorões, que é o nome pelo qual são conhecidos os músicos que se especializam neste repertório.

Episódios como a chegada da Família Real no Brasil e a história do clássico Brasileirinho, – composto por Waldir Azevedo quando um sobrinho lhe pediu que tocasse uma música no cavaquinho, mas o instrumento só dispunha de uma corda – divertem e encantam a plateia. E assim, a bruxinha carismática vai conquistando a simpatia das crianças e dos adultos, levando todo mundo a cair no choro – no bom sentido.

Regina Galdino. Crédito: João Caldas Filho.


Diretora do espetáculo, Regina Galdino diz que o musical surgiu de forma espontânea, mas traz a marca da bagagem que acumulou ao longo da trajetória artística. Formada pela Escola de Arte Dramática da USP, foi uma das criadoras da série Aprendiz de Maestro, na Sala São Paulo. Dirigiu Os Saltimbancos e A Arca de Noé, com a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, a ópera Idomeneo, no Theatro Municipal de São Paulo, e os espetáculos O Pai, Casa de Bonecas – Parte 2, Chá e Catástrofe, As Turcas  e o premiado Memórias Póstumas de Brás Cubas, além de Operilda na Orquestra Amazônica (prêmios APCA e FEMSA).

“Já dirigi vários espetáculos musicais executados ao vivo. Nesse caminhar fui criando contatos com diferentes tipos de músicos e trabalhando com música erudita e público infantil”, diz Regina.  “Eu já conhecia a Andrea Basseti, uma multiartista que atua, escreve, produz e canta. Ela já tinha a personagem Operilda. Inclusive fizemos trabalhos anteriores juntas, e nos apresentarmos em diversas cidades e regiões. Até que conhecemos o instrumentista Chico Macedo no projeto Operilda na Orquestra Amazônica. Ele sugeriu a ideia de fazermos um espetáculo relacionado ao choro. Aí a Andrea comprou a ideia e passou a inscrever o projeto em editais, até que o CCBB nos chamasse para essa temporada de 20 apresentações”, conta.

De maneira lúdica e divertida, a história do chorinho é contada, cantada e tocada ao vivo por meio de canções como Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu), Flor Amorosa (Joaquim Callado), Corta Jaca (Chiquinha Gonzaga), Brejeiro (Ernesto Nazareth) e Carinhoso (Pixinguinha e Braguinha), entre outros clássicos. Os Chorildos, músicos que acompanham e interagem com Operilda nessa aventura pelo ritmo brasileiro, são interpretados por Chico Macedo (sax, flauta e clarineta), Deni Domenico (cavaquinho e bandolim), Helô Ferreira (violão de 7 cordas) e Nelson Essi (percussão). O cenário e o figurino são  assinados por Fabio Namatame.

O Musical Operilda Cai no Choro  é uma realização do Ministério da Cultura e Centro Cultural. Banco do Brasil. Os ingressos são gratuitos e podem ser adquiridos pelo site bb.com.br/cultura ou na bilheteria do CCBB SP. Com acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, o musical pode ser visto às sextas, sábados e domingos, às 11h.

Confira abaixo a entrevista completa no Podcast MPB Unesp.

Imagem acima: Helô, Chico, Nelton, Andréa, Deni. Crédito: João Caldas Filho.