Rogério Humberto Alves Machado de Souza

Rogério Humberto Alves Machado de Souza nasceu na Freguesia de Santo Ildefonso, no Porto, a 28 Agosto de 1910, tendo frequentado o Ensino Primário nos Colégios de Nossa Senhora da Conceição e de São Carlos. Mais tarde, concluiu os cursos complementares de Letras e de Ciências no Liceu Alexandre Herculano, também no Porto.

Já na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, concluiu ainda a licenciatura em Ciências Físico-Químicas, no ano de 1931 e, depois, a de Engenharia Militar e Civil, na Escola Militar, em Lisboa. Seguiram-se-lhes os cursos de Gases, Fumos e Lança-Chamas, na Escola Prática de Engenharia, em 1935 e de Mecânica Auto do Exército, em 1943.

Encetando a carreira militar no início da década de 1930, foi promovido a Alferes em 1935, atingindo o posto de Major em 1956. Entre 1959 e 1967, foi 2° Comandante do Batalhão dos Sapadores de Caminhos-de-Ferro e Comandante do mesmo organismo, aquando da sua promoção a Tenente-Coronel.

Leccionou ainda, como Assistente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, entre os anos de 1940 a 194 7, várias cadeiras científicas, após o que foi aceite como Professor Adjunto da cadeira de Física da Escola Militar, entre 1947 e 1950. Alcançou a categoria universitária de Professor Catedrático da Cadeira de Física da Academia Militar, em Lisboa, tendo-a regido por dezassete anos, entre 1950 e 1967.

É autor de vários trabalhos no âmbito da Engenharia Civil e Militar; colaborou – comandando um destacamento de tropas de Caminhos-de-Ferro -, na ampliação da Gare de Triagem de Campolide; projectou e dirigiu várias obras de construção civil em estabelecimentos militares; projectou e dirigiu a construção de vários ramais de caminhos-de-ferro para serviço militar; e orientou ainda o projecto da estação ferroviária de Santa Margarida.

Nomeado para frequentar o Curso de Altos Comandos, após a respectiva conclusão, foi mobilizado para Angola, como Comandante de um agrupamento com destino a Carmona, onde chegou a 2 de Agosto de 1967, tendo sido, no entanto, destacado como Comandante da Zona de Intervenção Leste, com sede no Luso. Concluída a sua comissão de serviço no Ultramar, regressou à Metrópole, onde desempenhou, sucessivamente, os cargos de Inspector e Director da Arma de Transmissões, de Director da Arma de Engenharia, de Sub-Director e de Director dos Serviços de Fortificações e Obras Militares.

Em 1970, já como Brigadeiro desde 1967, transitou para a situação profissional de reserva. Todavia, por conveniência de serviço, foi mantido no serviço militar activo até 1974 e, em Maio desse mesmo ano, transitou para o Estado Maior do Exército, sendo-lhe destinada uma missão específica. Não se conformando então com a decorrente situação nacional de instabilidade revolucionária e confusão política, requereu ser desligado do serviço activo. Em 1980, por limite de idade, passou à situação profissional de reforma.

Durante a sua actividade militar – 1935-1974 -, foi distinguido com cerca de três dezenas de louvores e recebeu algumas das mais altas condecorações atribuíveis aos membros das forças armadas portuguesas, como a Ordem Militar de S. Bento de Avis (graus de Cavaleiro, Oficial, Comendador e Grande Oficial), a Ordem de Mérito Militar (3.a Classe, 2a Classe e 1.a Classe), a de Serviços Distintos (Prata), a de Comportamento Exemplar (Prata e Ouro) e a de Campanhas do Ultramar.

Publicou as seguintes obras: Guia dos Trabalhos Práticos de Física , 2 volumes, 1947-1949; A Régua de Cálculo: Teoria e Manejo, 1948; Problemas de Física, 2 volumes, 1950; Processos e Métodos Gerais de Medições Físicas, 1954; Elementos de Física Atómica, 1956; e Curso de Física Geral, sem data, volume I – ‘Introdução Matemática’; volume 11 – ‘Mecânica Física e Vibrações Mecânicas’; volume III- ‘Calor e Termodinâmica’; volume IV – ‘Óptica’; e volume V- ‘Electricidade e Magnetismo’.

Após ter-se desligado do serviço militar activo, em 1974, estabeleceu residência em Rio de Mouro, onde, por insistência da população local, assumiu, após eleição, as funções cívicas de Coordenador da Comissão de Moradores de Rio de Mouro – Rinchoa. Como independente, aceitou encabeçar a lista do Partido Popular Democrático, nas primeiras eleições autárquicas, de 1976, para a Assembleia de Freguesia de Rio de Mouro, tendo sido eleito seu Presidente.

Entre 1979 e 1982, exerceu as funções políticas electivas de Vereador da Câmara Municipal de Sintra pela coligação partidária da Aliança Democrática (Partido Social Democrata I Centro Democrático Social I Partido Popular Monárquico), como independente. Após alguns meses, foi nomeado Vereador Substituto do Presidente da Câmara Municipal de Sintra, com os Pelouros da Cultura e das Obras Municipais; entre 1982 e 1985, foi eleito, pela coligação Partido Social Democrata I Centro Democrático Social, Deputado da Assembleia Municipal de Sintra; entre 1985 e 1989, exerceu o cargo de Presidente da Assembleia Municipal de Sintra.

Partidariamente, entre 1986 e 1990, integrou a Comissão Política Concelhia de Sintra do Centro Democrático Social, onde desempenhou, em paralelo, as funções directivas de Tesoureiro e de Presidente. Em 1990, a alguns meses do término do seu mandato como Presidente daquela Comissão Política, desligou-se do seu desempenho, por imperativos pessoais. Finda esta legislatura, retirou-se da política activa.

Em 1997, foi agraciado, pela Câmara Municipal de Sintra, com a Medalha de Mérito Municipal, 2º grau – Prata, e, em 2002, agraciado com a Medalha de Mérito Municipal, 1º grau – Ouro.

Desde 1991 e até Abril de 2004, ano da sua morte, foi Presidente da Direcção da Associação de Defesa do Património de Sintra, tendo intervido nas mais variadas situações e problemas patrimoniais, culturais e ambientais, sempre em prol da protecção, da valorização e da divulgação correcta do património natural e cultural do Concelho de Sintra.

Foi sócio da Sociedade Portuguesa de Física e Química e da National Geographic Society (Sociedade Geográfica Nacional), de Washington, bem como membro de diversas Associações, Instituições Particulares de Solidariedade Social, Colectividades e Sociedades Científicas, e tendo, inclusivamente, integrado os órgãos sociais da Secção Portuguesa do International Security Council(Conselho de Segurança Internacional).

Faleceu no dia 5 de Agosto de 2004, na sua residência de Rio de Mouro, tendo a Freguesia e o Concelho de Sintra ficado mais pobres com a perda irreparável representada pelo seu desaparecimento. Para sempre ficará, no entanto, o seu exemplo de homem bom de Sintra, cuja idoneidade, integridade, seriedade, rectidão e prontidão na ajuda a todos tocou.

A sua biblioteca pessoal foi doada à população da Freguesia de Rio de Mouro, por vontade expressa ainda em vida e desde há longos anos, tendo sido subsequentemente entregue à respectiva Junta de Freguesia em 2005.

Rio de Mouro

Rio de Mouro é hoje um importante aglomerado urbano do concelho de Sintra, sendo que a sua importância foi aumentando ao longo dos tempos.

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