Júlia de Azevedo Leal da Câmara

Após a conclusão dos seus estudos, ingressou nas Escolas Móveis, onde foi professora durante vários anos, tendo percorrido inúmeras localidades do interior norte e sul de Portugal, levando o saber ler e o saber escrever àqueles homens e mulheres que não tinham quaisquer possibilidades de aprender, pois entendia que nenhum ser humano poderia ser inteiramente livre se não soubesse decidir por si próprio a sua vida e se não detivesse autonomia mental própria, o que, apenas mediante a instrução, seria conseguido.

Em 1920, ano em que contrai matrimónio com Leal da Câmara, era já secretária particular da escritora e pedagoga Ana de Castro Osório.

Mulher culta e instruída, Júlia de Azevedo deu apoio ao marido nas inúmeras realizações artísticas, pedagógicas e profissionais em que se envolveu, sendo-lhe incansável. Paralelamente, envolve-se em acções culturais, humanitárias e de solidariedade social – constante em toda a sua vida -, transformando, juntamente com Leal da Câmara, a residência rinchoense do casal num autêntico Centro Cultural alternativo a Lisboa e a Sintra e por onde passaram os mais ilustres vultos da Cultura Portuguesa.

Já viúva, encetou negociações com a Câmara Municipal de Sintra, no sentido de lhe doar o espólio artístico que herdara, o que acontece em 1956, e, mais tarde, a própria casa, o que se efectiva em 1965.

Deve-se a esta mulher lúcida e sempre na vanguarda do seu tempo o gizamento de toda a Casa-Museu de Leal da Câmara, tendo sido, inclusive, a sua primeira Conservadora.

Ministrou cursos, visitou Museus portugueses e estrangeiros, proferiu conferências, promoveu exposições e acções de formação, organizou concertos, saraus musicais, literários e sessões de poesia, tendo-se envolvido, ainda, na publicação de livros.

Recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Municipal, a Medalha de Ouro dos Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918, por serviços relevantes prestados como enfermeira, e a Medalha da Cruzada das Mulheres Portuguesas.

Esta feminista foi ainda Presidente da Comissão da União Nacional da Freguesia de Rio de Mouro, Presidente da Conferência Vicentina da Rinchôa, Presidente da Conferência de Santa Isabel da Rinchôa e Presidente de Honra do Movimento Nacional Feminino da Freguesia de Rio de Mouro.

Manuel António de Oliveira, num artigo publicado no Jornal de Sintra (n .0 1640, de 29 de Agosto de 1965), por ocasião da sua morte, ocorrida na Rinchoa, no dia 22 de Maio de 1965, refere o seguinte:”( …) a doadora da Casa Museu Leal da Câmara, durante 40 anos, foi devotada obreira da Rinchoa e desvelada benévola dos necessitados da Freguesia de Rio de Mouro (…).”

Rio de Mouro

Rio de Mouro é hoje um importante aglomerado urbano do concelho de Sintra, sendo que a sua importância foi aumentando ao longo dos tempos.

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