A freguesia de Rio de Mouro tem sido berço ao longo dos séculos de individualidades, que alcançaram posições de relevo na sociedade, infelizmente, hoje quase esquecidas.

Honrar a sua memória e resgatar do esquecimento esses conterrâneos é dever de cidadania, que exercemos com empenho.

No lugar do Papel, ao tempo, parte integrante da nossa freguesia, nasceu a 26 dezembro de 1903: Francisco José Carrasqueiro Cambournac, filho de D. Maria Carlota Canas Carrasqueiro, senhora de família importante da Vil de Belas, e de Pedro Roque Cambournac, proprietário e administrador da Tinturaria Cambournac, natural da freguesia de Nossa Senhora de Belém em Rio de Mouro. Podemos afirmar Francisco seria “saloio de gema”.

Frequentou ensino primário em Sintra e obteve licenciatura em medicina na Escola Médica de Lisboa, e pós-graduação em medicina tropical em instituições universitárias de Hamburgo, Londres e Roma.

Regressando a Portugal, seria professor catedrático no Instituto de Medicina Tropical em Lisboa, mais tarde no período 1964 a 1973, director do mesmo instituto.

Ao longo da vida profissional desempenhou papel relevante na erradicação do paludismo em Portugal, foi o primeiro português a dirigir o posto de mariologia em águas de Moura, concelho de Palmela, cujo Município sugeriu a atribuir o seu nome aquela instituição. Igualmente em 2013, a Câmara Municipal de Palmela, concedeu a titulo póstumo a dignidade de cidadão de honra do Município como reconhecimento do relevante trabalho na área da saúde publica que desenvolveu na extinção do flagelo das sezões, na zona dos arrozais dos vales dos rios Sado e Sorraia.

Publicou cerca de duas centenas de trabalhos científicos versando a temática da epidemiologia. O Instituto Nacional de Saúde Pública, Ricardo Jorge, tem prémio Francisco Cambournac para premiar investigações nesta área.

A profícua acção do professor Cambournac, permitiu controlar o paludismo em Cabo Verde antes da independência, tendo desempenhado papel destacado�� da  mesma índole em Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau. Neste último país depois de 1974, a pedido do governo, dirigiu programa de combate a malária tendo 80 anos de idade.

No município de Sintra não conhecemos qualquer homenagem a tão insigne Sintrense, na ocasião em que se cumpre o 120º aniversário do seu nascimento, o executivo da Junta de freguesia de Rio de Mouro, recordando a sua memória assume a intenção de procurar assinalar de modo condigno a efeméride.