‘Nossa competição é com outros grandes corredores logísticos do mundo’, diz CEO da Rumo (RAIL3)

CEO da Rumo (RAIL3), Pedro Palma dá status sobre a construção de 700 km de ferrovia para otimização da conexão entre MT e Santos

As dificuldades logísticas do Brasil são especialmente sentidas pelo setor do agronegócio, que encara distâncias continentais para levar as commodities agrícolas das regiões centrais do país para os poucos portos preparados para escoar a produção. A Rumo Logística (RAIL3) é uma das empresas que têm aplicado energia – e alguns bilhões – nessa missão.

Apesar dos desafios, o agro tem encontrado soluções e aumentado sua importância no total da riqueza do país.

Mas para que a eficiência do setor continue avançando, alguns gargalos precisam ser resolvidos com rapidez. Caso contrário, o país pode perder mercado para outros competidores.

Nesse sentido, Pedro Palma, CEO da Rumo, afirma que “a nossa competição é com os outros grandes corredores logísticos do mundo. Temos que garantir mais eficiência que dos corredores americano, argentino, entre outros. Esse é o olhar que o Brasil precisa ter, e dentro do nosso universo, é onde a gente precisa focar”.

Ele participou de evento do BTG em Cuiabá (MT), nesta quinta-feira (23).

Anteriormente, o CEO da Boa Safra, Marino Colpo havia destacado em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira que o Brasil havia perdido a posição de principal exportador global de milho, depois de suplantar, de maneira surpreendente, os Estados Unidos há alguns anos.

Nesse sentido, de aumentar a eficiência ao longo da cadeia e garantir a eficiência do agro do começo ao final da cadeia, a Rumo avança na construção da ferrovia que deve aumentar o escoamento a partir do terminal de Rondonópolis, estratégico para o agro, até o Porto de Santos.

Investimento total da RAIL3 pode chegar a R$ 4,5 bilhões só nesta primeira etapa

Assim, segundo Palma, o primeiro trecho, de 200 quilômetros, até Campo Verde, deve ser entregue em 2026. Logo, só nessa etapa inicial serão gastos entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões.

Com isso, a produção se aproxima do núcleo de consumo industrial, na região de Cuiabá, primeiro grande objetivo do projeto.

Dessa forma, para Palma, a competição do Brasil com os EUA e outros exportadores de grãos e demais commodities agrícolas precisa da participação ativa das empresas do setor privado. “Diferentemente do que se viu nos Estados Unidos, com o governo construindo (ferrovias e rodovias), aqui, esse investimento é privado”.  

Investimento privado

“O estado não aguenta executar e manter”. É com essa sentação que o secretário de Infraestrutura de Mato Grosso, Marcelo de Oliveira, fala sobre a importância do investimento privado. Assim, ele menciona especificamente os projetos de expansão das malhas ferroviárias e rodoviárias no estado.

“Mato Grosso precisa trazer novos investimentos, parcerias. Em termos de infraestrutura rodoviária, as parcerias que estamos fazendo é para colocar nosso produto logisticamente pronto para entregar para as ferrovias, como Rumo e Fico (que começa na Ferrovia Norte-Sul em Mara Rosa/GO e vai até Água Boa/MT).

Assim, novas licitações serão firmadas até outubro para as rodovias da região que levam produtos até as ferrovias, garante o secretário. Além disso, há estudo para concessão de mais 2,5 mil quilômetros de malha rodoviária no estado.

Ampliação do Porto de Santos e a atuação da RAIL3

O sistema que engloba o Porto de Santos precisa de novos investimentos para aumentar a competitividade. E as empresas do setor têm atuado para aumentar a eficiência do maior porto do país.

“Como Rumo (RAIL3), olhamos a origem. Nesse sentido, esses novos 700 quilômetros de ferrovia vão trazer ganho de eficiência, mas preciso garantir que a malha paulista seja capaz de absolver essa capacidade. Esse processo vem acontecendo. Agora, Santos precisa absorver todo esse aumento de capacidade (das rodovias e ferrovias do país)”, avalia Palma.

Nesse sentido, a Rumo fechou parceria com a DPW, operadora de um dos terminais do Porto de Santos, para que o local tenha mais um terminal nos próximos anos.

Das iniciativas entre as duas empresas, destaque também para a iniciativa que visa aumentar o acesso dos produtores aos fertilizantes importados.

“Com a DPW, fizemos um berço para fertilizantes para que cheguem ao estado de Mato Grosso com o máximo de competividade”, explica Palma.

Segundo a Rumo, não havia tráfego de cargas de fertilizantes para o estado a não ser pela ferrovia Paranaguá-Curitiba. Hoje, são 2,5 milhões de toneladas por ano chegando ao Mato Grosso via Rumo.  

A iniciativa não é isolada. Nesse sentido, as concessionárias que dependem do Porto de Santos trabalham em esforço comum. A ideia é garantir “investimentos e concatenar esforços para atender todas as demandas”.

“A gente olha o sistema de forma integrada. Com isso, atuamos em outras pontas da cadeia para garantir que não haja inibição do investimento por causa desses gargalos (logísticos)”, complementa o executivo.