Diabo em alta nas novelas! Personagens de Fúlvio Stefanini, Débora Duarte, Sérgio Marone e Marcos Palmeira fazem “Pacto”


Esta semana, a web comentou que a televisão brasileira destacou-se com a exibição de quatro novelas, das quais duas recém-estrearam: “Suave Veneno” e “Corpo a Corpo” – no Globoplay e no Viva, respectivamente. Ambas possuem personagens que fizeram pactos com entidades demoníacas. Em “Suave Veneno”, Marcelo (Fulvio Stefanini) pactua com o diabo para enriquecer, enquanto em “Corpo a Corpo”, o pacto de Eloá (Débora Duarte) é revelado como uma farsa. Benedito Ruy Barbosa também explora o tema em “Renascer”, atual novela das 21h, onde o “Cramulhão” teria feito um pacto com José Inocêncio (Marcos Palmeira) , que enriqueceu assim e cuja parceria seduz Tião Galinha (Irandhir Santos). A Record, por sua vez, apresenta o diabo como Ricardo Montana (Sérgio Marone), em “Apocalipse”, trazendo a figura maligna em um contexto doutrinário

*por Vítor Antunes

Não seria leviano dizer que esta semana na televisão está “como o diabo gosta”. Coincidentemente, foram disponibilizadas quatro novelas, sendo que duas estrearam quase juntas: “Suave Veneno” e “Corpo a Corpo“. A primeira entrou no catálogo da Globoplay no último dia 01/7, e a segunda, no dia 24/06. O fato em comum que as une é que em ambas há personagens que “fizeram um pacto demoníaco” para subir na vida. As aspas se justificam porque, no caso da personagem de Débora Duarte, tudo não passou de uma farsa arquitetada pela personagem de Glória Menezes, Tereza. Diferentemente de “Suave Veneno“, na qual o personagem de Fulvio Stefanini, Marcelo, efetivamente tinha um acordo com uma entidade do mal para enriquecer. Esses, porém, não são os únicos casos em novelas que estão no ar. Recorrentemente citado em suas obras, Benedito Ruy Barbosa trouxe o “Cramulhão” para “Renascer”, atualmente em exibição. O diabo é guardado numa garrafinha e seduz Tião Galinha (Irandhir Santos). O ‘tinhoso’ foi escalado em outras novelas de Benedito, como “Paraíso” (1982/2010) e “Pantanal” (1990/2009).

E o “moço do enxofre” não está dando plantão só na Globo não. Evangélica, a Record também tem a sua versão do personagem maléfico, atualmente na segunda reprise de “Apocalipse“. Tal como em “Corpo a Corpo“, o diabo é representado na figura de um homem bonito e extremamente sedutor. Na trama de Vívian de Oliveira, ele é incorporado por Sérgio Marone.

Vai acompanhar – ou está acompanhando – as novelas? Conheça então o belzebu de cada uma delas:

RENASCER

Renascer” traz um personagem que compõe o “Beneditoverso”, que é o Cramulhão. Este, que também é conhecido como “Diabinho da Garrafa”, “Famaliá” e “Capeta da Garrafa”, está sempre envolvido em um pacto, firmado com alguém, que em troca de algo, aprisiona a alma e o coração de quem pede. No caso da atual trama das nove, é José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira). A possibilidade de subir, ou mudar, de vida é o que seduziu o ingênuo e paupérrimo Tião Galinha, que quis, a todo custo, fazer um pacto com a entidade e ser tão rico quanto Inocêncio. Loucura essa que será um dos fatores a levá-lo à morte – conforme já confirmado pelo próprio adaptador Bruno Luperi, que vai manter à risca o andamento da atualização, tal qual a primeira versão da trama.

José Inocêncio (Marcos Palmeira) na segunda fase de Renascer [Foto: Divulgação/Globo]

SUAVE VENENO (1999)

Trama nunca antes reprisada e que estreou na última segunda-feira no Globoplay, “Suave Veneno” é inspirada em “Rei Lear“, de William Shakespeare. Ainda que não tenha sido tornado público, aparentemente o autor Aguinaldo Silva se inspirou na obra de Goethe, “Fausto”, para retratar a biografia de Marcelo Barone (Fulvio Stefanini), homem que teria feito um pacto com o diabo para enriquecer. Ele é um marchand cuja galeria abriga obras de arte falsas. Ele seduz Eliseo (Rodrigo Santoro), um artista plástico, a replicar obras de artistas famosos. No final da trama, o personagem morre em um incêndio, numa explosão da galeria.

Fulvio Stefanini em “Suave Veneno” (Foto: Nelson di Rago/Globo)

APOCALIPSE (2017)

“Apocalipse”, da Record, mantém o caráter doutrinário da emissora ao trazer a religiosidade e a fé como valores importantes em suas novelas. Inspirada no livro homônimo da Bíblia, mas em um contexto contemporâneo, a representação do diabo se dá através de Ricardo Montana (Sérgio Marone), o anticristo. A trama está atualmente em sua segunda reprise e, desta vez, tem encontrado boa audiência. Um dos personagens é o falso profeta Stefano Nicolazzi, “discípulo” do anticristo, vivido por Flávio Galvão. Esta não é a primeira vez que Flávio interpreta um ser demoníaco…

Sérgio Marone em “Apocalipse”, novela em reprise na Record (Foto: Divulgação/Record)

CORPO A CORPO 

Novela de Gilberto Braga (1945-2021) em primeira reprise, depois de 40 anos de sua exibição, a trama conta a história de Eloá (Débora Duarte), mulher tão ambiciosa quanto talentosa, que se vê às voltas com uma parceria com Raul (Flávio Galvão). Trabalhando numa empresa de engenharia e fortemente masculina, Eloá é uma das poucas mulheres da empresa, e desponta na firma. Talvez aí, haja um subtexto do autor que, para ser bem sucedida num Brasil oitentista e ainda sob ditadura, uma mulher não teria outra saída senão pactuar-se com o diabo para ser ouvida e notada. Na novela, Flávio Galvão dá vida ao diabo pela primeira vez numa novela. No fim da trama, descobre-se que, no entanto, Raul não era o capeta coisa nenhuma, e que tudo era uma engenhosa armadilha elaborada por Tereza (Glória Menezes).

Débora Duarte em “Corpo a Corpo”. Novela trouxe um pacto com o Diabo como tema central (Foto: Nelson di Rago/Globo)