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Cao Hamburger participou do terceiro 'Talk Five', comandado interinamente por Manoel Soares — Foto: TV Globo

O Talk Five da última segunda, 30/11, foi diferente e contou com participações especiais. A condução da live foi do apresentador Manoel Soares, substituindo interinamente Preta Rara, afastada por questões de saúde. Mas a cereja do bolo foi a presença do autor Cao Hamburger, devidamente sabatinado pelas atrizes, que assim como nós tentaram tirar alguns spoilers do criador.

No papo, o primeiro assunto a ser discutido foi a repercussão da cena de Benê (Daphne Bozaski) descobrindo o seu corpo, se permitindo o toque, sequência do terceiro episódio da série As Five, bastante comentada e elogiada nas redes sociais.

"Foi uma cena sensível e delicada, dirigida por mulheres. Uma equipe feminina, com um olhar feminino, para ter o máximo de cuidado. Uma equipe acolhedora, que fez toda a diferença no resultado final. Foi a descoberta da Benê, a descoberta do prazer. Isso sem falar que a masturbação feminina tem de deixar de ser tabu", opinou Daphne.

E justamente para conseguir esse olhar feminino que Cao teve a atenção e a delicadeza de se cercar de mulheres para escrever Malhação - Viva a Diferença e, posteriormente, As Five.

"Quando pensei nas cinco amigas da Malhação, o meu objetivo era ver o mundo pelo olhar feminino. Para isso me cerquei de roteiristas mulheres, mergulhei nas pesquisas com jovens. As atrizes também colaboram e muito. Eu não lhes conto sobre o que estou escrevendo, nossos papos são sobre a vida. Elas têm a idade das personagens da série então, pego histórias delas, das amigas, o que me ajuda a me conectar com essa geração", contou Cao, que aproveitou uma das histórias de Ana Hikari para inserir na trama de Lica (Manoela Aliperti).

Criador e criaturas: Daphne Bozaski, Manoela Aliperti, Heslaine Vieira, Gabriela Maedvedovski e Ana Hikari cercam o autor Cao Hamburger — Foto: Globo

Sobre a pressão do público nas redes sociais, o autor diz ser bem-vinda. Se numa obra aberta há mais espaço de se ouvir o público, numa série o retorno dos fãs acaba servindo de insumo para temporadas seguintes.

"A série só existe porque o público pediu. Eu achava que o universo adolescente já tinha se esgotado na Malhação, então, veio a ideia de falar do jovem adulto, faixa etária pouco explorada no audiovisual brasileiro. A partir daí comecei a pesquisar a geração Z", respondeu Cao Hamburger a Manoela Aliperti.

Daphne Bozaski quis saber quais foram os desafios do autor na Malhação e em As Five.

"Meu maior desafio foi encontrar o olhar feminino. O universo feminino é mais interessante. Outro desafio foi a linguagem e o ritmo dos episódios da série, completamente diferentes dos da novela."

Heslaine Vieira indagou o autor sobre "empacadas" no roteiro. Ela, que aproveitou a quarentena para fazer um curso de roteiro, ficou curiosa para saber qual é a receita dele para deixar a criatividade fluir.

"Isso de empacar acontece muito. Eu preciso resolver cinco histórias, de cinco protagonistas! Às vezes trava, é normal. Para oxigenar as ideias, eu gosto de caminhar, ouvir música e trocar com a equipe. Curiosamente, eu estava com uma trama da segunda temporada meio sem saber como desenvolver e consegui clarear os pensamentos lendo um artigo de jornal."

Ana Hikari quis saber a opinião do autor sobre a geração Z.

"Eu sou fã da geração Z. É a primeira geração totalmente digital e, por conta disso, carregou uma expectativa muito grande de todo o mundo; esperava-se que seriam os salvadores. No entanto, quando chegaram à vida adulta, o mundo já estava ruindo, e alguns pontos fracos ficaram evidentes: individualismo, traços depressivos... Mas eu acredito muito nessa geração."

Gabriela Medvedovski o abordou sobre quais as "feridas" que mais doem e que precisam ser faladas na série.

"São as feridas mais profundas e mais antigas: o racismo estrutural e o machismo. Feridas que precisamos lutar contra, sempre."

E se o papo começou com o assunto sexo, terminou com sexo também. Ao ser perguntado como ele vê a sexualidade da geração Z e se é possível rotulá-la, Cao Hamburger, do alto de seus 58 anos, passou a bola para as atrizes.

"Rotular é perigoso. O que eu sinto é a liberdade maior de não querer se definir. As meninas falam melhor do que eu sobre isso. Tivemos muito cuidado para escolher essas meninas. Deu trabalho, mas acertamos. Além de ótimas atrizes, são muito inteligentes."

A série As Five tem 10 episódios e vai ao ar todas as quintas-feiras, no Globoplay.

E se você perdeu a live, ouça o podcast Talk Five com os melhores momentos do bate-papo semanal:

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