Masturbação feminina: 5 dicas e técnicas para chegar ao orgasmo

“A masturbação feminina tem sido historicamente considerada um tabu, no entanto, nos últimos anos, tem havido uma mudança significativa na forma como o assunto é abordado e percebido. Isso se deve, em parte, a uma maior conscientização sobre a importância da autonomia sexual das mulheres, a promoção da igualdade de gênero e ao crescimento do mercado íntimo e sensual”, afirma a terapeuta sexual Claudia Petry, membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana.

Ela cita representações positivas e realistas como forma de ajudar a combater estereótipos e tabus: “É fundamental que a mídia promova uma visão saudável e inclusiva da sexualidade feminina, desafiando concepções ultrapassadas e encorajando a aceitação e o respeito pela diversidade sexual.”

O tabu ainda é presente, mas é válido considerar que, por ser um país continental, o Brasil possui múltiplas culturas e múltiplos pontos de partida, segundo explica Caroline Amanda, Cientista Social (UFRJ), pesquisadora e Consultora em Educação e Saúde Sexual.

“E isso se refere à compreensão da feminilidade e da sexualidade. Não me parece ser o mesmo tabu em uma perspectiva ampla para cada território, para cada cultura, considerando também as interseccionalidades de raça, classe, gênero, autodeclaração, religião. Os tabus são mais intensificados e mais complexificados do que em outros territórios”, afirma a especialista.

A masturbação feminina oferece importantes benefícios para a saúde da mulher, tanto física quanto emocionalmente. E existem explicações para que essas sensações sejam vantajosas para o bem-estar, uma vez que o corpo reage aos estímulos durante a prática.

“O corpo passa por uma série de mudanças fisiológicas. A estimulação sexual causa o aumento do fluxo sanguíneo para a área genital, o que pode resultar em maior sensibilidade e excitação. À medida que a excitação aumenta, ocorrem mudanças no corpo, como a lubrificação vaginal, o aumento da frequência cardíaca e a tensão muscular”, explica Claudia Petry.

“Ela é envolta de uma série de hormônios como a dopamina, ocitocina, serotonina que trazem a sensação de bem-estar, de prazer, que faz com que nós, inclusive, tenhamos bons olhos para nós mesmas. O exercício de masturbar-se é um exercício de desenvolvimento de prazer a partir do próprio corpo”, acrescenta Caroline Amanda.

E essas mudanças culminam no orgasmo, uma resposta física e emocional intensa de prazer, conforme acrescenta a terapeuta sexual: “Há estudos que comprovam melhorias no alívio do estresse e ansiedade, do sono, fortalecimento do sistema imunológico, alívio da dor menstrual, melhora do humor e, sem dúvida, o autoconhecimento, que é fundamental para o prazer sexual.”

Conforme mencionados pelas especialistas, os ganhos com essa prática são uma garantia de autoconhecimento, assim como melhoras na saúde física e mental. “Em uma sociedade que chama as mulheres para atender demandas externas todo tempo, a masturbação feminina é um exercício, inclusive, de resistência e resiliência, para que a gente possa ter esse tempo para se ver e se perceber”, afirma Caroline.

• Alívio do estresse: a masturbação ajuda a liberar a tensão e o estresse, promovendo relaxamento e uma sensação geral de bem-estar.
• Melhora do sono: para muitas mulheres, o orgasmo alcançado com a masturbação pode ajudar a induzir o sono, melhorando a qualidade de descanso.
• Alívio da dor menstrual: estudos sugerem que a masturbação e o orgasmo podem ajudar a aliviar as cólicas menstruais e outras dores relacionadas ao ciclo menstrual, devido à liberação de endorfinas e à contração uterina. “Distensiona a musculatura uterina e promove um relaxamento e evita espasmos e cólicas”, afirma Caroline.
• Fortalecimento do assoalho pélvico: a prática regular da masturbação ajuda a fortalecer os músculos do assoalho pélvico e isso contribui para a saúde sexual e reprodutiva, além da prevenção de problemas como incontinência urinária.
• Autoconhecimento: é um exercício para que as mulheres possam explorar e conhecer melhor o próprio corpo, as zonas erógenas e os pontos que mais se excitam, um ganho para uma vida sexual saudável e satisfatória.

Muitas mulheres enfrentam algum tipo de dificuldade para se masturbar, seja por algum tipo de pudor, desconforto ou vergonha. De acordo com a terapeuta sexual, alguns passos iniciais podem ajudar a quebrar certas barreiras.

“É importante lembrar que cada pessoa tem sua própria jornada e ritmo. Começar aos poucos e respeitar os limites pessoais é fundamental”, afirma Claudia Petry.

1. “Uma boa maneira de começar é dedicar um tempo para se conhecer melhor, explorando seu próprio corpo e suas zonas erógenas”;
2. “Auto exploração é fundamental para descobrir quais áreas e estímulos lhe proporcionam prazer. Isso pode ser feito através de toques suaves, carícias, pressão leve”;
3. “É importante criar um ambiente seguro, confortável e relaxar antes de iniciar”;
4. “Estimular suavemente diferentes áreas do corpo e experimentar a autoestimulação”;
5. “À medida que se sentir mais confortável e confiante, é possível aumentar a intensidade da estimulação e explorar diferentes técnicas de prazer”.

“Além disso, muitas mulheres encontram prazer ao estimular o clitóris, uma área altamente sensível. Você pode usar os dedos ou um vibrador para estimulá-lo suavemente em movimentos circulares, para cima e para baixo, ou como preferir”, orienta a terapeuta sexual.

Segundo Claudia, não há uma maneira "certa ou errada" de se masturbar: “O importante é descobrir o que funciona para você e respeitar seus limites.”

A cientista social e educadora sexual destaca que a masturbação é um exercício de autopercepção e de autocompreensão com bons olhos.

“É um momento de atenção plena a nós mesmas, aos nossos desejos mais profundos, mais sinceros, é um momento e um exercício de prazer em que a gente pode expressar com autenticidade o que mobiliza o nosso tesão”, explica ela.

Dentre as dicas da especialista para mulheres que sentem alguma dificuldade em se tocar, os primeiros passos podem ser graduais:

1. “Se olhar no espelho”;
2. “Tomar um banho mais demorado”;
3. “Se auto massagear com óleos aromáticos”;
4. “Usar um perfume gostoso e sentir o exalar desse perfume na própria pele”;
5. “Escrever sobre si utilizando sempre boas palavras e promovendo uma ritualidade de auto intimidade que vai levar para o auto prazer”.

Caroline Amanda finaliza ao relacionar o corpo à morada: “Tem um provérbio africano que diz que ‘todo tempo é tempo de voltar para casa’. O retorno para casa, quando é pela via do prazer, é muito melhor do que pela via da medicação, do adoecimento, do transtorno e do caos. Então volte para casa, e, se possível, escolha voltar pelo caminho do prazer, você não vai se arrepender.”