Letticia Munniz vê retrocesso após morte de Luana Andrade: 'Para que não morram por um padrão inatingível'

"Faço questão de estar aqui porque acho que muito importante que as pessoas vejam um corpo como o meu sendo considerado bonito, bem-sucedido, um corpo que está no topo".

"A gente veio aí de uma semana muito pesada, de uma influenciadora que faleceu fazendo uma lipoaspiração, uma menina que já era magra, que nem precisava, e aí também entra nesse mérito, né? 'Mas ela é magra, não precisava'; se fosse uma pessoa gorda não era uma perda, se fosse gorda tinha que ter feito, né?", questiona.

"Fico muito feliz de perceber como meu trabalho é importante, porque acho que ele pode mudar o pensamento de muitas mulheres para que elas não morram, literalmente, em nome de um padrão que é tão inatingível, que não existe humanamente, que você tem que fazer ele numa mesa de cirurgia", defende.

Apesar dos avanços, Letticia frisa que a indústria ainda tem um longo caminho a percorrer. "Já fui a mulher que me odiava. Estou aqui e quero sempre estar, mas quero que outras meninas também estejam. Tem que ter mais modelos plus size aqui, modelos diversos também, não só plus size, modelos PCD... As pessoas precisam se ver", pondera.

E desabafa: "Não acho que eu deveria estar abrindo caminhos, esses caminhos já deveriam estar abertos muito antes. Fico muito feliz de ser essa pessoa, [mas ] outras precisam vir, até porque estou cansada; estou morando no Rio agora e gravando muito, então estar aqui, para mim, é realmente abrir mão do meu descanso, é muito cansativo emocionalmente e fisicamente também. Quero que outras estejam, para que não precise sempre ser eu, ou a Rita Carreira".

Além disso, Letticia também critica a escolha de um padrão equivocado para o que é considerado plus size.

"Eu conheço modelos — nada pessoal com elas — que são lindas, maravilhosas, minhas amigas, mas que não são magras, mas também não são gordas, só não são tão magras como as modelos magras, e que estão sendo usadas como as modelos gordas. São meninas que usam 44; essa não pode ser a modelo gorda da campanha ou da passarela, porque ela não é gorda".