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Por Tata Dias, Thaís Meinicke, gshow — Rio de Janeiro


Ravel Andrade fala sobre Egídio de 'O Jogo que Mudou a História'

Ravel Andrade fala sobre Egídio de 'O Jogo que Mudou a História'

Em O Jogo Que Mudou a História, nova série Original Globoplay, o público é transportado para o Rio de Janeiro do fim da década de 70, berço das grandes facções do narcotráfico. A trama acompanha a rotina do turbulento presídio de Ilha Grande e de três favelas cariocas, mostrando como esse cruzamento desenhou a sociedade até os dias de hoje. Entre tantos personagens que prometem nos envolver está Egídio, papel desempenhado por Ravel Andrade.

Ravel Andrade na pré-estreia de O Jogo Que Mudou a História — Foto: Globo/Reginaldo Teixeira

Na história, Egídio é um jovem de classe média que vai parar em Ilha Grande após, em meio à ditatura, atropelar a filha de um general. Lá, vivencia a violência em todas as suas formas, se tornando uma pessoa mais fria e sombria.

"Egídio é retrato de muitos jovens da sociedade, um personagem que tem uma virada abissal durante todo o caminho."

Ao gshow, Ravel conta qual foi o recorte escolhido para construir o papel: "Jovens que, muitas vezes, foram presos por crimes ocasionais ou pequenos delitos, e que o sistema transformou em criminosos, sem qualquer perspectiva de ressocialização".

Ravel Andrade é Egídio em O Jogo que Mudou a História — Foto: Globo/Bernardo Jardim

Com o personagem encarcerado durante todos os episódios, o ator precisou passar um bom tempo gravando cenas dentro de um presídio real. Ele relembra a sensação de angústia e exaustão psicológica:

"As pessoas que habitam presídios estão sempre em sofrimento e vivem em condições precárias, então esses lugares possuem uma energia densa. Foi importante para a construção do personagem, mas ao mesmo tempo me senti muitas vezes em sofrimento."

"Quando chegava em casa me sentia muito cansado e triste por saber que essa realidade existe ainda hoje", completa.

Violência em cena

Ravel Andrade como Egídio, em O Jogo Que Mudou a História — Foto: Cesar Diogenes

Logo no primeiro episódio de O Jogo Que Mudou a História, Ravel protagoniza sequências de extrema violência, quando Egídio, recém-chegado a Ilha Grande, sofre estupros coletivos pelos outros presos.

"A gente vê essa violência acontecendo na sociedade com as mulheres, na maior parte das vezes. Mas, quando contamos a história de O Jogo, mostramos também um momento da cadeia em que isso era de praxe, acontecia com os presos que chegavam e que, de alguma maneira, eram mais indefesos, não tinham tanto poder. Então, foi muito interessante retratar os estupros para mostrar a crueldade dentro desses lugares", reflete o ator.

Ravel Andrade como Egídio, em O Jogo Que Mudou a História — Foto: Cesar Diogenes

O realismo das cenas pode deixar muita gente com um nó na garganta, e Ravel comenta como foi passar pela experiência nos bastidores: "Tivemos uma preparação com a Fátima Domingues e acho que ali está toda a essência do que vai para a tela depois. Quando fomos filmar, já estávamos muito bem orquestrados. O Heitor Dhalia também tem uma sensibilidade muito grande", diz, referindo-se à preparadora de elenco e ao diretor da série.

"As sequências são muito fortes, muito pesadas, mas têm uma questão técnica também, ensaiamos muito. Então, em cena, eu estou protegido em vários sentidos. Tem uma aflição muito grande e real, porque são pessoas em cima de mim, homens muito maiores do que eu, mas onde mais senti foi na preparação."

Ravel Andrade como Egídio, em O Jogo Que Mudou a História — Foto: Cesar Diogenes

Ele conta que a preparação que fizeram antes de gravar foi a principal responsável pelo resultado final que o público pode conferir na série. "Tinha 40 homens muito maiores do que eu, que sou um cara mais franzino, e começamos a fazer esse jogo, de eles me envolverem, eu ficar no meio deles, até ir para a ação do estupro", lembra.

"Poderia ser muito traumatizante experimentar essa cena, mas a condução da Fátima vai até um lugar em que ela consegue criar esse ambiente, mas não ultrapassa nenhum limite de violência. Então, ao mesmo tempo que estava ali na agonia de sentir todos esses caras em cima de mim, sem conseguir respirar direito, eu estava muito seguro", completa Ravel.

"Eu não tive exatamente a sensação do que é passar por um estupro, não tive nem uma fração do que é isso. É uma violência muito grande, algo que a gente tem que criminalizar sempre."

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