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Sem biotipo de triatleta, Lívia coleciona
resultados de dar inveja a profissionais

Conheça a nutricionista fã de provas longas que é uma das melhores amadoras do país e entenda por que algumas pessoas comuns conseguem de destacar no esporte

Por Rio de Janeiro

EuAtleta - Lívia personagem ironman (Foto: Arquivo pessoal)Lívia coleciona participações em Ironman e é fã de provas ultra de triatlo (Foto: Arquivo pessoal)

O esporte é democrático. Há modalidades para todo e qualquer tipo de perfil. Mas nem sempre é preciso ter um biotipo atlético para se destacar. Algumas pessoas aparentemente “normais” conseguem resultados excelentes. É o caso de Rafael, nosso personagem da série Rumo ao ápice, que chegou a pesar 120kg e, mesmo acima do peso, descobriu que tinha muito talento para o triatlo. Lívia Bustamante é outro exemplo, e ainda mais surpreendente. Com 1,60m e pernas grossas - como a mesma destaca -, ela não lembra as triatletas que costumamos ver nas principais competições. Mas faz valer o ditado que diz que as aparências enganam. A carioca é uma das principais amadoras do país e foi recentemente eleita a melhor ultratriatleta mulher do ano por uma revista eletrônica especializada.

Aos 35 anos, Lívia é experiente. Tem 13 anos de triatlo e muitas conquistas na conta. São vários Irons 70.3 e 10 completos. Este ano ela ficou em terceiro lugar entre as mulheres na etapa de Fortaleza, completando os 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida em 11h02min16seg. Com o bom tempo, garantiu sua participação no Mundial de Kona pela terceira vez.  

- Comecei na primeira faculdade que fiz, em Campinas, sem pretensão nenhuma e os resultados em provas longas vieram. Como amadora, minha disputa não é com outras pessoas, é comigo - afirmou.

EuAtleta - Lívia personagem ironman (Foto: Arquivo pessoal)Lívia garante que qualquer pessoa pode ter sucesso no esporte (Foto: Arquivo pessoal)

Lívia é uma pessoa comum. Nutricionista, atende em seu consultório na Região Serrana do Rio de Janeiro todos os dias. E mesmo não tendo o tempo que os atletas profissionais têm para se dedicar ao esporte, ela é a prova de que com força de vontade e dedicação, é possível conciliar trabalho e treinos.

- A diferença está na vontade. Acordar cedo no frio de Teresópolis não é fácil. Mas não saio para treinar à toa. A gente tem sempre que fazer o melhor possível para aquele dia. Esse é o segredo. Saio sempre para fazer melhor que no dia anterior - ensina ela, que tem uma rotina pesada:

EuAtleta - Lívia personagem ironman (Foto: Arquivo pessoal)Nutricionista, Lívia divide a rotina de treinos com o dia a dia no consultório (Foto: Arquivo pessoal)

- De manhã sempre tenho a primeira sessão de treino. Recebo minha planilha e monto minha agenda de trabalho junto com ela. No almoço, nado e volto para o consultório. Treino no máximo três horas e meia por dia, dividindo isso em duas vezes.

Mas será que somente treinos e dedicação são suficientes para formar campeões como Lívia? Nosso fisiologista, Turíbio Barros, acredita que não. Para ele, a genética é o fator primordial quando falamos de desempenho e resultados.

- A herança genética é de fato soberana quando se trata de explicar a aptidão física acima da média de algumas pessoas. Costumamos dizer que nenhuma tecnologia ou recursos científicos conseguem transformar alguém num atleta campeão se não houver uma genética favorável. Existem relatos de filhos de campeões olímpicos que apesar de nunca terem treinado, quando foram levados a um laboratório para avaliação, mostraram aptidão física muito acima do normal - explicou.

E Turíbio foi além. Para ele, Lívia, mesmo não tendo o biotipo de triatleta, é um desses casos de genética privilegiada e, se tivesse começado no triatlo mais cedo, certamente poderia ser atleta profissional hoje em dia.

- Esta moça certamente é um caso assim. Pena que isso não foi identificado mais cedo.

EuAtleta - Lívia personagem ironman (Foto: Arquivo pessoal)Com 1,60m, Lívia não tem perfil típico das triatletas campeãs (Foto: Arquivo pessoal)
EuAtleta - Lívia personagem ironman (Foto: Arquivo pessoal)Fisiologista diz que segredo do sucesso de Lívia vem da herança genética (Foto: Arquivo pessoal)

 







Amadora ou profissional, Lívia é um exemplo de atleta bem-sucedida. E pretende promete continuar perseguindo conquistas pessoais por muito tempo. Até o fim de 2017, seu calendário de provas já está preenchido. Ela tem pela frente mais um ultraman. Em maio arruma as malas para a Austrália, onde vai encarar três dias de competição. No primeiro, são 10km de natação e 145km de pedal. No segundo, outros 276km de bicicleta, e no último, uma dupla maratona, ou seja, 84km de corrida. Se assustou com as distâncias? Ela não.

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- São provas que não são tão físicas. Quando você faz um sprint (provas curtas), é tudo físico. É fazer força. Não tenho uma genética que me favoreça como atleta, mas tenho boa cabeça para ficar muitas horas fazendo exercício. Sou uma pessoa comum que treina. Só isso - disse, com humildade.

Com ou sem genética privilegiada, biotipo adequado ou não, haverá sempre um esporte com o qual cada pessoa possa se identificar. E mesmo que as pretensões passem longe do pódio, o importante é manter-se saudável e ativo, como fazem Rafael, Lívia e Kênia do Rumo ao Ápice. Como faz a nossa amadora “profissional”, Lívia Bustamante, que garante:

- Qualquer pessoa consegue.