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Pais e filhos cadeirantes juntos na Corrida EU ATLETA em São Paulo

A comunidade virtual KlaBhia Team Run, que já passa dos 800 membros na internet, reuniu um pelotão de 30 pessoas pela inclusão do deficiente físico

Por São Paulo

A corrida da Cláudia Schaefer começa de madrugada. Ainda estava escuro quando ela estacionou na Assembleia Legislativa de São Paulo e passou a se preparar para os 10km da Corrida EU ATLETA. 

- Preciso garantir uma boa vaga de estacionamento e demoro para montar a cadeira da Bia, que é feita especialmente para corrida- explica, sempre com um sorriso no rosto.

Bia, é a filha Beatriz que acaba de completar 18 anos e é portadora de deficiência física, mental e auditiva. Como já contamos aqui no quadro Minha História, desde 2010 a Cláudia decidiu inclui-la em seus treinos e provas de corrida, muita coisa mudou desde então.

- Ela se desenvolveu bastante com a sociabilização e o contato com outras pessoas. Agora ela interage mais, dá risada quando ultrapasso alguém, por exemplo. Se o sol está atrás de mim, ela me conta o que está pensando pela sombra, usando as libras – conta sobre a menina, que aprendeu a andar aos seis anos e hoje faz pequenas caminhadas.

O dia nasce e já não estamos mais sozinhas,  aos poucos vai se formando o pelotão da “KlaBhia Team Run”, uma comunidade de amigos virtuais que vão se materializando. O grupo foi fundado em maio e já soma 800 membros, só na Corrida EU ATLETA são 30 inscritos.

pelotão klabhia (Foto: Mauro Horita)Pelotão de 'inclusão' reuniu trinta corredores da capital paulista e do interior  (Foto: Mauro Horita)

- O Itimura montou esse grupo e nós começamos a reunir outras pessoas que gostariam de ajudar na acessibilidade para a Bia correr, já que é muito difícil levá-la sozinha. Preciso de espaço, não consigo enxergar a rodinha da frente da cadeira, e não quero atropelar a canela de ninguém – ri.

O Roberto Itimura você também conhece aqui do Minha História, ele contou como começou a praticar esportes depois de três infartos e se tornou maratonista. Mesmo com apenas 50% da capacidade cardíaca e uma deficiência na mão, que já incomodou muito na juventude.

- Já fui muito escondido por conta da minha deficiência e é justamente isso que a gente não quer: que as pessoas escondam seus filhos deficientes dentro de casa. Na corrida não há preconceito e todos querem a mesma coisa, largar e chegar- atesta o programador que chegou a pesar 117kg antes de mudar de vida.

O grupo já tem mais quatro mais pais que correm com filhos cadeirantes, incluindo o Erivaldo dos Santos que chega com a filha Layla vestida de caipinha. Ela completou 15 anos no final de semana e não poderia haver forma melhor de comemorar.

- Estou muito feliz por finalmente ter uma cadeira boa pra levá-la a todas as provas. Ela fica muito feliz de estar no meio das pessoas e dá risada quando sente o vento batendo no rosto- conta o pai emocionado.

A Layla teve diagnosticada paralisia cerebral no quinto mês da gravidez, pouco anda e não fala. Mas se comunica com o olhar e agradece a chance de fazer parte da sociedade.

- Peço a todos os pais e mães que tem filhos especiais que venham participar também, a corrida faz muito bem para nós e para eles! - finalizou.

Claudia Schaefer Corrida Eu Atleta São Paulo (Foto: Mauro Horita)Cláudia e Bia, Roberto Itimura, o pelotão, Erivaldo e Layla juntos na Corrida EU ATLETA  (Foto:Mauro Horita)