Ciência

Cientistas descobrem minhoca do mar vivendo no litoral do Brasil

Essa minhoca do mar possui brânquias maiores que as de outros anelídeos marinhos, que ajudam na respiração aquática.
Imagem: UFPR/Divulgação

A descoberta de uma nova espécie de minhoca do mar no litoral do Brasil expande o entendimento sobre a biodiversidade do país. A espécie Naineris lanai, que habita o litoral sul e sudeste do país, reafirma a condição de adaptação evolucionária dos anelídeos.

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Antes da descoberta no Brasil, cientistas consideravam que a minhoca Naineris setosa, classificada em 1900, era única. No entanto, o biólogo brasileiro descobriu que a Naineris setosa consiste em três diferentes espécies.

Em parceria com a pesquisadora norueguesa Nataliya Budaeva, Álvarez publicou um estudo que explica essa distinção, sustentada por sequenciamento genético, bem como por diferenças morfológicas.

Os cílios da minhoca do mar

Imagem: UFPR/Divulgação

A Naineris lanai é diferente porque possui características que permitem que a espécie viva em ambientes lamacentos, com pouquíssimo oxigênio. Essa minhoca do mar possui brânquias maiores que as de outros anelídeos marinhos, que ajudam na respiração aquática.

Além disso, os cílios maiores por todo corpo do animal conseguem levar a pouca água disponível às brânquias, aumentando a absorção de oxigênio, de acordo com o estudo.

São essas características morfológicas que distinguem a minhoca do mar descoberta no litoral brasileiro. E, por falar em morfologia, a descoberta da nova espécie só foi possível pela análise da morfologia funcional, de acordo com o autor do estudo.

Primeiramente, morfologia funcional é o estudo da relação entre a estrutura de um organismo e sua função. A adaptação do sistema respiratório da minhoca do mar com base no ambiente com pouco oxigênio é um exemplo de morfologia funcional.

Homenagem 

E quem ficou impressionado com essas adaptações da minhoca do mar foi o professor Paulo Lana, da Universidade Federal do Paraná. Lana estudava anelídeos marinhos há décadas e era o orientador do autor do estudo durante seu doutorado.

Durante esse doutorado, Ricardo Álvarez coletou – e portanto descobriu – a minhoca do mar em mangues do litoral do Paraná e de São Paulo, em 2021.

Paulo Lana morreu em 2022, antes da publicação do estudo sobre a nova minhoca do mar encontrada no Brasil. No entanto, Álvarez, por descobrir a espécie, também era o responsável por sua taxonomia – classificar a nova minhoca do mar do Brasil.

Paulo Lana… Naineris lanai… Já dá para entender que o nome científico homenageia o falecido professor, não é? Mas, além disso, no Registro Mundial de Espécies Marinha, ou WORMS (que significa ‘minhocas’ em inglês), Álvarez ressalta que a homenagem não é somente em reconhecimento pelas contribuições de Lana à ciência marinha, mas, também, “por acreditar nas pessoas”.

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