Falta de apoio financeiro é o principal desafios das organizações LGBTQIA+ no Brasil

Por: GIFE| Notícias| 24/06/2024

Uma pesquisa da Abong (Organizações Brasileira de ONGs), em parceria com a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos), produziu um diagnóstico sobre o cenário do ativismo LGBTQIA+ no Brasil. O levantamento faz parte do Projeto Pajubá e ouviu quase 90 organizações da sociedade civil de todas as regiões.

O projeto busca fortalecer a atuação desses coletivos através de capacitação política e de advocacy, promoção de assessoria jurídica e apoio ao desenvolvimento institucional. É uma resposta às próprias conclusões da pesquisa, que mostra a falta de apoio financeiro como principal desafio das ONGs, que precisam lidar com a ausência de planejamento financeiro sustentável no longo prazo.

“Muitas vezes, as iniciativas são feitas por conta própria, com autofinanciamento e sacrifício da saúde mental e dos recursos das próprias militantes”, destaca o relatório. 

Para Keila Simpson, fundadora da Antra, o diagnóstico se deve ao descaso que as OSCs têm enfrentado no país. Ela divide as organizações entre as consolidadas de grande porte; as que conseguem apoio esporádicos para suas ações; e as que estão em completa debilidade. Assim, a importância do Projeto Pajubá é demonstrar o que os ativistas já sabiam, mas agora com dados estatísticos.

“Todas essas organizações, de maior e menor porte, têm em comum a vontade de atuar muito intensamente defendendo suas bandeiras. O que falta é incentivo financeiro e formação.”

A formação nesse caso se refere à ausência de profissionais para captação de recursos dentro das organizações e falta de experiência para concorrer a editais. Assim, muitas delas dependem de voluntários e têm o futuro de suas atividades incerto.

Dados do Censo GIFE 22-23 sobre a forma de atuação dos investidores sociais na promoção da diversidade, equidade e inclusão mostram que 49% da atuação voltada para a população LGBTQIA+ é transversal, 32% não é prioritária, e apenas 19% têm atuação direta. 

Keila Simpson observa que se a maioria das organizações já têm dificuldades para acessar recursos públicos, o capital privado é ainda muito mais distante. Ela propõe como possibilidade de enfrentamento a esse desafio, premiações destinadas a essas organizações, para o desenvolvimento de uma ação pontual, sem precisar disputar editais. Para ela, iniciativas assim ajudariam no fortalecimento dessas organizações que ainda não conseguem disputar recursos, seja por dificuldade na prestação de contas, falta de documentação, ou da própria ausência de profissionais capacitados.

“Não é só entender o que aquela instituição tem de debilidades, mas apoiar para que ela se reestruture financeiramente, ganhe sustentabilidade para continuar atuando e se capacitar para desenvolver ações futuras”, finaliza. 


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