O dia 17 de março de 2013 talvez nunca saia da memória
do torcedor do Campinense. Essa foi a data em que o Rubro-Negro
conquistou o primeiro título interestadual de um clube paraibano e também a maior das conquistas de sua história. Com um
time que foi montado com peças até então desconhecidas do torcedor
local, treinado por um Oliveira Canindé também pouco
familiar da nação raposeira, o Campinense superou adversários
de grande porte, como Sport e Fortaleza, e diante de um Estádio Amigão
completamente lotado ergueu a taça da competição regional,
cravando o nome da Paraíba no cenário do futebol brasileiro.
Raposa entrou no Nordestão com elenco desconhecido, mas surpreendeu e ficou com o título regional(Foto: Magnus Menezes / Jornal da Paraíba)
Neste fim de ano, a reportagem relembra os passos da caminhada rubro-negra até a conquista
do título inédito, com suas frases impactantes, seus personagens de
destaque e todos os aspectos que trouxeram a alegria aos raposeiros,
donos do Nordeste em 2013.
Primeira grande demonstração de força do Campinense foi vencer o Santa Cruz por 3 a 0 (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)O Campinense estreou na competição jogando fora de casa,
contra o Feirense, e arrancou um empate por 2 a 2. Na sequência, a
primeira vitória, 3 a 0 contra o Santa Cruz, e a torcida começava a
ver com bons olhos o time comandado por Oliveira Canindé. O time teve também duas vitórias em cima do CRB. A única
derrota na primeira fase aconteceu contra o Santa Cruz, só que
dessa vez jogando no Arruda, quando a Raposa já entrou em campo
aliviada com a classificação garantida. Nas quartas de final, a
primeira pedreira: Sport Recife e vaga para ser decidida na Ilha do
Retiro.
Só que, para quem esperava pressão dos pernambucanos, o
Campinense surpreendeu e, numa atuação quase que impecável do meia
Bismarck, o time arrancou um empate por 2 a 2 e, com o 0 a 0 no
primeiro jogo em Campina Grande, avançou um passo a mais na busca
pela Copa do Nordeste.
- Muita gente que não acompanha o trabalho acaba pensando que o
que a gente fez aqui foi na sorte. Mas não é. Tudo que nós
executamos em campo é exaustivamente treinado e só colocamos um
esquema tático quando temos certeza que é o melhor que nosso time
pode executar. Bismarck jogou hoje de acordo com o que a gente treina
todo dia lá em Campina Grande. O Campinense é um time muito
ajustado, onde todos se ajudam e o destaque é para o coletivo, não
para o individual – comentou, após o jogo em Recife, o então
técnico raposeiro.
Campinense eliminou o Sport em plena Ilha do Retiro (Foto: Antônio Carneiro / Pernambuco Press)Problemas 'extracampo' nas semifinais
Depois de passar pelo Sport,
mais um “Leão” no caminho do Campinense. A Raposa tinha um difícil compromisso diante do Fortaleza, agora valendo uma vaga para
a decisão da competição regional. Em dois jogos bastante
acirrados, os fatores extracampo acabaram chamando atenção. No
primeiro jogo, no Ceará, nada menos que 11 jogadores rubro-negros
reclamaram de uma indisposição intestinal durante o jogo, fato que
acabou comprometendo o rendimento do time na derrota por 2 a 1.
No jogo da volta, no Amigão, o
Rubro-Negro conseguiu a superação e, com um gol relâmpago,
derrotou o Tricolor Cearense e chegou bastante credenciado para
disputar o título. Fato lamentável desse jogo foi que, após o
apito final do árbitro, torcedores do Fortaleza promoveram um
verdadeiro quebra-quebra nas arquibancadas do Amigão e foi
necessário a intervenção da Polícia Militar para conter os
ânimos. No final, prejuízo com várias cadeiras quebradas e danos
na estrutura de bares e banheiros do estádio.
Gol do Campinense no início do jogo eliminou o Fortaleza das semifinais da Copa do Nordeste(Foto: Magnus Menezes / Jornal da Paraíba)
Decisão contra o
ASA
Se no começo da competição esse
cenário era inesperado, graças ao favoritismo de pernambucanos, baianos e cearenses, Campinense e ASA estavam qualificados para a
disputa do título da Copa do Nordeste. Com a melhor campanha até
então, os paraibanos conseguiram a vantagem de decidir dentro de
casa.
Time ofensivo e bem armado de Oliveira Canindé fica com a vitória no primeiro jogo da final, mesmo jogando fora de casa contra o ASA de Arapiraca(Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)
Só que o time de Oliveira Canindé foi para cima do Alvinegro alagoano mesmo quando a
partida aconteceu no Estádio Coaracy da Mata, em Arapiraca. Em
mais uma brilhante atuação de Bismarck, a Raposa fez 2 a 1 fora de casa e ficou
com uma mão na taça, apesar do “maestro do time” refutar que
houvesse alguma vantagem.
- Temos
que primeiro ser campeão. Para aí sim podermos comemorar
– disse
o então camisa 10, após sair de campo ovacionado pelos torcedores
que foram até o interior de Alagoas para acompanhar o primeiro jogo
da final.
O jogo dos jogos
Com
a vantagem de poder empatar dentro de casa e com a campanha quase irretocável na Copa do Nordeste, se iniciou em Campina Grande uma verdadeira caça aos ingressos para a grande final, em
Campina Grande. A diretoria do Campinense colocou cerca de 20 mil
bilhetes à venda e filas gigantescas foram se formando nos pontos de
venda nos dias que antecederam o jogo decisivo.
Longas filas nos dias que antecedem o jogo são registradas na loja do clube (Foto: Tarcísio Araújo / Jornal da Paraíba)E
com um roteiro já anunciado, o Amigão se pintou de vermelho e preto
para testemunhar o momento que prometia ser histórico. Dono das
ações desde os minutos iniciais, a Raposa não deixou o ASA
respirar em campo, marcou dois gols no segundo tempo (um de Jefferson
Maranhense e outro de Ricardo Maranhão) e se tornou o primeiro time
da Paraíba a vencer uma competição de repercussão nacional
reconhecida pela CBF. Com a torcida em festa, extasiada pela
conquista, coube ao capitão Roberto Dias, um dos ídolos daquele
time, fazer o gesto que consagra os campeões: erguer a taça.
Capitão Roberto Dias ergue a taça de campeão do Nordeste (Foto: Leonardo Silva / Jornal da Paraíba)-
O que nós fizemos aqui não vai ser esquecido pelo torcedor do Campinense. Tenho certeza que esse grupo que foi
formado aqui, que se tornou uma verdadeira família, pode mudar de
clube e vestir várias camisas, mas o que nós vivemos defendendo as
cores do Campinense nunca vai poder ser apagado. Somos campeões e
estamos na história desse clube e na memória desses torcedores.
Isso é maravilhoso para qualquer jogador e para mim é uma honra ter
meu nome escrito
nessa conquista – comentou, na época, o capitão
rubro-negro.
Apesar da conquista inédita na Copa do Nordeste,
o Campinense não conseguiu manter o desempenho no Campeonato
Paraibano. E com a eliminação no Estadual, acabou ficando quase
seis meses com as atividades do seu departamento de futebol
profissional paralisadas. Na próxima temporada, apostando em um
elenco e um treinador sem muita fama (Paulo César Schardong,
auxiliar de Oliveira neste ano), a Raposa busca reconquistar o
Paraibano, ou ao menos ser o primeiro colocado depois de Treze e Botafogo-PB,
para garantir um calendário de jogos completo na temporada. A fórmula, ao menos, é a mesma que culminou no título do Nordestão.
Torcida do Campinense lota o Amigão, exibe camisa gigante na final do Nordestão contra o ASA e comemora o título (Foto: Magnus Menezes / Jornal da Paraíba)