Brasil encerra Mundial de Judô sem medalhas pela primeira vez desde 2009

Com a equipe desfalcada, brasileiros tiveram o pior resultado em quinze anos. Apesar disso, Michel Augusto garantiu vaga olímpica na competição

Por Redação do ge — Rio de Janeiro


O Brasil encerrou o Mundial de Judô sem medalhas, e teve sua pior participação em quinze anos. Disputado em Abu Dhabi, o campeonato deste ano foi realizado em condições atípicas, a dois meses das Olimpíadas. Desfalcado, o Brasil não teve a participação de grandes nomes, como Rafaela Silva e Mayra Aguiar. Nesta sexta-feira, os brasileiros perderam para o Uzbequistão na disputa de equipes mistas. Apesar dos resultados, a competição foi positiva para Michel Augusto, que garantiu a vaga olímpica.

Beatriz Souza no Pan-Americano de Judô — Foto: Anderson Neves/CBJ

O judô é um dos esportes que mais trazem medalhas olímpicas para o Brasil. Os judocas brasileiros não deixavam de subir ao pódio do Mundial desde 2009. Este ano, o Brasil contou com um time de 18 atletas no Mundial, incluindo sete dos dez que já foram convocados para as Olimpíadas. Focados na preparação para Paris, Mayra Aguiar, Rafaela Silva e Rafael Silva, o Baby, decidiram não participar da competição. Ainda por conta das consequências da pandemia de Covid-19, a disputa do Mundial atrasou e a Federação Internacional decidiu realizar agora, a dois meses dos Jogos.

Outros países também tiveram atletas que ficaram de fora por conta das Olimpíadas, como o Japão e a França. Maiores potências do judô mundial, as confederações não levaram seus principais judocas para a competição. Uta Abe, japonesa tetracampeã mundial e campeã olímpica, foi poupada na categoria até 52kg. No lado francês, Teddy Riner, considerado o maior judoca da atualidade, também não esteve presente.

O Mundial de Judô é importante, principalmente, para os atletas que estavam em busca de pontos no ranking mundial para garantir uma vaga em Paris. Mas o Mundial não foi totalmente ruim para o Brasil. Quem aproveitou o momento foi o brasileiro Michel Augusto, de 19 anos, que carimbou o passaporte para as Olimpíadas na categoria até 60 kg. Michel já havia subido no ranking quando foi ouro no Pan-Americano de Judô, realizado pouco antes do Mundial, no Rio de Janeiro.

Outro nome importante do judô brasileiro que esteve em Abu Dhabi foi o medalhista olímpico Daniel Cargnin. O brasileiro se preparou para a competição em condições difíceis. Natural de Porto Alegre, Cargnin foi um dos atletas que se mobilizou para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O judoca estava trabalhando como voluntário nos abrigos da região, e também viu amigos e familiares serem afetados. Em entrevista ao programa Ça Va Paris, Cargnin disse que não estava conseguindo focar nos treinos para a competição com a rotina intensa. Na disputa pelo bronze nos -73kg, ele perdeu para Ankhzaya Lavjargal, da Mongólia.

Daniel Cargnin perde disputa pelo bronze no Mundial de Judô

Classificados para Paris

Agora, os judocas brasileiros se preparam para as Olimpíadas de Paris. Campeã olímpica na Rio 2016, Rafaela Silva (-57kg) é o destaque da convocação, junto aos também medalhistas olímpicos Mayra Aguiar (-78kg), Daniel Cargnin (-73kg) e Rafael Silva (+100kg). Além dos quatro, o Brasil vai contar com Willian Lima (-66kg), Guilherme Schmidit (-81kg), Rafael Macedo (-90kg), Leonardo Gonçalves (-100kg), Larissa Pimenta (-52kg) e Beatriz Souza (+78kg). Agora, Michel Augusto conseguiu mais uma vaga para o Brasil nos -60kg.

O fechamento do ranking olímpico será no dia 23 de junho, quando devem ser oficializados todos os classificados para os Jogos. O Brasil também tentava uma vaga com Natasha Ferreira e Amanda Lima, na categoria até 48kg, e Luana Carvalho no peso até 70kg. Medalhista olímpica em Pequim 2008, Ketleyn Quadros também brigava na categoria até 63kg.