Por g1 SP — São Paulo


  • O governo de São Paulo anunciou mudança da sede administrativa do Morumbi para o Centro da capital

  • Serão construídos 12 prédios na região dos Campos Elíseos para abrigar o gabinete do governador e as secretarias estaduais

  • Os urbanistas apontam que a mudança aproximar a gestão da população, mas alertam para os impactos da falta de políticas habitacionais para quem vive em situação de vulnerabilidade na região

Projeção da nova sede do Governo de SP no Centro da capital paulista — Foto: Divulgação/GESP

O concurso de arquitetura aberto pelo governo de São Paulo para selecionar projetos que ajudarão na constru��ão da nova sede administrativa, no Centro da capital paulista, teve 50 inscrições aceitas pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, organizador da iniciativa.

Conforme o governo paulista, o período de inscrições terminou no dia 12 de junho. Os coordenadores, então, fizeram a validação e homologação dos cadastros. Agora, os arquitetos e urbanistas habilitados terão agora até 10 de julho para entregar as propostas com os estudos preliminares.

Após a entrega das propostas, se inicia o período de julgamento, que vai até 5 de agosto. A divulgação do resultado do concurso será feita em 19 de agosto.

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O projeto vencedor receberá um prêmio de R$ 850 mil. Já o segundo colocado receberá R$ 100 mil, enquanto o terceiro colocado será premiado com R$ 50 mil, além de possíveis menções honrosas.

Promovido pela Companhia Paulista de Parcerias (CPP) em parceria com o IABsp, o concurso vai selecionar o projeto que deve servir de base para orientar a transformação da área que abrigará a sede na região central da capital.

As propostas deverão considerar obrigatoriamente:

  • Lei de Zoneamento;
  • Plano Diretor do município de São Paulo;
  • Resoluções de tombamento do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo
  • Resoluções de tombamento do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo
  • Área de intervenção urbana no setor central.

Em março deste ano, quando o concurso foi anunciado, o secretário especial de Projetos Estratégicos do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, disse que se tratava do "maior concurso de arquitetura desde Brasília (plano piloto)".

Projeto de transferência da sede

Sede do governo de SP deve ser transferida para região central

Sede do governo de SP deve ser transferida para região central

A transferência da sede administrativa do Morumbi, área nobre da Zona Sul, para a região de Campos Elíseos, Centro, foi uma das promessas de campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Com investimento estimado em R$ 4 bilhões, o principal objetivo do projeto, segundo o governo, é revitalizar o Centro a partir do aumento do fluxo de pessoas e da sensação de segurança.

Na região dos Campos Elíseos, 12 prédios serão construídos para receber o gabinete do governador e das 28 secretarias do estado. Para isso, contudo, será necessário realocar o Terminal Princesa Isabel e desapropriar 230 imóveis residenciais localizados nos quarteirões que passarão por intervenções.

Segundo Tarcísio divulgou em março, o estado deve investir cerca de R$ 500 milhões nas desapropriações.

Construção

Projeção da nova sede do Governo de SP no Centro da capital paulista — Foto: Divulgação/GESP

Os prédios devem começar a ser erguidos em março de 2025, com previsão de entrega para 2028, podendo se estender a 2029, já na próxima gestão estadual.

Na nova sede administrativa, os mais de 22 mil funcionários públicos que atuam nos gabinetes e secretarias de governo devem ter suas áreas de trabalho reduzidas de 35 m² para cerca de 8m².

O Palácio das Bandeirantes, na Zona Sul de São Paulo, deve continuar como residência, gabinete do governador e abrigando secretarias mais próximas, Comunicação, Casa Militar e Casa Civil.

O que dizem especialistas?

Para Raul Juste Lores, pesquisador de arquitetura e urbanismo, a principal vantagem da mudança é a possibilidade de reocupação do Centro de São Paulo. "O governo do estado tem um monte de prédios históricos subutilizados ou vazios nos Campos Elíseos".

"Ao mesmo tempo, desobstruir o Morumbi. O Palácio dos Bandeirantes é uma enorme bolha, afastada por todos os lados. Parece que você está no meio de um parque, onde todos os funcionários têm que chegar de fretado, van ou de carro, o que é péssimo em uma área já tão congestionada", aponta.

"A mudança de sede de governo é uma correção histórica. O movimento de tirar a capital do Rio para Brasília, de tirar a USP do Centro de São Paulo e levar para a Cidade Universitária, para um campus isolado, de tirar o governo do estado e levar para o Morumbi, ou a Assembleia Legislativa e a prefeitura para o isolado Ibirapuera era uma coisa dos anos 50 e 60, de priorizar o carro, o subúrbio, de achar que o Centro é ruim. Então, estava na hora de consertar esse equívoco".

Projeção da nova sede do Governo de SP no Centro da capital paulista — Foto: Divulgação/GESP

O coordenador do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), Aluízio Marino, concorda com a colocação, mas questiona os métodos adotados pelo governo.

"Isso poderia ser feito utilizando as edificações que já existem. Isso poderia ser feito sem a necessidade de uma política de destruição. Então, a questão é a forma, porque você trazer a administração para próximo me parece algo interessante. Acho que isso não é o problema. O problema é a forma como isso é feito", pontua.

Gabriel Rostey, criador do podcast Conversas Urbanas, diz que "a mudança promove uma espécie de reparação histórica, que é positiva para além do problema da Cracolândia — é uma mudança boa por si só, pois as quatro quadras previstas para a intervenção direta podem, em conjunto com o Plano de Integração Urbana (PIU) Setor Central, ser indutoras do desenvolvimento de uma área há muito esquecida e com densidade habitacional muito baixa para região tão central e dotada de infraestrutura".

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