Por g1 SP — São Paulo


Foliões ficam ilhados após alagamento na Avenida Vereador Abel Ferreira, Zona Leste de SP

Foliões ficam ilhados após alagamento na Avenida Vereador Abel Ferreira, Zona Leste de SP

Foliões que participaram do Bloco Tatuapé, que desfilou na Avenida Vereador Abel Ferreira, 69, na Zona Leste de São Paulo, no domingo (18), ficaram ilhados e presos na chuva por conta dos gradis colocados pela prefeitura no trajeto dos blocos.

De acordo com Gustavo Leman, um dos organizadores do bloco, os foliões ficaram sem rota de fuga para escapar do alagamento, já que todo o trajeto foi gradeado com uma única entrada e saída da avenida.

Bloco sofre alagamento na Zona Leste de SP

Bloco sofre alagamento na Zona Leste de SP

"Eles fizeram um único acesso com a justificativa que era pela segurança do bloco. Fecharam todas as paralelas, ou seja, não existiu protocolo de segurança, e o local de dispersão, para onde estavam guiando as pessoas, estava completamente alagado", disse Gustavo.

E emendou: "Ambulantes, mães com crianças ilhadas se protegendo dentro de banheiros químicos enquanto a água subia, teve folião que até apanhou da polícia. Nós orientamos [a prefeitura] sobre a necessidade de ter uma saída de emergência e nosso alerta foi tratado com ironias".

Ainda de acordo com Gustavo, a prefeitura informou que precisava realizar o controle de acesso geral em uma única entrada e que não tinha efetivo de agentes da polícia para monitorar mais locais na avenida. "Fizeram basicamente um corredor de gradil e jogaram as pessoas dentro."

Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que "as vias de fuga estavam preservadas e contavam com barreiras (gradis) móveis sob controle da Polícia Militar, não trazendo qualquer prejuízo para escoamento de público. Com a finalidade de garantir os deslocamentos para atendimentos de emergência, montou-se um corredor de segurança sob controle e responsabilidade da Polícia Militar. Neste corredor estavam inseridos os Postos Médicos". (veja nota completa no final da reportagem)

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que "no primeiro momento, o percurso para os foliões era a Avenida Vereador Abel Ferreira, que foi alagada em decorrência da forte chuva, prejudicando a continuidade do evento. Pelo risco para a segurança dos participantes, as pessoas deixaram o evento com supervisão direta da Polícia Militar. Com relação ao uso da força contra pessoas, o 8° Batalhão da Polícia Militar (BPM/M) desconhece os fatos. A Corregedoria da PM está à disposição para formalização de denúncias, a fim de que os fatos sejam apurados".

Foliões que estavam no local também relataram por redes sociais ter passado por problemas para sair do local.

"Fiquei dentro de um banheiro químico com a minha filha de oito anos para me proteger dos raios. E a água não parava de subir", informou uma mulher.

"Os policiais não deram apoio. Levei três socos nas costas de um policial quando estava tentando sair do bloco", disse outro folião.

"Quando a gente chegou, estava com gradil em tudo. Quando começou a chuva, ela deu uma apertada e [a água] já começou a subir. Ali é um ponto de alagamento. A água ficou acima da cintura. Subiu muito rápido e estava muito cheio de grade. A gente tentou se abrigar em algum lugar, mas não conseguia sair da área com água na cintura. Quando demos conta, todas as ruas estavam alagadas", relatou Ronaldo Cardoso, que também faz parte da organização do bloco.

E finalizou: "Meu carro estava estacionado próximo ao local, para servir de apoio ao bloco, e eu não consegui removê-lo por causa dos gradis. Entrou água no carro inteiro".

Carro do Ronaldo que ficou preso por conta dos gradis. — Foto: Arquivo pessoal/ Ronaldo Cardoso

Luana Manoela Barbosa estava trabalhando como vendedora ambulante no trajeto do bloco com a esposa. Como estavam com mercadorias, elas deixaram o veículo estacionado próximo à entrada do bloco e ficaram só com o carrinho de bebidas.

"Entramos na parte gradeada pela prefeitura, e o bloco começou. Em seguida começou a chover muito, e a água subiu. Todos entraram em desespero porque não tinha por onde sair, já que estava tudo cercado. Não dava para fugir nem pelas laterais por causa dos gradis e do peso dos carrinhos. Nós mesmos tivemos que tirar os gradis do caminho para conseguir sair", afirma Luana.

Plano de segurança

Para Gustavo, a prefeitura não criou um plano de segurança para lidar com emergências no carnaval de rua deste ano.

"Deveríamos ter participação no plano de segurança, eles sempre dizem ser especialistas em produção de grandes eventos, disseram que sabiam o que estavam fazendo. Os próprios colaboradores da SPturis alertaram sobre o risco do gradeamento. Neste ano não existiu diálogo sobre o que poderia ser melhor para o bloco, simplesmente a PM estava decidindo tudo na hora", afirma.

O g1 já havia questionado a prefeitura anteriormente sobre o excesso de gradis, após reclamações nos blocos Ritaleena, na Avenida Sumaré, no Bloco da Pabllo e no Latinha Mix, ambos no Ibirapuera. Em resposta, a gestão afirmou que os equipamentos são colocados justamente para proporcionar maior segurança para os foliões.

O que diz a Prefeitura de SP

"A Subprefeitura Mooca informa que toda a estrutura física e de pessoal, apresentada na Avenida Vereador Abel Ferreira no último domingo (18), foi dimensionada tecnicamente para atender evento de grande porte, considerando as informações apresentadas pelos organizadores dos Blocos de Carnaval e, no caso específico, conforme indicado pelo responsável, o Bloco Tatuapé contava com público estimado em até 50 mil pessoas.

O planejamento operacional destinado a garantir a segurança do evento foi desenvolvido por equipe multidisciplinar composta por integrantes da Polícia Militar (Policiamento de Área e Policiamento de Trânsito), Guarda Civil Metropolitana, Companhia de Engenharia de Tráfego, SPTRANS, Secretaria Municipal das Subprefeituras e Subprefeitura da Mooca.

As vias de fuga estavam preservadas e contavam com barreiras (gradis) móveis sob controle da Polícia Militar, não trazendo qualquer prejuízo para escoamento de público. Com a finalidade de garantir os deslocamentos para atendimentos de emergência, montou-se um corredor de segurança sob controle e responsabilidade da Polícia Militar. Neste corredor estavam inseridos os Postos Médicos.

Salienta-se que todos os planejamentos operacionais produzidos pela equipe multidisciplinar foram apresentados e discutidos com todos os Organizadores dos Blocos em reuniões preparatórias.

�� importante ressaltar que as ambulâncias presentes no local estavam posicionadas em um corredor de emergência, o que permitiria a saída, caso fosse necessário."

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