Por Amanda Rocha, g1 São Carlos e Araraquara


Correntes de moto e catraca de bicicleta são matéria prima para bombeiro-artesão. Na foto o dino "Epinossauro" de quase uma tonelada. — Foto: Arquivo pessoal

Correntes de motos, catracas de bicicletas, parafusos e rolamentos se transformam em esculturas criativas na mão do bombeiro e artesão Carlos Henrique Tomé, de Santa Cruz das Palmeiras (SP).

Entre elas está um Epinossauro, que pesa quase uma tonelada e tem 2,4 metros de altura por 4,2 metros de comprimento, e chama atenção no município.

Sua paixão pela arte também está exposta na sede do batalhão em que trabalha, em Porto Ferreira (SP), com esculturas de concreto de dois bombeiros.

Bombeiro-artesão faz escultura de uma tonelada com material reciclável

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“Eu vi que alguns postos de bombeiros tinham esculturas de bombeiros, e eles me autorizaram a fazer no batalhão de Porto Ferreira . Foi um voto de confiança e que me incentivou a fazer minha arte”, contou.

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Obras de peso

As primeiras esculturas começaram a serem feitas em 2021 e desde então, ele começou a se inspirar em brinquedos da infância, como os dinossauros e outros animais.

As esculturas têm o tamanho real dos modelos e a maior é um Epinossauro que está exposto em um mercado de Santa Cruz das Palmeiras.

Bombeiro se dedica à arte em Santa Cruz das Palmeiras

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Para o transporte da robusta obra de arte, um caminhão munck foi necessário. O veículo é um equipamento de grande porte utilizado em içamento de cargas pesadas, e a "operação" durou 4h30 para ser realizada.

“Como é uma escultura muito grande, eu não tinha como deixar em casa. Falei com o proprietário do mercado, que é um amigo, e agora vai ficar lá até o final do ano”, contou.

Escultura de dinossauro criada por bombeiro e artesão Carlos Henrique Tomé, de Santa Cruz das Palmeiras (SP). — Foto: Arquivo pessoal

300 horas de trabalho

Tomé faz suas as criações em de metal em uma oficina adaptada em seu quintal. Ele também utiliza um barracão para as obras maiores.

O trabalho é artesanal e leva meses para ficar pronto. Peças grandes e pequenas, como parafusos, pistões e embreagens de disco lentamente se transformam em figuras metálicas.

Desenhos feitos pelo bombeiro-artesão norteiam as esculturas, mas Tomé é modesto e diz que não é desenhista. Ele nunca fez curso de desenho ou de artes.

Transporte da escultura de dinossauro envolveu um caminhão munck. — Foto: Arquivo pessoal

Como trabalha em uma escala de 24 horas de trabalho seguidas por 48 horas de descanso, o bombeiro costuma calcular o tempo gasto nas esculturas em horas. Com uma rotina intensa no batalhão, ele alterna alguns momentos de folga para ficar nas peças de arte e em outros aproveita o descanso.

“Foram umas 300 horas para finalizar o Espinossauro, o que dá entre seis e sete meses para ficar pronto. Quando não estou muito cansado, aproveito as minhas folgas para focar nas esculturas. Agora, vou começar a fazer outros animais, como a girafa, e tentar adaptar um molde para acelerar o trabalho. Penso depois em fazer cavalos, elefantes e bois com esse molde, caso dê certo”, contou.

Do concreto ao metal

Esculturas de bombeiros enfeitam a fachada do Batalhão em Porto Ferreira (SP). Na foto, o filho Enrico e o bombeiro-artista Carlos Tomé. — Foto: Arquivo pessoal

No começo, o artista fazia as esculturas em concreto, depois foi para a argila e se encontrou com os metais.

Para isso, ele consegue doações em oficinas mecânicas e bicicletarias e reutiliza o que seria descartado.

“A maioria que iria para o lixo eu transformo em arte”, disse.

Os próximos planos do artesão são colocar à venda algumas das esculturas e, quem sabe, transformar o hobbie em uma nova profissão.

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