Viver Bem

Por Nicole Vasques, g1 Santos


Menino se sentou em banco sem assento, mas não notou que havia um ferro — Foto: Arquivo pessoal

Um menino, de sete anos, rasgou o saco escrotal ao sentar em um banco sem assento, onde havia um ferro pontiagudo, em uma área pública de lazer em Apiaí (SP). Ao g1, a mãe relatou que o filho levou nove pontos na genitália. "Não consigo tirar a cena da cabeça", desabafou ela.

O acidente aconteceu após o menino brincar com outras crianças em um gramado no bairro Jardim Aurora. A mãe, que preferiu não se identificar, disse ter chamado o filho para comer no local e, quando ele se sentou no banco, deu um "grito de horror", caindo no chão em seguida.

O menino foi levado às pressas ao Hospital de Apiaí pelo pai de um colega. Na unidade de saúde, os profissionais suturaram o saco escrotal dele. A mãe relatou que, desde então, a criança tem medo de sentar e até ir ao banheiro.

“Desde domingo (2) está deitado numa cama com vários pontos no testículo", lamentou ela. "Anda com as pernas abertas, pois tem medo dos pontinhos esbarrarem na perna. Tem medo de sentar, de ir ao banheiro, anda se esbarrando na parede. Meu coração sangra ao vê-lo assim".

Responsabilidade

A mãe, que preparava a comida do menino no momento do acidente, relatou que tudo aconteceu rapidamente. Quando ela percebeu a situação, notou a calça do filho rasgada e a cueca, repleta de sangue.

"Das outras vezes em que a gente ia lá, nesse lugar que ele sentou tinha o banco", explicou a mãe. "Ele estava acostumado a sentar ali [...]. Se eu tivesse percebido [a falta do assento e o ferro], não tinha deixado", complementou.

Ainda de acordo com a mulher, mesmo após a sutura feita na data do acidente, dois pontos se 'soltaram' e o menino precisou voltar à unidade de saúde na terça-feira (4).

"É uma criança muito alegre, animada, extrovertida e [que] não tem tempo ruim. Já acorda dando 'bom dia' ao mundo. Brinca, ri o dia inteiro, ama ir para a escola, ama os coleguinhas e os professores. Agora, [está] impossibilitado de tudo por acontecer uma fatalidade dessa", desabafou.

'Desolada', a mulher tem um novo desafio: conciliar o trabalho com os cuidados do filho. Devido à falta de recursos financeiros e por morar de aluguel, ela comprou os antibióticos a fiado [forma de pagamento a prazo] na farmácia. Ela também precisa de dinheiro para pagar um ultrassom dos testículos dele.

A mãe atribui a responsabilidade do caso à prefeitura. Segundo ela, a área de lazer representa um "perigo" para outras pessoas e nem deveria mais estar aberta. "Assim como aconteceu com meu filho, pode acontecer com outras crianças. Vou atrás do meu direito, como mãe, e do meu filho", disse.

O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Apiaí sobre o ocorrido, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.

Riscos para a saúde

Ao g1, a médica pediatra Sandra Ribeiro explicou que, em casos do tipo, é importante proteger a região com um pano limpo e procurar ajuda de profissionais da área da saúde imediatamente.

"Os riscos para a saúde geral da criança são os mesmos que para a exposição de outros órgãos. Há risco de infecção local e generalizada, se não for tratado adequadamente", complementou ela.

Ainda segundo a médica, o risco de contaminação por tétano é baixo, uma vez que a criança normalmente é vacinada contra a doença nessa faixa etária. Apesar do imunizante durar uma década no organismo, ela ressaltou que é interessante tomar uma dose de reforço.

Para evitar que os pontos se abram, de acordo com a médica, a criança deve permanecer em repouso durante a cicatrização. "É recomendada a assepsia, sutura e, geralmente, entra-se com um antibiótico e um anti-inflamatório, que vai ser mantido durante sete a dez dias, dependendo do caso", orientou.

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