Por João Gabriel Alvarenga, Gustavo Biano, Luana Cezarini, Thalles Bruno, g1 Campinas e Região, EPTV e Rede Amazônica


O que é a rota amazônica do tráfico, alvo da PF após liderar apreensões em Viracopos

O que é a rota amazônica do tráfico, alvo da PF após liderar apreensões em Viracopos

Quarto maior do país em número de passageiros domésticos e segundo maior em carga, o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), se tornou uma rota de interesse para o tráfico de drogas. Toda semana pelo menos uma apreensão é realizada em cargas ou com passageiros no terminal.

O trabalho de repressão, feito pela Polícia Federal (PF) e pela Receita Federal com o apoio de outros órgãos de segurança, revelou uma rota específica que tem liderado as apreensões de drogas em voos domésticos que chegam a Viracopos: a rota amazônica.

"É uma rota conhecida, consolidada, que vem aumentando cada vez mais o número de operações e pessoas presas", afirmou Edson Geraldo de Souza, chefe de Polícia Federal de Campinas.

Entenda como funciona essa rota, segundo as investigações:

  1. Drogas, como cocaína e maconha, são produzidas em países que fazem divisa com o estado do Amazonas, como Colômbia e Peru;
  2. O entorpecente é enviado de barco, sobretudo pelo Rio Solimões - que passa pela tríplice fronteira, para a Região Metropolitana de Manaus;
  3. Na Grande Manaus, a droga é enviada por via aérea para aeroportos de São Paulo, como Viracopos, no meio de cargas ou por meio de mulas, como são chamadas as pessoas aliciadas para o transporte dos entorpecentes.
  4. De Campinas, as drogas são encaminhadas para outras cidades do estado de São Paulo e para região sul do país.

Rota amazônica: droga entra de barco no Brasil e depois vai para o sudeste de avião, diz PF — Foto: Arte/g1

Investigações no AM e em SP

Como esforço para combater essa trajeto do crime organizado, as delegacias da Polícia Federal em Campinas e em Manaus, a partir de apreensões e prisões feitas nas duas cidades, realizaram operações para desarticular as quadrilhas.

A PF de Campinas em 2023 cumpriu, nos estados de São Paulo, Amazonas, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, seis mandados de prisão temporária e nove de busca e apreensão contra traficantes que usavam Viracopos como caminho da droga oriunda de Manaus.

"Ano passado tivemos a Operação Campinas Conection, justamente para entender prender e aprofundar investigações relacionados as associações criminosas, que tem pessoas sediadas no Amazonas e no sul do país utilizando aqui, esse aeroporto, como uma forma de rota", explicou Edson Geraldo de Souza, chefe da PF em Campinas.

No Amazonas, outra operação em abril deste ano cumpriu 18 mandados de busca e apreensão contra aliciadores de mulas. Na ação, os agentes apreenderam drogas, armas, joias e veículos de luxo

"Aqui no aeroporto de Manaus toda semana varias prisões em flagrantes são feitas de mulas que tentam embarcar transportando drogas. Com base em uma dessas prisões, foi iniciada uma investigação em que foi possível identificar uma organização criminosa de aliciamento de mulas. Além de aliciar essas mulas, essa organização tinha um núcleo de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas", detalhou Sávio Pinzon, delegado Policia Federal do Amazonas.

Aumento na apreensão de drogas

Passageiro é preso após desembarcar de Manaus com 19 kg de cocaína em bagagem despachada em Viracopos — Foto: Polícia Federal

O uso de Viracopos como rota para o tráfico de drogas fez crescer o número de apreensões e prisões no aeroporto, segundo o chefe da PF de Campinas. Os dados são de voos domésticos e internacionais:

2023

  • 261 kg de drogas apreendidas
  • 55 presos

2024 (janeiro a abril)

  • 164 kg de drogas apreendidas
  • 21 presos

"Nós intensificamos a fiscalização, nos aprimoramos por meio do treinamentos do policiais, troca de informações, por meio da integração e da PF com as demais forças de segurança. Além disso, o serviço de inteligência que vem acompanhado de uma série de recursos de fiscalização aeroportuária, quer pelo operador aeroportuário, quer pela própria PF e ainda pela Receita Federal".

Segundo o analista da Receita Federal, Cleiber Ferreira, uma fiscalização diária. "A gente faz esse trabalho todos os dias no aeroporto, de segunda a segunda. Então não para. Aqui é 24 horas por dia", afirmou.

Cão farejador da Receita Federal no Aeroporto Internacional de Viracopos — Foto: Reprodução/EPTV

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