Por Luís Ricardo da Silva, g1 Bauru e Marília


Mãe foi picada por formiga-bala ao entrar em piscina de bolinhas em Ourinhos (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Uma brincadeira com o filho de apenas quatro anos na piscina de bolinhas de um clube de Ourinhos, no interior de SP, terminou com a mãe da criança sentindo uma dor extrema, após ela ser mordida por uma formiga-bala, um dos insetos com a picada mais dolorosa do mundo.

Ao g1, a advogada Aline Ferraz contou que a situação aconteceu no dia 7 de junho, enquanto se divertia com o filho na brinquedoteca de um clube. De repente, em meio à brincadeira, ela afirma ter sentido uma forte dor no pé, que, a princípio, não soube identificar o que a teria causado.

"Entrei para brincar com ele e, quando fui trocar de lugar, senti uma dor super forte no pé, puxei o pé e, mesmo de meia, tinha uma coisa grudada. O ferrão dela ficou fincado no meu dedo mínimo. Tirei a meia e não consegui identificar o que estava grudado lá", conta.

Parte do animal ficou grudado no pé da mãe que entrou na piscina de bolinhas — Foto: Arquivo pessoal

Com o apoio do marido e de socorristas do local, Aline conta que o inseto logo foi identificado e, para surpresa e, ao mesmo tempo, azar, tratava-se de uma formiga Paraponera clavata, ou simplesmente, formiga-bala.

"Meu marido começou a puxar as bolinhas para procurar o que tinha lá no meio e achou o 'resto' do inseto. O socorrista que identificou a formiga já conhecia, mas usou um aplicativo para confirmar que se tratava de uma formiga-bala. Ele me deu gelo para pôr no local e orientou a tomar antialérgico", relembra.

O inseto é comum em regiões úmidas e tropicais das Américas Central e do Sul. Ele possui vários nomes, todos ligados à dor causada pela picada, como "A formiga das 24 horas" na Venezuela, devido ao tempo que uma pessoa pode ser afetada por seu ataque, ou tocandera, tocandira e tocanquibira no idioma tupi-guarani, que significa "aquela que fere profundamente". Algo que Aline pôde atestar na prática.

"Com o passar do tempo, a dor só foi aumentando, ela não se limita ao local da picada. Para conseguir dormir, tive que tomar três analgésicos, antialérgico, passei pomada no local e fiz muito gelo. Sem dúvidas foi a pior dor que eu já senti", revela.

"Ela [a dor] queima e não há o que passe. O gelo melhora, mas não passa e ela vai subindo… É meio desesperador. A dor intensa durou aproximadamente 12 horas. Depois disso, não passou, mas ficou suportável, um incômodo apenas por mais uns dois, três dias", explica.

Mulher picada por formiga-bala afirma que precisou tomar analgésicos e antialérgico para tentar amenizar dor — Foto: Arquivo pessoal

Com nota quatro, a formiga-bala ocupa um dos primeiros lugares no índice de dor Schmidt, uma escala que vai de zero (sem dor) a quatro (mais dolorosa), segundo o entomologista Justin O. Schmidt, que levou as mordidas na década de 1980 para classificá-las. O norte-americano definiu a mordida do inseto como "andar sobre brasas com um prego de cinco centímetros cravado no calcanhar".

A dor é causada por uma toxina que possui ações paralisantes. Além da dor, a picada também causa retenção de líquidos, edemas, expulsão de sangue com as fezes humanas, e elevação da frequência cardíaca.

Aline contou que tem o hábito de conferir se não há insetos no brinquedo antes de deixar o filho brincar na piscina de bolinhas. No entanto, como era um lugar que ela tem o costume de frequentar, confiou que estava tudo bem.

"Eu costumo ir afastando as bolinhas para dar uma olhada no fundo, mas, como é um lugar que conhecemos, não olhei desta vez", lamenta.

Mãe brincava com filho de quatro anos em piscina de bolinhas em Ourinhos (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Alerta nas redes

Para evitar que outras mães e até crianças passem pela situação, Aline Ferraz foi às redes sociais compartilhar a situação e alertar responsáveis e donos de estabelecimentos sobre a segurança de brinquedos para o público infantil.

No relato, que já conta com mais de 29 mil curtidas no Instagram, Aline agradece por ter sido ela e não o filho mordido pelo inseto e diz que chegou, em determinado momento, a achar que era um outro inseto o responsável pela dor.

"Eu entrei para brincar com ele e senti uma dor terrível no meu pé. Quando eu puxei o pé, tinha uma formiga que eu nunca tinha visto na minha vida, na hora eu até achei que tinha sido um escorpião ou outro bicho, porque a dor foi muito forte, muito intensa mesmo. Graças a Deus foi em mim e não no meu filho", comenta.

"Fica o alerta para a gente ficar sempre atento, dar uma olhada no brinquedo antes de deixar a criança brincar", complementa.

Segundo Aline, o relato dela tem sido acompanhado de outras mães que já passaram por situações iguais ou até piores com os seus filhos e, por isso, ela espera que a situação chame a atenção de estabelecimentos sobre os cuidados com o público.

"Fiquei ainda mais assustada com os comentários. Muitas mães já encontraram coisas piores, muitas crianças já saíram machucadas, então acho muito válido o alerta e também o pedido para os locais que têm esse tipo de brinquedo fazerem a higienização correta, manterem limpos e ficarem atentos também", pontua.

Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília

Confira mais notícias do centro-oeste paulista:

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!