Por Joana Caldas, g1 SC


André Testa foi árbitro de linha nas Olimpíadas do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução

A Polícia Civil ouviu, até esta quarta-feira (10), seis vítimas do treinador de vôlei denunciado por atletas por estupro em São José, na Grande Florianópolis.

A delegada Marcela Sanae Goto, responsável pelo caso, afirmou que quatro atletas prestaram depoimento antes da prisão preventiva dele. Outros dois procuraram a polícia após o suspeito ser detido, e foram ouvidas nesta semana. A polícia também tomou o depoimento de quatro testemunhas.

O treinador, André Testa, é investigado por pelo menos cinco crimes, declarou a Polícia Civil. Entre eles, estão estupro de vulnerável e importunação sexual. Na sexta-feira (5), ele passou por uma audiência de custódia e vai continuar preso preventivamente. A defesa do treinador disse que "a prisão preventiva é inoportuna e ilegal" [leia nota na íntegra abaixo].

As duas novas vítimas também são ex-atletas. Testa é suspeito de abusar sexualmente de garotos treinados por ele.

Segundo a delegada, as duas vítimas fizeram relatos de abusos semelhantes aos depoimentos anteriores.

Não há previsão de quando o inquérito deve ser concluído. A delegada informou, porém, que outras vítimas do suspeito podem encontrar em contato com a Polícia Civil através da Delegacia de Proteção da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCami) de São José. O telefone da delegacia é (48) 3665-7210 e o email, dpcamisaojose@pc.sc.gov.br. O disque denúncia da Polícia Civil é o 181.

Crimes

Goto enumerou os crimes pelos quais o suspeito pode responder.

“Ele está sendo investigado pelos crimes de estupro de vulnerável, importunação sexual, artigo 232 do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], porque ele constrangia os adolescentes perante outros atletas, o artigo 243 também do ECA, porque ele fornecia bebida [alcoólica] aos adolescentes, e o artigo 344 [do Código Penal], que é coação no curso do processo, porque ele passou a coagir as testemunhas para que não viessem prestar esclarecimentos nesta delegacia”.

André Testa foi juiz de linha nas Olimpíadas do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução

Segundo Goto, o suspeito chegou a se passar por delegado, ao simular um depoimento com um dos atletas, para garantir que ele negasse que os abusos ocorreram.

"O suspeito passou a coagir as testemunhas. Inclusive, com uma testemunha, chegou a simular uma situação onde ele seria delegado e passaria a fazer as perguntas. A testemunha deveria responder negando os abusos", diz.

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As denúncias foram feitas por jovens que jogavam na Associação Desportiva e Cultural Terra Firme. As vítimas relataram que o treinador os manipulava a ponto de não compreenderem que ocorriam crimes contra elas (assista abaixo).

"Ele ganha muito a confiança e acabou abusando de mim. Eu era virgem na época. Foi a minha primeira vez", relatou uma das vítimas.

Vítimas denunciam treinador de vôlei por estupro em SC

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O que diz a defesa

Os advogados Leandro Henrique Martendal e Marlon Charles Bertol, que atuam na defesa de André Testa, se manifestaram por meio de nota na semana passada. O g1 entrou em contato novamente com o escritório nesta quarta, mas a defesa preferiu não comentar o caso.

Confira abaixo o que diz a nota da semana passada.

"A prisão preventiva de André Wilson Testa é inoportuna, desnecessária e ilegal. A polícia apenas apresentou ilações e conjecturas e, com isso, não comprovou a imprescindibilidade da prisão preventiva, assim como não justificou o cabimento de outras medidas cautelares diversas da prisão.

André é inocente e não são procedentes as imputações. Conforme se comprovará no transcorrer do processo, há denuncismo de viés vingativo. Todas as informações colhidas até o presente momento foram produzidas sem que fosse oportunizado o direito ao contraditório."

O que dizem as entidades

A Associação Terra Firme afirmou que não concorda com esse tipo de situação, nenhum tipo de assédio, físico moral ou sexual, e que prontamente afastou o técnico para que as investigações fossem feitas sem qualquer interferência junto aos jogadores.

A Fundação Municipal de Esportes de São José também se manifestou. Por nota, disse que tomou conhecimento da denúncia informalmente em maio e que notificou imediatamente os responsáveis técnicos do projeto de voleibol e o professor foi afastado.

Já a Federação Catarinense de Voleibol não vai se manifestar no momento, pois desconhece os fatos e em nenhum momento recebeu algum tipo de denúncia. E espera que tudo seja esclarecido pelas autoridades competentes na forma da lei.

A Confederação Brasileira de Volêi (CBV) enviou nota dizendo que, diante das denúncias recebidas, a CBV determinou à Federação Catarinense de Voleibol o afastamento imediato do técnico das funções, além de suspender seu registro na entidade, até que os fatos sejam devidamente apurados.

A CBV reitera que repudia qualquer tipo de assédio, e trabalha de forma incessante por um ambiente pautado pela ética e pelo respeito, e livre de qualquer tipo de violência ou preconceito.

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