Por Joana Caldas e Raphael Faraco, g1 SC e NSC


Treinador de vôlei suspeito de estupro em São José tem prisão mantida

Treinador de vôlei suspeito de estupro em São José tem prisão mantida

Mais duas possíveis vítimas do treinador de vôlei denunciado por atletas por estupro em São José, na Grande Florianópolis, procuraram a Polícia Civil. Elas devem ser ouvidas na próxima semana. A delegada Marcela Sanae Goto, responsável pelo caso, ressaltou a importância de vítimas procurarem a delegacia para denunciar.

O treinador, André Testa ,é investigado por pelo menos cinco crimes, afirmou a Polícia Civil. Entre eles, estão estupro de vulnerável e importunação sexual. Na sexta-feira (5), ele passou por uma audiência de custódia e vai continuar preso preventivamente. A defesa do treinador disse que "a prisão preventiva é inoportuna e ilegal".

As duas possíveis vítimas que procuraram a polícia são dois jovens ex-atletas. Testa é suspeito de abusar sexualmente de garotos treinados por ele.

Crimes

A delegada enumerou os crimes pelos quais o suspeito pode responder.

“Ele está sendo investigado pelos crimes de estupro de vulnerável, importunação sexual, artigo 232 do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], porque ele constrangia os adolescentes perante outros atletas, o artigo 243 também do ECA, porque ele fornecia bebida [alcoólica] aos adolescentes, e o artigo 344 [do Código Penal], que é coação no curso do processo, porque ele passou a coagir as testemunhas para que não viessem prestar esclarecimentos nesta delegacia”.

André Testa foi juiz de linha nas Olimpíadas do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução

Segundo Goto, o suspeito chegou a se passar por delegado, ao simular um depoimento com um dos atletas, para garantir que ele negasse que os abusos ocorreram.

"O suspeito passou a coagir as testemunhas. Inclusive, com uma testemunha, chegou a simular uma situação onde ele seria delegado e passaria a fazer as perguntas. A testemunha deveria responder negando os abusos", diz.

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As denúncias foram feitas por jovens que jogavam na Associação Desportiva e Cultural Terra Firme. As vítimas relataram que o treinador os manipulava a ponto de não compreenderem que ocorriam crimes contra elas (assista abaixo).

"Ele ganha muito a confiança e acabou abusando de mim. Eu era virgem na época. Foi a minha primeira vez", relatou uma das vítimas.

Vítimas denunciam treinador de vôlei por estupro em SC

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A primeira denúncia ocorreu em maio deste ano. Segundo as investigações, o abuso ocorreu em 2017 quando a vítima ainda era menor de idade. Depois, mais três atletas registram um boletim de ocorrência contra André. O crime mais recente teria ocorrido em abril, informou a polícia.

"Ele tinha o mesmo modus operandi. Ganhava confiança, saía para restaurantes e bares, fornecia bebidas alcoólicas para adolescentes e, posteriormente, abusava sexualmente dos mesmos", declara a delegada.

A polícia informou que a investigação continua e que podem existir outras vítimas, não só entre atletas, mas de outros ambientes por onde o suspeito circulava.

"Já foram identificadas novas testemunhas e acredito que, com a prisão do autor, outras vítimas possam se encorajar e comparecer à delegacia de polícia para relatar os abusos sexuais", relata.

O que diz a defesa

Os advogados Leandro Henrique Martendal e Marlon Charles Bertol, que atuam na defesa de André Testa, se manifestaram por meio de nota. Confira abaixo.

"A prisão preventiva de André Wilson Testa é inoportuna, desnecessária e ilegal. A polícia apenas apresentou ilações e conjecturas e, com isso, não comprovou a imprescindibilidade da prisão preventiva, assim como não justificou o cabimento de outras medidas cautelares diversas da prisão.

André é inocente e não são procedentes as imputações. Conforme se comprovará no transcorrer do processo, há denuncismo de viés vingativo. Todas as informações colhidas até o presente momento foram produzidas sem que fosse oportunizado o direito ao contraditório."

O que dizem as entidades

A Associação Terra Firme afirmou que não concorda com esse tipo de situação, nenhum tipo de assédio, físico moral ou sexual, e que prontamente afastou o técnico para que as investigações fossem feitas sem qualquer interferência junto aos jogadores.

A Fundação Municipal de Esportes de São José também se manifestou. Por nota, disse que tomou conhecimento da denúncia informalmente em maio e que notificou imediatamente os responsáveis técnicos do projeto de voleibol e o professor foi afastado.

Já a Federação Catarinense de Voleibol não vai se manifestar no momento, pois desconhece os fatos e em nenhum momento recebeu algum tipo de denúncia. E espera que tudo seja esclarecido pelas autoridades competentes na forma da lei.

A Confederação Brasileira de Volêi (CBV) enviou nota dizendo que, diante das denúncias recebidas, a CBV determinou à Federação Catarinense de Voleibol o afastamento imediato do técnico das funções, além de suspender seu registro na entidade, até que os fatos sejam devidamente apurados.

A CBV reitera que repudia qualquer tipo de assédio, e trabalha de forma incessante por um ambiente pautado pela ética e pelo respeito, e livre de qualquer tipo de violência ou preconceito.

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