A passagem do primeiro furacão que atingiu a costa do Atlântico Sul completa 10 anos nesta semana. Uma década mais tarde, ainda é possível perceber os efeitos do fenômeno em paisagens, imóveis e na vida de moradores da região Sul de Santa Catarina, conforme mostrou reportagem do Estúdio Santa Catarina deste domingo (23).
Em 28 de março de 2004, o furacão Catarina deixou mais de 27,5 mil desalojados, quase 36 mil casas danificadas, 518 feridos e 11 mortos. Os prejuízos totalizaram aproximadamente R$ 1 bilhão e 14 municípios decretaram estado de calamidade pública. A força do vento arrancou 115 árvores pela raiz.
Em Passo de Torres, o telhado de uma fábrica de imóveis foi arrancado por ventos de 180 quilômetros por hora e, ainda em 2014, o local continuava destruído. Já em outras cidades, o cenário é outro. Onde há dez anos árvores cobriam estradas, agora o caminho está livre. Telhados levados pela força dos ventos foram recuperados.
(Foto: Reprodução/RBS TV)
Casa virada, árvores arrancadas
Entre os destroços, famílias ficaram perplexas com o tamanho da destruição. Uma casa ficou irreconhecível, virada com o teto para baixo. "Levantou 2 metros de altura, derrubou os postes e caiu no meio da rua. Tinha um mês de uso e a casa já estava virada. Mas conseguimos fazer novo e 10 anos depois ainda está de pé", conta o policial Eduardo Pinheiro.
Em Balneário Gaivota, árvores foram arrancadas pela raiz e atingiram residências. O município de pouco mais de 5 mil habitantes foi 70% destruído pelo vento. "Eu perdi a casa, fiquei só com o terreno. Fiquei dois anos na colônia, mas com o passar do tempo consegui recuperar tudo. Na época foi muito triste", conta o pescador Vinícius Schefer.
casas (Foto: Reprodução/RBS TV)
Avistado dias antes
Dias antes de atingir a costa catarinense, o furacão foi avistado por meio dos modelos de meteorologia no dia 23 de março 2004. Os trabalhos de proteção aos atingidos começaram quando a Defesa Civil estadual foi comunicada sobre a formação do fenômeno.
"Foi quando a gente entrou em contato com uma organização americana, que passou algumas orientações e nós na ânsia de querer saber mais, eles disseram 'os olhos do mundo estão voltados para vocês. Naquele momento foi pavor, porque a gente calculou que 400 mil pessoas estavam dentro da área e a responsabilidade era muito grande", lembra emocionado Márcio Alves, ex-diretor da Defesa Civil Estadual.